Maksym Tarkivskyy é o discreto presidente da associação Ukrainian Refugees (UAPT). Um dirigente associativo low-profile. Não conseguíamos obter nenhuma fotografia dele, até que deu na televisão.
Ele não é refugiado. Vive em Portugal há 20 anos. E ao contrário de outros ucranianos aqui radicados, não foi combater para defender o seu país. É uma opção legítima.
Menos legítimo será a sugestão deixada por este senhor de ilegalizar o PCP. Ele não sabe a História de Portugal nem conhece o papel desempenhado pelo Partido Comunista na luta antifascista durante a ditadura salazarista. Não tem de saber, mas também não tem de sugerir que em Portugal se proíbam partidos políticos.
Citado pela agência LUSA, este dirigente associativo questionou “como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP”. Bom, a resposta é porque, precisamente, somos um país democrático e, por isso, não se proíbem partidos políticos que cumpram a lei.
A agressão militar russa à Ucrânia não pode permitir que os ucranianos que se refugiem em Portugal tentem perseguir portugueses, ou seja quem for, por questões de opinião ou ideologia política. Tentar fomentar uma perseguição a pessoas por “delito” de opinião, pelas suas origens étnicas ou nacionais é, isso sim, uma ilegalidade.
LUTA ENTRE UCRANIANOS
Maksym Tarkivskyy não foi o primeiro ucraniano a questionar a existência do Partido Comunista Português. A embaixadora desse país já o fez e um outro dirigente associativo já convocou manifestações para a porta do Centro de Trabalho Vitória do PCP, na avenida da Liberdade, em Lisboa. É assim que o PCP tem servido de arma de arremesso numa luta interna entre ucranianos, com aproveitamentos evidentes pela direita política portuguesa.
Além da desconfiança que os
ucranianos possam sentir relativamente a cidadãos russos, há uma luta pela
representatividade da comunidade ucraniana
Trata-se da Associação de Ucranianos em Portugal, dirigida por Pavlo Sadokha, que já chegou mesmo a denunciar compatriotas, ao dizer que as outras associações, apesar de reconhecidas pelo Alto Comissariado para as Migrações, não são “reconhecidas pela embaixada da Ucrânia em Portugal” e que têm ligações com “redes internacionais de propaganda e desinformação, nomeadamente a agência Rossotrudnichestvo e a fundação Russki Mir”.
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