TRABALHAR AS MENTES
Curto do Expresso para quem aqui
pousar o olhar, se agrade e souber ler. É importante saber interpretar e, mesmo
assim, ter a perspicácia de desnudar as entrelinhas. Enfim, entre rodriguinhos,
afins e censuras ou autocensuras nada é o que parece mas sim o que realmente é.
Andamos nesta e o jornalismo também. Os tempos têm vindo a mudar e essa coisa
da democracia com que muitos enchem a boca e propalam nunca existiu e agora
muito menos. As técnicas são porcas mas subliminares. A mentalização para a próxima
guerra nuclear está
Afinal os do jornalismo, como noutras profissões precisam de pagar as contas lá de casa, o que obriga à submissão em muitos aspetos. Não há que levar a mal que nunca botem a boca no trombone apesar de lhes tocar tarefas anti deontológicas que chegam a causar micose aos que se coçam e espumam às escondidas. Eles estão condenados, todos estamos condenados a seguir os lideres, principalmente o líder-mor, os EUA. Aprendam e sigam-no que é para chegarmos globalmente mais depressa ao descalabro, ao suicídio coletivo. Contra isso há algo importante que se pode fazer: desconfiar, desconfiar sempre – só que essa postura dá uma trabalheira dos diabos.
As “verdades” de hoje no prestimoso Expresso do Octogenário Balsemão Bilderberg, a seguir. Sem desprimor. Sigam p’ra bingo. O jogo sujo já começou há muito tempo. Tem barbas muito brancas... - SG | PG
A lição de Miyata sobre a guerra
Raquel Moleiro | Expresso (curto)
Takashi Miyata tinha cinco anos
quando a Força Aérea americana largou uma bomba atómica sobre a sua cidade, no
Japão, durante a II Guerra Mundial. Ele estava a pouco mais de dois quilómetros
do local de impacto, foi projetado contra a porta da entrada de casa, perdeu os
sentidos, mas sobreviveu.
Ainda se lembra do bater descontrolado do coração da mãe, nos braços da qual
acordou. Teve a sorte que faltou às mais de 70 mil pessoas que perderam a
vida no imediato nos escombros de Nagasaki e tantos outros milhares que
faleceram nos dias e anos que se seguiram devido à exposição ao plutónio. Os
tios morreram carbonizados, o pai sucumbiu a uma leucemia cinco anos depois,
ele tem um cancro grave.
Ontem, Takashi compareceu nas cerimónias do 77º aniversário do bombardeamento,
o menino agora homem de 82 anos, magro, de cabelo já escasso, com um traje
tradicional preto e uns óculos de aros finos colocados no rosto para que não
lhe escapasse nenhuma palavra do discurso que foi ali ler. Em nome de todos
os hibakusha, os sobreviventes da bomba, subiu ao palanque no Parque
da Paz e falou da Ucrânia.
Contou como as sirenes de ataque aéreo lhe recordam o medo que sentiu, como vê
nos ataques que chegam pela televisão o mesmo carater “impiedoso e
indiscriminado”. E deixou um pedido, sério, às autoridades japonesas: que
visitem quem transporta na pele o efeito da radiação, que olhem para eles e os
oiçam, e partilhem com o mundo o que aprenderam, para que todos saibam o que
acontece quando o poder nuclear entra na guerra. “Por favor visitem
Nagasaki. É preciso ver para acreditar. Basta de Nagasaki. Terminem com a
violência na Ucrânia”.
O apelo de Takashi surge na semana em que as atenções do conflito ucraniano se
centram em redor da segurança de Zaporíjia, a maior central nuclear da
Europa, com seis reatores, feita arma de guerra e campo de batalha.
Atualmente ocupada pelas forças russas, foi alvo de bombardeamentos aéreos
recentes, alguns dos quais chegaram muitos perto de áreas com centenas de
contentores, alertou ontem o diretor da Energoatom, a empresa estatal de
energia nuclear da Ucrânia. “Aqui está o material mais radioativo de toda a
central. Em caso de bombardeamento, pode formar-se uma nuvem e depois o
tempo decidirá em que direção vai", explicou Petro Kotin, em entrevista à
agência Reuters.
A apenas
A bomba de Nagasaki tinha 5 quilos de plutónio, Zaporíjia tem 1200 toneladas de
material nuclear. Um acidente afetará gravemente não só o sul da Ucrânia,
mas também a Rússia. E a Crimeia, península ucraniana anexada por Moscovo em
2014. Também este território entrou agora no curso da guerra. Ontem, o dia
ficou marcado por várias explosões perto de uma base militar e de um aeródromo
russo na região.
Sem referir diretamente o ataque ou a autoria, no seu habitual discurso noturno à nação, Volodymyr Zelensky disse
ontem que a longa guerra da Rússia deve acabar no mesmo sítio que começou: na
Crimeia. “É impossível dizer quando isso vai acontecer, mas a Ucrânia está a
adicionar os componentes necessários à fórmula para a sua libertação".
A guerra dura há 168 dias. Siga a sua evolução aqui.
OUTRAS NOTÍCIAS
Mais de 1100 bombeiros, apoiados por 356 viaturas, continuam esta manhã a combater as duas frentes
do incêndio que teve início no sábado na Covilhã e que já consumiu
cerca de
Os padres da diocese de Lisboa defendem continuidade
de D. Manuel Clemente como Patriarca e expressam a sua solidariedade, no
âmbito das notícias que têm vindo a público nas últimas semanas sobre abusos
sexuais na Igreja, através de um comunicado do Secretariado Permanente do
Conselho Presbiteral. Ontem o Expresso noticiou mais um caso que chegou à comissão
independente que investiga as denúncias, por coincidência de um padre da
Capital, que terá abusado de um menor e que foi alvo de chantagem dos
pais da vítima.
Quase dois terços dos membros do Governo falharam o prazo de entrega de
registo de interesses, noticia o Público. Declaração tem que ser submetida à Assembleia da
República até 60 dias contados desde a tomada de posse do executivo, ou seja,
30 de Maio. Só 23 membros do executivo o fizeram.
Multiplicam-se as reações à contratação de Sérgio Figueiredo,
ex-diretor de informação da TVI, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina,
para prestar serviços de consultoria com salário equiparado ao de um ministro.
O Bloco de Esquerda chama-lhe “pagamento de favores”, o deputado do PSD Duarte
Pacheco fala em “promiscuidade”, Carlos Guimarães Pinto da Iniciativa Liberal
critica a “gratidão péssima para a democracia”. Chega quer Medina no Parlamento. No Expresso da Manhã, a contratação é o tema da conversa de
Paulo Baldaia com José Gomes Ferreira.
Arrancou à meia-noite, em Espanha, o plano de choque de poupança e gestão
energética, que ficará em vigor até novembro de 2023. As monstras comerciais
perdem a iluminação à noite e os espaços refrigerados não podem ter uma
temperatura inferior a 27 graus. No inverno não pode subir acima dos 19. Estão
abrangidos por estas medidas edifícios oficiais e das administrações públicas,
espaços comerciais, a hotelaria e a restauração, espaços culturais (como cinemas,
teatros, museus ou auditórios), estações de comboio, autocarro ou metro e os
aeroportos. Portugal terá um plano no fim de agosto, garante o ministério do Ambiente. Leiria
antecipou-se e anunciou ontem que vai avançar com a diminuição da
intensidade da iluminação pública e desligar a luz em fontes e monumentos
municipais.
Poupa-se luz, mas também a água que a seca faz escassear. Diz o IPMA que
em Portugal o ano hidrológico de 2021/2022 é o segundo mais seco desde 1931. No mundo, julho foi dos meses mais quentes jamais registados. Nas
próximas semanas, Londres começa a restringir práticas de consumo de água da rede de
abastecimento, como a rega de jardins ou a lavagem de carros, para enfrentar a
seca no país.
Nos EUA, Donald Trump sofre mais um revés. Depois das buscas realizadas
pelo FBI na sua residência privada em Mar-o-Lago, na Flórida, alegadamente para
recuperar documentação privilegiada que o ex-presidente dos EUA trouxe após a
saída da Casa Branca, um tribunal de Columbia autorizou uma comissão da Câmara
dos Representantes a aceder às suas declarações fiscais. Esta decisão chega um
ano depois de o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA ter ordenado ao político
republicano que as entregasse a um procurador que investigava as suas finanças
A UEFA
Por cá, o Vitória de Guimarães recebe em casa, esta quarta-feira, o
Hajduk Split, da Croácia, para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da
Liga Conferência Europa. Mais de uma centena de adeptos do clube croata envolveram-se
ontem em confrontos e desacatos no centro histórico da cidade. É uma das
claques mais temidas na Europa. A PSP identificou 154 elementos por arremesso
de cadeiras e tochas.
FRASES
“É natural que uma pessoa que tem mais melanina na pele, portanto mais
habituada a climas em que o sol tem uma incidência mais forte, tem mais
capacidade, obviamente, de persistência a essas temperaturas do que um
habitante, por exemplo, do norte da Europa”.
Manuel Gomes Samuel, chefe da missão da embaixada portuguesa em Doha, a defender
numa reportagem da SIC sobre o Mundial do Catar que trabalhadores com pele mais
escura estão mais aptos a trabalhar sob temperaturas que chegam a ultrapassar
os 40º C. MNE não se revê nas declarações.
“Xi Jinping está a tentar isolar Taiwan. Não seremos cúmplices do seu
isolamento de Taiwan. Ele está numa situação frágil, tem problemas com a sua
economia. Está agir como um tirano assustado"
Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes do Congresso
norte-americano, sobre a reação do presidente chinês à sua visita a Taiwan,
em entrevista à NBC.
“Acreditem, nunca quis escolher entre o ténis e a família. Não acho que seja
justo. Se eu fosse homem, não estaria a escrever isto porque poderia estar a
jogar enquanto a minha mulher estaria a expandir a família”
Serena Williams, tenista, numa carta publicada na revista Vogue, onde
anuncia que as próximas semanas serão as últimas da sua carreira profissional.
O QUE ANDO A LER
Coisas de loucos, de Catarina Gomes
Li-o de um trago quase até ao fim, dois dias ou pouco mais, e agora ando numa
lentidão infeliz para evitar que acabe. É daqueles livros que poderia vir em
vários volumes, tipo enciclopédia, a garantir a continuidade das histórias que
encerra.
A autora era jornalista do jornal Público quando, durante a pesquisa para uma
reportagem sobre os doentes que passaram pelo Hospital psiquiátrico Miguel
Bombarda, em Lisboa, já depois do seu encerramento em julho de 2011, encontrou
no sótão do edifício principal uma caixa de papelão, coberta de poeira, com
objetos deixados para trás.
Pediu autorização para abri-la. Percebeu rapidamente que eram os bens entregues
à entrada por quem era internado, as suas posses da vida exterior, e que nunca
foram reclamados à saída, porque os seus donos dali não saíram mais.
Alguns estavam identificados, outros não. Mas ela, durante anos, seguiu o rasto
a todos. Foi às casas onde nasceram, viveram, trabalharam, às paróquias, registos
centrais, torre do tombo, aos cemitérios, descobriu-lhes família viva, parentes
mortos. Deu nome às fotografias, propriedade aos objetos.
O bilhete de identidade de 1931, cosido à mão pela Leopoldina, modista, com
ponto de chuleio. A caixa de ponteiros de relógio de algibeira - 42 de horas,
273 de minutos, 69 de segundos - do relojoeiro Noé, de Almargem do Bispo. As
cartas aborrecidas de Manuel de Avelar Rodrigues, capitão de longo curso. O
cartão de estudante da Faculdade de Sciências de Clemente. Ou a caderneta
bancária da Caixa Geral de Depósitos, verde pálido, de Ricardo, gerente de um
armazém de loiças, faianças e latoaria, perto de Alfama.
Mais do que lhes contar a loucura que os encerrou no Rilhafoles, no manicómio,
cada capítulo dá-lhes a vida digna que a doença, e o encerramento psiquiátrico
e as 'curas' da altura, lhes tiraram. Cada pormenor descoberto, faz deles
pessoas, com famílias, vontades, sonhos, artes. Despe-os das roupas em farrapos
com que o hospício os tornava indistinguíveis na miséria, recupera-lhes as
vontades e os ímpetos amaciados por choques e lobotomias.
E ao desvendar as histórias, retrata também a evolução da psiquiatria e da
doença mental
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