quinta-feira, 14 de julho de 2022

Portugal | O PAÍS NÃO PODE NEGLIGENCIAR O SEU POVO

Rosália Amorim* | Diário de Notícias

Todos os anos, no verão, Portugal enfrenta um adversário: o fogo. Um adversário às vidas humanas e aos bens poupados durante uma vida inteira; um adversário aos animais nos pastos e à fauna e flora do território nacional; um adversário à imagem de segurança e de turismo de qualidade que o país tem vindo a construir, mas que, todos os verões, vai por água abaixo.

Os Soldados da Paz são sempre chamados em momentos críticos, dizem sempre "presente" e mobilizam-se para o combate, mas isso não chega. A prevenção tem de ser um desígnio nacional e deveria ser, em si mesma, uma área a lecionar nas escolas. A literacia nesta área é baixa, muito baixa no nosso país. É urgente ensinar aos mais novos como prevenir e evitar comportamentos de risco. Se a um idoso de 70 ou 80 anos pode ser difícil explicar porque não pode fazer uma queimada em determinada época do ano ou em determinada zona, como os seus pais e avós sempre fizeram, aos mais novos será mais fácil fazer entender essa mensagem. A preocupação ambiental das novas gerações pode também contribuir para uma maior consciência de prevenção e de cultura anti-incêndio. Na disciplina de Cidadania, que faz parte dos currículos, deveria incluir-se matérias como esta.

São impressionantes as imagens dos incêndios a que temos assistido nas últimas horas e que revemos aqui nesta edição do Diário de Notícias. Nelas vê-se mais do que chamas e devastação, vê-se um país a ferro e fogo, com dificuldade em vencer um inimigo que ameaça as populações. E como são cada vez mais idosas e, por vezes, com reduzida mobilidade, o desafio torna-se ainda mais difícil e importante. Um país que não consegue defender o seu território, nem protege as suas gentes é um país que negligencia a sua principal missão e compromisso para com o seu povo.

* Diretora do Diário de Notícias

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