domingo, 23 de outubro de 2022

ENERGIA A TODO O GÁS E FALSAS AMIZADES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Península Ibérica não tem energia. Tinha umas minas de carvão que ficaram exauridas. Agora os povos peninsulares só produzem gás sulfídrico (peidos) e arrotam postas de pescada. Num momento em que a União Europeia está sem energia, António Costa e Pedro Sánchez vão fazer um corredor ibérico para levar a energia, através dos Pirinéus, para o resto da Europa. O Emanuel Macron entra com as montanhas e os outros dois, com os gases. Peido de português ou espanhol é de altíssima qualidade energética.

A direcção da União Europeia esteve reunida vários dias com os chefes de governo do cartel e foi tomada uma decisão histórica. Impuseram um tecto máximo ao preço do gás e do petróleo. É preciso tê-los no sítio. 

A rainha da Noruega lembrou timidamente que a Europa ocidental não tem gás, não tem petróleo não tem sol, não tem nada que dê energia. Então não podem ser eles a impor o preço da mercadoria que faz mover fábricas e aquecer casas no Inverno duro. A desgraçada foi logo excomungada pelo bispo Belmiro Chissengueti, a pedido dos bispos da União Europeia. Toma lá!

A União Europeia também decidiu mandar para a Ucrânia mais 18 mil milhões de euros. Um sinal. Porque há muito mais para os mísseis da Federação Russa torrarem. Querem armas? Tomem lá armas. 

A maior parte das remessas de armas vai logo direitinha para o mercado negro. Outra parte fica fora de combate nos bombardeamentos. E a pequena parte que chega ao destino não tem quem as use. Sim. A Ucrânia já não tem tropas. Já não tem Marinha. Já não tem Força Aérea. Apenas ruínas e milhares de pessoas em sofrimento extremo. Porque a guerra é coisa boa nos salões da União Europeia, do Reino Unido ou dos EUA. Mas ucranianas e ucranianos que levam com as bombas em cima, sofrem tanto que provavelmente a morte é o menor dos males.

A propaganda ocidental garante que a Federação Russa está a perder a guerra. Já não tem armas e munições. Se não fosse o Irão, coitadinhos dos russos, nem uma fisga tinham para atacar o Zelensky. 

A propaganda serve para iludir os povos da União Europeia, do Reino Unido e dos EUA. Pagam os combustíveis ao preço do ouro ou dos diamantes. Pagam a comida 50 vezes mais do que pagavam antes da declaração de guerra da OTAN (ou NATO), União Europeia, Reino Unido e EUA à Federação Russa. Mas vivem na ilusão de que mais uns dias e Putin é derrubado, o país desmorona-se como se desmoronou a União Soviética e passam todas a gastar gás e petróleo roubados aos russos.

Chefes de governo, diplomatas e jornalistas dizem que a guerra na Ucrânia dura há oito meses! Todos sabem que rebentou em 2014, quando os nazis, através de um golpe de estado, tomaram o poder na Ucrânia. Começou então a guerra contra as repúblicas independentistas do Leste. Relatórios da ONU, ao longo dos oito anos, denunciam que os nazis de Kiev fizeram autênticas limpezas étnicas. Mais de 37.000 mortos civis. Mais de um milhão de deslocados e refugiados. 

A Federação Russa começou há oito meses uma “operação especial” para acabar com a mortandade. Para travar o avanço da NATO (ou OTAN) até às suas fronteiras. Para impedir as limpezas étnicas. Só não sabe quem não quer, mas russos e russófonos na Ucrânia estavam a ser perseguidos desde o triunfo dos nazis no golpe de estado de 2014. 

Hoje a “operação especial” já tem outros objectivos. Só não vê quem não quer. Isto só vai acabar com a capitulação de Zelensky e sua quadrilha de nazis. E quando capitular, a União Europeia pode estar em tão mau estado como a Ucrânia. Os dirigentes do cartel podem ter o mesmo futuro político dos actuais governantes da Ucrânia. Lixo.

A ofensiva dos EUA e da União Europeia contra o Irão, a Federação Russa e a República Popular da China é uma espécie de suicídio colectivo das potências ocidentais. Dirigentes políticos sem categoria comportam-se como vulgares vigaristas. Ratoneiros baratos. Traficantes de bairro social. Militares de altas patentes brincam às guerras como os miúdos nos jogos da internet. Serviços secretos nada secretos espalham aldrabices pelos Media avençados. Jornalistas sem ofício nem oficina comportam-se como bufos desvairados. Chancelam falsidades e mentiras abusando da boa-fé dos consumidores. 

A capitulação dos nazis da Ucrânia vai até Bruxelas, Londres, Lisboa, Madrid e sabe-se lá onde mais. A Washington também pode chegar. Pela primeira vez, os que vivem à custa das guerras podem ter de pagar. O melhor era que ninguém se metesse em guerras. Que ninguém capitulasse. Que ninguém tivesse de pagar o baixo nível dos políticos. Mas o que vem aí é mesmo um tempo de guerra e sem sol. E como sempre nestas coisas, não há vencedores.

Angola soube, até agora, estar fora destes jogos bélicos dos senhores de Washington. Subitamente, Luanda alinhou com o banditismo político e votou contra a Federação Russa na ONU. Alinha com aqueles que entre 1975 e 2002, tudo fizeram para destruir o nosso país. Oficiais e operacionais da CIA combateram em Angola contra a Independência Nacional. Na guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial Washington, por ordem do presidente Reagan, mandou os mísseis Stinger para os racistas de Pretória. Essa arma terrível matou muitos combatentes angolanos.

Tão inimigos que nós éramos! Agora o nosso papel é de submissos. Submetidos aos amos de Washington. Às ordens do estado terrorista mais perigoso do mundo. Mudam-se os tempos, mudam-se os à-vontades. Como vamos de vergonha? Já acabou!

*Jornalista

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