quarta-feira, 10 de agosto de 2022

A PREPARAÇÃO E MENTALIZAÇÃO PARA A PRÓXIMA GUERRA NUCLEAR

TRABALHAR AS MENTES

Curto do Expresso para quem aqui pousar o olhar, se agrade e souber ler. É importante saber interpretar e, mesmo assim, ter a perspicácia de desnudar as entrelinhas. Enfim, entre rodriguinhos, afins e censuras ou autocensuras nada é o que parece mas sim o que realmente é. Andamos nesta e o jornalismo também. Os tempos têm vindo a mudar e essa coisa da democracia com que muitos enchem a boca e propalam nunca existiu e agora muito menos. As técnicas são porcas mas subliminares. A mentalização para a próxima guerra nuclear está em curso. A morte e espanto vêm por implantação “democrática e de liberdade ocidental” dos EUA. Importa ficarmos atentos. Não haverá abrigo que salve a humanidade. Medo? Pois, mas é exatamente isso que os impérios usam para dominarem.

Afinal os do jornalismo, como noutras profissões precisam de pagar as contas lá de casa, o que obriga à submissão em muitos aspetos. Não há que levar a mal que nunca botem a boca no trombone apesar de lhes tocar tarefas anti deontológicas que chegam a causar micose aos que se coçam e espumam às escondidas. Eles estão condenados, todos estamos condenados a seguir os lideres, principalmente o líder-mor, os EUA. Aprendam e sigam-no que é para chegarmos globalmente mais depressa ao descalabro, ao suicídio coletivo. Contra isso há algo importante que se pode fazer: desconfiar, desconfiar sempre – só que essa postura dá uma trabalheira dos diabos.

As “verdades” de hoje no prestimoso Expresso do Octogenário Balsemão Bilderberg, a seguir. Sem desprimor. Sigam p’ra bingo. O jogo sujo já começou há muito tempo. Tem barbas muito brancas... - SG | PG

A lição de Miyata sobre a guerra

Raquel Moleiro | Expresso (curto)

Takashi Miyata tinha cinco anos quando a Força Aérea americana largou uma bomba atómica sobre a sua cidade, no Japão, durante a II Guerra Mundial. Ele estava a pouco mais de dois quilómetros do local de impacto, foi projetado contra a porta da entrada de casa, perdeu os sentidos, mas sobreviveu.

Ainda se lembra do bater descontrolado do coração da mãe, nos braços da qual acordou. Teve a sorte que faltou às mais de 70 mil pessoas que perderam a vida no imediato nos escombros de Nagasaki e tantos outros milhares que faleceram nos dias e anos que se seguiram devido à exposição ao plutónio. Os tios morreram carbonizados, o pai sucumbiu a uma leucemia cinco anos depois, ele tem um cancro grave.

Ontem, Takashi compareceu nas cerimónias do 77º aniversário do bombardeamento, o menino agora homem de 82 anos, magro, de cabelo já escasso, com um traje tradicional preto e uns óculos de aros finos colocados no rosto para que não lhe escapasse nenhuma palavra do discurso que foi ali ler. Em nome de todos os hibakusha, os sobreviventes da bomba, subiu ao palanque no Parque da Paz e falou da Ucrânia.

Contou como as sirenes de ataque aéreo lhe recordam o medo que sentiu, como vê nos ataques que chegam pela televisão o mesmo carater “impiedoso e indiscriminado”. E deixou um pedido, sério, às autoridades japonesas: que visitem quem transporta na pele o efeito da radiação, que olhem para eles e os oiçam, e partilhem com o mundo o que aprenderam, para que todos saibam o que acontece quando o poder nuclear entra na guerra. “Por favor visitem Nagasaki. É preciso ver para acreditar. Basta de Nagasaki. Terminem com a violência na Ucrânia”.

O apelo de Takashi surge na semana em que as atenções do conflito ucraniano se centram em redor da segurança de Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa, com seis reatores, feita arma de guerra e campo de batalha.

Atualmente ocupada pelas forças russas, foi alvo de bombardeamentos aéreos recentes, alguns dos quais chegaram muitos perto de áreas com centenas de contentores, alertou ontem o diretor da Energoatom, a empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia. “Aqui está o material mais radioativo de toda a central. Em caso de bombardeamento, pode formar-se uma nuvem e depois o tempo decidirá em que direção vai", explicou Petro Kotin, em entrevista à agência Reuters.

A apenas 700 quilómetros fica a fronteira da Roménia. Levando a sério o aviso, o Ministério da Saúde apelou à população com menos de 40 anos para se abastecer “o mais rapidamente possível” com comprimidos de iodo, por ser a que mais risco corre de desenvolver cancro e alterações na tiroide devido à radiação. Já há 2500 farmácias a disponibilizar o fármaco gratuitamente.

A bomba de Nagasaki tinha 5 quilos de plutónio, Zaporíjia tem 1200 toneladas de material nuclear. Um acidente afetará gravemente não só o sul da Ucrânia, mas também a Rússia. E a Crimeia, península ucraniana anexada por Moscovo em 2014. Também este território entrou agora no curso da guerra. Ontem, o dia ficou marcado por várias explosões perto de uma base militar e de um aeródromo russo na região.

Sem referir diretamente o ataque ou a autoria, no seu habitual discurso noturno à nação, Volodymyr Zelensky disse ontem que a longa guerra da Rússia deve acabar no mesmo sítio que começou: na Crimeia. “É impossível dizer quando isso vai acontecer, mas a Ucrânia está a adicionar os componentes necessários à fórmula para a sua libertação".

A guerra dura há 168 dias. Siga a sua evolução aqui.

OUTRAS NOTÍCIAS

Mais de 1100 bombeiros, apoiados por 356 viaturas, continuam esta manhã a combater as duas frentes do incêndio que teve início no sábado na Covilhã e que já consumiu cerca de 3600 hectares do Parque Natural da Serra da Estrela, nomeadamente na área classificada pela UNESCO como património da humanidade. No concelho de Manteigas vive-se “a situação mais grave", mas as chamas estão a "evoluir favoravelmente" garante a proteção civil. Ontem um helicóptero sofreu um acidente, mas sem vítimas. Perdas naturais poderão ser irreparáveis, alertam especialistas. Seguradoras contam pagar €8 milhões só pelos prejuízos causados pelos incêndios de julho.

Os padres da diocese de Lisboa defendem continuidade de D. Manuel Clemente como Patriarca e expressam a sua solidariedade, no âmbito das notícias que têm vindo a público nas últimas semanas sobre abusos sexuais na Igreja, através de um comunicado do Secretariado Permanente do Conselho Presbiteral. Ontem o Expresso noticiou mais um caso que chegou à comissão independente que investiga as denúncias, por coincidência de um padre da Capital, que terá abusado de um menor e que foi alvo de chantagem dos pais da vítima.

Quase dois terços dos membros do Governo falharam o prazo de entrega de registo de interesses, noticia o Público. Declaração tem que ser submetida à Assembleia da República até 60 dias contados desde a tomada de posse do executivo, ou seja, 30 de Maio. Só 23 membros do executivo o fizeram.

Multiplicam-se as reações à contratação de Sérgio Figueiredo, ex-diretor de informação da TVI, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, para prestar serviços de consultoria com salário equiparado ao de um ministro. O Bloco de Esquerda chama-lhe “pagamento de favores”, o deputado do PSD Duarte Pacheco fala em “promiscuidade”, Carlos Guimarães Pinto da Iniciativa Liberal critica a “gratidão péssima para a democracia”. Chega quer Medina no Parlamento. No Expresso da Manhã, a contratação é o tema da conversa de Paulo Baldaia com José Gomes Ferreira.

Arrancou à meia-noite, em Espanha, o plano de choque de poupança e gestão energética, que ficará em vigor até novembro de 2023. As monstras comerciais perdem a iluminação à noite e os espaços refrigerados não podem ter uma temperatura inferior a 27 graus. No inverno não pode subir acima dos 19. Estão abrangidos por estas medidas edifícios oficiais e das administrações públicas, espaços comerciais, a hotelaria e a restauração, espaços culturais (como cinemas, teatros, museus ou auditórios), estações de comboio, autocarro ou metro e os aeroportos. Portugal terá um plano no fim de agosto, garante o ministério do Ambiente. Leiria antecipou-se e anunciou ontem que vai avançar com a diminuição da intensidade da iluminação pública e desligar a luz em fontes e monumentos municipais.

Poupa-se luz, mas também a água que a seca faz escassear. Diz o IPMA que em Portugal o ano hidrológico de 2021/2022 é o segundo mais seco desde 1931. No mundo, julho foi dos meses mais quentes jamais registados. Nas próximas semanas, Londres começa a restringir práticas de consumo de água da rede de abastecimento, como a rega de jardins ou a lavagem de carros, para enfrentar a seca no país.

Nos EUA, Donald Trump sofre mais um revés. Depois das buscas realizadas pelo FBI na sua residência privada em Mar-o-Lago, na Flórida, alegadamente para recuperar documentação privilegiada que o ex-presidente dos EUA trouxe após a saída da Casa Branca, um tribunal de Columbia autorizou uma comissão da Câmara dos Representantes a aceder às suas declarações fiscais. Esta decisão chega um ano depois de o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA ter ordenado ao político republicano que as entregasse a um procurador que investigava as suas finanças em Nova Iorque.

A UEFA
vai utilizar hoje pela primeira vez a tecnologia semi-automatizada de fora de jogo (SAOT) na Supertaça europeia entre o Real Madrid e o Eintracht Frankfurt, na Finlândia. O sistema permite às equipas de videoárbitro determinar situações de fora-de-jogo de forma mais rápida graças a câmaras que rastreiam 29 pontos corporais diferentes por jogador. A partida entre os espanhóis, detentores da Liga dos Campeões, e os alemães, que venceram a Liga Europa da última época, está marcada para as 20h, no Estádio Nacional de Helsínquia. O português Tiago Martins será um dos assistentes do VAR.

Por cá, o Vitória de Guimarães recebe em casa, esta quarta-feira, o Hajduk Split, da Croácia, para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa. Mais de uma centena de adeptos do clube croata envolveram-se ontem em confrontos e desacatos no centro histórico da cidade. É uma das claques mais temidas na Europa. A PSP identificou 154 elementos por arremesso de cadeiras e tochas.

FRASES

“É natural que uma pessoa que tem mais melanina na pele, portanto mais habituada a climas em que o sol tem uma incidência mais forte, tem mais capacidade, obviamente, de persistência a essas temperaturas do que um habitante, por exemplo, do norte da Europa”.
Manuel Gomes Samuel, chefe da missão da embaixada portuguesa em Doha, a defender numa reportagem da SIC sobre o Mundial do Catar que trabalhadores com pele mais escura estão mais aptos a trabalhar sob temperaturas que chegam a ultrapassar os 40º C. MNE não se revê nas declarações.

“Xi Jinping está a tentar isolar Taiwan. Não seremos cúmplices do seu isolamento de Taiwan. Ele está numa situação frágil, tem problemas com a sua economia. Está agir como um tirano assustado"
Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, sobre a reação do presidente chinês à sua visita a Taiwan, em entrevista à NBC.

“Acreditem, nunca quis escolher entre o ténis e a família. Não acho que seja justo. Se eu fosse homem, não estaria a escrever isto porque poderia estar a jogar enquanto a minha mulher estaria a expandir a família”
Serena Williams, tenista, numa carta publicada na revista Vogue, onde anuncia que as próximas semanas serão as últimas da sua carreira profissional.

O QUE ANDO A LER

Coisas de loucos, de Catarina Gomes

Li-o de um trago quase até ao fim, dois dias ou pouco mais, e agora ando numa lentidão infeliz para evitar que acabe. É daqueles livros que poderia vir em vários volumes, tipo enciclopédia, a garantir a continuidade das histórias que encerra.

A autora era jornalista do jornal Público quando, durante a pesquisa para uma reportagem sobre os doentes que passaram pelo Hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, em Lisboa, já depois do seu encerramento em julho de 2011, encontrou no sótão do edifício principal uma caixa de papelão, coberta de poeira, com objetos deixados para trás.

Pediu autorização para abri-la. Percebeu rapidamente que eram os bens entregues à entrada por quem era internado, as suas posses da vida exterior, e que nunca foram reclamados à saída, porque os seus donos dali não saíram mais.

Alguns estavam identificados, outros não. Mas ela, durante anos, seguiu o rasto a todos. Foi às casas onde nasceram, viveram, trabalharam, às paróquias, registos centrais, torre do tombo, aos cemitérios, descobriu-lhes família viva, parentes mortos. Deu nome às fotografias, propriedade aos objetos.

O bilhete de identidade de 1931, cosido à mão pela Leopoldina, modista, com ponto de chuleio. A caixa de ponteiros de relógio de algibeira - 42 de horas, 273 de minutos, 69 de segundos - do relojoeiro Noé, de Almargem do Bispo. As cartas aborrecidas de Manuel de Avelar Rodrigues, capitão de longo curso. O cartão de estudante da Faculdade de Sciências de Clemente. Ou a caderneta bancária da Caixa Geral de Depósitos, verde pálido, de Ricardo, gerente de um armazém de loiças, faianças e latoaria, perto de Alfama.

Mais do que lhes contar a loucura que os encerrou no Rilhafoles, no manicómio, cada capítulo dá-lhes a vida digna que a doença, e o encerramento psiquiátrico e as 'curas' da altura, lhes tiraram. Cada pormenor descoberto, faz deles pessoas, com famílias, vontades, sonhos, artes. Despe-os das roupas em farrapos com que o hospício os tornava indistinguíveis na miséria, recupera-lhes as vontades e os ímpetos amaciados por choques e lobotomias.

E ao desvendar as histórias, retrata também a evolução da psiquiatria e da doença mental em Portugal. Hoje, cada um destes moradores do Miguel Bombarda teria tido uma vida tão mais sã.

Este Expresso curto fica por aqui. Siga toda a atualidade em Expresso.pt

LER O EXPRESSO

Sem comentários:

Mais lidas da semana