“CÍRCULO 4F” – APONTAMENTO TRÊS SOBRE A
PEDAGOGIA, O HUMANISMO E A HISTÓRIA QUE URGE SABER BALANCEAR!
Martinho Júnior, Luanda
Em Angola o 4 de fevereiro de
1961 em nada se identifica com uma “revolução colorida” ou uma “primavera árabe”
frutos de artificiosos processos do “hegemon” unipolar desde os idos anos de 90
do século passado!
Os patriotas angolanos que
compuseram o Processo 50, os “indígenas” corajosos que irromperam contra o
colonialismo de catana na mão a 4 de Fevereiro de 1961, dando o exemplo
inspirador do corpo ao manifesto e a vanguarda em que um dia se assumiu o MPLA
em torno do Presidente António Agostinho Neto, são substantivos sinónimos de
legitimidade revolucionária num continente pasto da bárbara orgia colonial e
neocolonial que leva séculos até se dissipar!
As “revoluções coloridas” e as “primaveras
árabes” são apenas contrarrevolução no seu pior estilo alienante, o estilo que
comporta o alinhamento vassalo de elites por via de processos dominantes duma
hegemonia unipolar aproveitadora de toda essa devassa colonial e neocolonial, a
ponto de dar continuidade à cultura retrógrada de arregimentar
etno-nacionalismos e/ou fundamentalismos religiosos que são inspiração sua,
desde os tempos em que as potências coloniais já nem forças próprias tinham
para levar a cabo a “sua missão civilizadora”, nem forças tinham para manter
seus pérfidos impérios africanos produtos da mais bárbara das conferências, a
Conferência de Berlim!...
Para alimentar a fábula, tiveram
de recorrer à “africanização da guerra” e essa foi a sua derradeira expressão,
muito mais perigosa contudo nas suas sequelas!...
Etno-nacionalismos como o da
UNITA são de fácil osmose na preparação de mais uma “revolução colorida”, desta
feita no Trópico de Capricórnio, por via de arruaças, ou de gestos
inconstitucionais, ou desrespeitosos de democracia, gestos de faca na boca, ou
duma declaração de fraude eleitoral em Angola em tempo julgado oportuno!…
Todavia essa eleição serve também
para que o MPLA não seja uma mera fluência de clãs, ou dum etno-nacionalismo
quimbundo, conforme um dia em desespero de causa tentou levar a cabo o
colonial-fascismo português, a ponto de ter havido o fermento fraccionista
desde as prisões coloniais e da asfixia da Iª Região Política Militar, com o
aproveitamento duma propaganda continua estimulada a partir de Lisboa, de tal
ordem que tem algum eco em Angola por parte daqueles que têm sido sempre o
problema e têm dado provas que jamais pretendem fazer parte da solução
progressista que hoje ainda mais se impõe!
Os fenómenos inerentes ao
fraccionismo do 27 de Maio de 1977 (que abrangem substractos humanos muito mais
alargados dos que levaram a cabo a tentativa do golpe em si), estão hoje
oportunisticamente presentes: ou os militantes do MPLA conseguem manter acesa a
chama da vanguarda (e para isso há todo o Programa Maior a cumprir numa longa
luta contra o subdesenvolvimento), ou estão a conduzir-se para o pântano de
mais um etno-nacionalismo incapaz de identidade nacional e incapaz de
mobilização colectiva de todos os patriotas angolanos e não mais de mercenários
a cavalo numa terapia neoliberal que chegou ao nível dos mais pesados modelos
de corrupção!…