quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Portugueses consideram os apoios propagandeados mais mentiras e ilusionismos

O retrato da crise económica cumpre o que sempre cumpriu no chavão “os pobres, o povo, que pague a crise Os mais ricos é que ganham com a crise, com a inflação, com a fome que nos espreita, com o aumento de sem-abrigo e, obviamente, da pobreza. O governo de Costa mascara decisões notoriamente trafulhas chamando-lhes “apoios”. Mentira. 

As benesses de facto destinam-se aos ricos que ficam ainda mais ricos e aos que se aproveitam do argumento inflação para aumentar produtos e serviços básicos livremente e sem controlo. No Curto há referências que ao de leve nos mostram verdades atrás afirmadas com razão por tantos… Portugal tem por governo trapaceiros que com toda a desumanidade astutamente faltam à verdade e trapaceiam as populações mais vulneráveis. Apoios? Mais mentiras e ilusionismos, ao estilo do funesto governo PSD-CDS de Passos Coelho-Portas. Estamos fartos disso!

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Apoios paliativos

Joana Pereira Bastos | Expresso (curto)

Bom dia,

Para cada vez mais famílias, uma simples ida ao supermercado transformou-se num penoso exercício financeiro que obriga a fazer contas à vida. Com a brutal escalada de preços, os portugueses já estão há vários meses a cortar no que levam para casa, deixando nas prateleiras tudo o que não é imprescindível. Mas até os bens essenciais estão a atingir preços proibitivos. Globalmente, a inflação atingiu no mês passado o valor mais alto dos últimos 30 anos.

O agravamento do custo de vida atinge todos os portugueses, mas as suas consequências são muito desiguais, frisa o Banco de Portugal. E são particularmente severas para as famílias mais pobres, que já gastam com a alimentação mais de um quinto do seu rendimento. À pesada conta do supermercado, acrescem as prestações da casa, que estão a disparar, o preço da eletricidade, que voltará a aumentar em janeiro, a fatura do gás, que também deverá subir, ou o custo dos transportes, cada vez mais caros.

Com o peso da inflação, quem ganha o salário mínimo de 705 euros por mês vê agora o rendimento encolhido para €639, pouco acima do limiar da pobreza e demasiado escasso para garantir as despesas básicas. E o cenário é ainda mais duro para quem recebe uma pensão mínima de velhice e invalidez, que vê o poder de compra cair para os €252 mensais.

Para ajudar a aliviar as contas, começam agora a chegar às famílias os prometidos apoios do Governo. Quase meio milhão de reformados da Administração Pública recebem hoje o suplemento extraordinário que acrescenta 50% ao valor da pensão pago este mês, tal como já aconteceu na semana passada com mais de dois milhões de pensionistas da Segurança Social.

A partir de amanhã, começará também a ser pago o apoio de 125 euros – a que acrescem €50 por cada dependente a cargo – a todos os trabalhadores com rendimentos até 2700 euros brutos por mês, beneficiários de prestações sociais, como o subsídio de desemprego ou doença, e crianças e jovens até aos 24 anos. No total, a ajuda chegará a cerca de 5,8 milhões de pessoas.

Apontado pelo ministro das Finanças como "a medida mais importante do programa do Governo” para mitigar o impacto da inflação, o cheque de 125 euros será dado uma única vez. Pode ajudar a amenizar as contas do mês, mas é apenas um paliativo. Pouco mais do que um leve analgésico para uma doença grave.

OUTRAS NOTÍCIAS

“Rio atmosférico”. Porto e Braga estão hoje sob aviso vermelho e outros cinco distritos com alerta laranja devido à chuva forte, acompanhada de trovoada e de vento com rajadas intensas. O mau tempo, que será caracterizado por vários períodos de “precipitação persistente”, vai gradualmente estender-se a todo o país e prolongar-se até ao final da semana devido à chegada de “massas de ar tropical com elevado conteúdo em vapor de água”, um fenómeno conhecido como “rio atmosférico” e que pode causar cheias e inundações. Só esta noite já foram registadas 83 ocorrências. No podcast Expresso da Manhã, ouça o que podemos esperar dos próximos dias, com este “rio prestes a desaguar na nossa cabeça”.

Incompatibilidades. Pedro Nuno Santos é ouvido hoje no Parlamento sobre os contratos que a empresa do pai, na qual o próprio ministro tem uma participação de 1%, celebrou com o Estado, por ajuste direto, nos últimos anos. Sexta-feira, os casos de alegadas incompatibilidades e conflitos de interesses, que têm atingido vários ministros, voltarão à agenda, com discussão marcada em plenário.

Eutanásia. A votação na especialidade da legalização da morte medicamente assistida está marcada para esta tarde na Assembleia da República, mas deverá ser adiada na sequência de um pedido do Chega. Na anterior legislatura, houve um consenso alargado no Parlamento para a aprovação da eutanásia, com base em projetos-lei apresentados pelo PS, Bloco de Esquerda, PAN e Iniciativa Liberal, mas o decreto acabou por ser alvo de dois vetos do Presidente.

Incêndios. As chamas consumiram este ano cerca de 110 mil hectares de floresta, mais do triplo do ano passado e o valor mais alto desde 2017, ano fatídico dos incêndios de 17 de junho, em Pedrógão Grande, e 15 de outubro, na região Centro. Este ano, o fogo que lavrou em agosto na Serra da Estrela foi o mais devastador, com quase 25 mil hectares de área ardida.

Taça de Portugal. O FC Porto vai a Mafra e o Benfica ao Estoril. Assim ditou o sorteio da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, que ficou conhecido ontem. Na ronda anterior, oito equipas da 1.ª divisão, entre as quais o Sporting, foram eliminadas por clubes de escalões secundários, algo inédito na história da competição.

A invasão das moscas. Provavelmente já reparou que estes insetos particularmente chatos estão mais presentes do que era habitual nesta época do ano. A culpa é das temperaturas invulgarmente altas que se prolongaram para lá do verão, criando as condições ideais para as moscas continuarem a reproduzir-se. No caso de Lisboa, o aumento do lixo e da sujidade nas ruas também não está a ajudar.

Lá fora

Nova barbárie no Irão. Enquanto se mantêm os protestos nas ruas do Irão pela morte de Mahsa Amini, a jovem curda de 22 anos que foi espancada em setembro por usar o véu islâmico de forma "indevida" e acabou por morrer no hospital, há notícias de outra rapariga que terá sido morta às mãos das autoridades. Asra Panahi, de 16 anos, foi violentamente agredida por se recusar a cantar um hino de apoio ao regime. A sua morte motivou este fim de semana vários protestos organizados por estudantes, aumentando a tensão que tem vindo a crescer nas últimas semanas, com manifestações diárias reprimidas com grande violência.

Ucrânia às escuras. 30% das centrais elétricas da Ucrânia foram destruídas por ataques russos na última semana, deixando centenas de milhares de pessoas sem luz. Os ataques com mísseis continuaram esta noite, comprometendo igualmente o abastecimento de água. O Presidente ucraniano acusa Putin de querer “levar o país ao frio e à escuridão e tornar as negociações de paz impossíveis" e já pediu ajuda internacional para restaurar as infraestruturas e combater o “terrorismo energético”.

França a ferro e fogo. Uma onda de greves em vários sectores, dos combustíveis às escolas, passando pelos transportes e pela energia, deixou França paralisada ontem. O movimento, convocado pelos principais sindicatos do país em protesto contra a inflação e a perda de poder de compra, começou nas refinarias, que já estão na terceira semana consecutiva de greve, provocando a falta de combustível em várias cidades. Com a tensão social a crescer, teme-se o regresso dos coletes amarelos e o surgimento de novos episódios de violência.

Suécia contra imigrantes. O conservador Ulf Kristersson é o novo primeiro-ministro sueco, eleito por maioria absoluta no Parlamento, graças ao voto da extrema-direita. O Governo será formado pelos três partidos de direita, contando com o apoio parlamentar dos Democratas da Suécia, partido nacionalista com raízes neonazis. O novo Executivo promete dificultar a entrada de estrangeiros no país, restringir os processos de asilo e aumentar as expulsões forçadas de imigrantes.

FRASES

“Queria matar e esfaquear pessoas, mas fui adiando. Acho que não tinha coragem”,

João Real, jovem de 19 anos que está a ser julgado por crimes de terrorismo, depois de ter sido detido pela PJ em fevereiro, quando estava alegadamente a planear um atentado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

“Não vale a pena estarem a fazer filmes”,

Luís Montenegro, líder do PSD, questionado sobre a sua vontade de ver Passos Coelho a exercer novamente um cargo público

PODCASTS A NÃO PERDER

O conceito de “falta continuada” no Benfica e a 18.º lei do futebol no jogo do FC Porto: o bom-senso Após um fim de semana de Taça de Portugal, falamos da ausência do VAR por motivos logísticos, onde começam e acabam as faltas e também do bloqueio ilegal na área (muito difícil de ver) que existiu no golo do Varzim que eliminou o Sporting. Tudo isto no podcast A culpa é do árbitro

A grande reunião do regime chinês em tempos de incerteza Com o Partido Comunista da China reunido em Congresso, há sinais preocupantes para o regime. As dúvidas e inquietações são grandes a nível interno e externo. Para ouvir no podcast O Mundo a Seus Pés

A vida dos pobres (não) é um mistério Padre Lino Maia, presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social, é o convidado de Paulo Baldaia neste episódio do podcast diário Expresso da Manhã

O QUE ANDO A LER

A Lição de Anatomia, de Philip Roth (D. Quixote)

Uma permanente e misteriosa dor no pescoço, nos braços e nos ombros toma conta do escritor Nathan Zuckerman, o neurótico, cínico e divertido alter-ego do prestigiado romancista norte-americano desaparecido em 2018. Sem explicação clínica, a dor não o deixa “percorrer mais do que alguns quarteirões ou sequer estar muito tempo de pé no mesmo sítio” e torna insuportável qualquer atividade quotidiana, como cozinhar, fazer a cama ou simplesmente abrir uma janela.

Refém do tormento físico, Zuckerman, que atravessa uma crise de inspiração e já não publica um livro há quatro anos, não consegue escrever uma linha. Aos poucos, a sua vida torna-se cada vez mais pequena. Acorda e adormece a pensar no pescoço. Pelo meio, arrasta-se de consulta para consulta, de múltiplas especialidades, afoga-se em álcool, marijuana e comprimidos e ocupa os dias com as mulheres que, alternadamente, o ajudam nas tarefas domésticas, lhe fazem companhia e o satisfazem sexualmente.

“Quando está doente, todo o homem quer a mãe; se ela não está por perto, outras mulheres têm de a substituir. No caso de Zuckerman eram quatro outras mulheres. Nunca tivera tantas mulheres ao mesmo tempo, nem tantos médicos, nem bebera tanta vodca, nem trabalhara tão pouco, nem conhecera o desespero em tão violentas proporções”. Assim começa “A Lição de Anatomia”, uma obra em torno da dor, do fracasso e da solidão que Philip Roth transforma numa comédia desconcertante e genial.

Por hoje é tudo. Continue a acompanhar a atualidade em expresso.pt e tenha uma ótima quarta-feira, bem abrigado da chuva.

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