sábado, 29 de outubro de 2022

SEMICONDUTORES: A NOVA GUERRA GLOBAL

Eles estão presentes em tudo: da Inteligência Artificial aos eletrodomésticos. Sua escassez obstrui as cadeias produtivas. Para controlar sua tecnologia, EUA, China e outros países mergulharam em corrida que poderá definir sentidos do século XXI

Evgeny Morozov*, no Le Monde Diplomatique, edição anglófona | em Outras Palavras | Tradução: Vitor Costa

A vida humana contemporânea depende muito de semicondutores, chips muito poderosos e sofisticados encontrados em todos os dispositivos eletrônicos que usamos. Neste século, dominar o projeto, a fabricação e o fornecimento de chips será tão significativo geopoliticamente quanto o petróleo foi no século XX.

#Publicado em português do Brasil

À medida em que a crise avança, a “fome de chips” deste ano – a escassez global de semicondutores que comandam dispositivos eletrônicos, cumputadores, carros e um número cada vez maior de eletrodomésticos – tornou-se um evento estranho, pelo menos geopoliticamente. Em maio, empresas norte-americanas escreveram ao presidente sul-coreano Moon Jae-in, pedindo-lhe que perdoasse o desonrado presidente da Samsung, Lee Jae-yong, atualmente cumprindo uma sentença de 18 meses de prisão por suborno1. Dada a dependência norte-americana de chips, era imperativo que a Samsung continuasse com seu investimento multibilionário planejado em instalações de fabricação destes componentes nos EUA. Com a “soberania de semicondutores” dos EUA em jogo, não houve menção ao Estado de Direito.

A dialética da crise do chip teria encantado os estudiosos da Escola de Frankfurt, mesmo que apenas por expor a burrice interna da sociedade “smart” de hoje. A escassez de chips nos forçou a esperar pelos mais recentes produtos eletrônicos de consumo: sem semicondutores (alguns por apenas US$ 1 por peça), eles não podem funcionar. Carros elétricos, smartphones, geladeiras inteligentes e escovas de dentes desapareceram de repente no buraco negro do capitalismo global, como se uma causa invisível tivesse cancelado o Consumer Electronics Show em Las Vegas.

A crise de hoje não é excepcional. Desta vez, no entanto, ocorreu em meio a uma ansiedade mais ampla sobre a globalização, o declínio da atividade industrial ocidental e a politização de tecnologia avançada, como a Inteligência Artificial, agora um domínio estratégico no impasse EUA/China. Isso explica como uma questão técnica insossa, que dez anos atrás teria pouco impacto fora das indústrias diretamente afetadas, se tornou uma enorme dor de cabeça para os governos.

Tudo tem a ver com a pandemia. Os lockdowns tornaram-se suportáveis graças a um aumento sem precedentes no consumo de serviços digitais, todos exigindo dispositivos, roteadores e servidores dependentes de chips. Também levou os consumidores entediados a comprar eletrodomésticos mais elegantes, aumentando a demanda por multiprocessadores, panelas elétricas de arroz etc.

A pandemia interrompeu (brevemente) as operações nas fábricas de semicondutores. A maioria está na Ásia: Taiwan, Coreia do Sul e China (Wuhan é o lar de um dos principais fabricantes de chips do país, a Yangtze Memory Technologies). Embora a região tenha sido elogiada pelo tratamento inicial da pandemia, a incapacidade de Seul e Taipei de garantir vacinas suficientes resultou em surtos nas fábricas de chips e diminuiu ainda mais a produção.

Angola | O ADORADOR DE SAVIMBI ARREPENDIDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Em Março de 1988 o regime de apartheid da África do Sul era derrotado pelas FAPLA no Triângulo do Tumpo. P W Botha ordenou ao chefe dos serviços secretos, Neil Barnard, para ir buscar Nelson Mandela à Cidade do Cabo. O chefe dos racistas tinha pressa em negociar a transição. Era a única forma de salvar alguma coisa, já que a ocupação ilegal da Namíbia também tinha os dias contados. Daí ao Acordo de Nova Iorque foi um pequeno passo. 

O futuro Presidente da África do Sul contou que já no fim das conversações com Neil Barnard, telefonou a PW Botha no dia do seu aniversário (12 de Janeiro) para lhe dar os parabéns. O chefe do apartheid, para retribuir a amabilidade, convidou-o para tomar chá e serviu-o. “Saí com a impressão de que tinha falado com um chefe de estado criativo, caloroso, que me tratou com todo o respeito e dignidade”, recordou depois Nelson Mandela nas suas memórias.

Nas negociações em Nova Iorque, Angola, Cuba e África do Sul prescindiram das grandes potências e tudo correu bem. Mas ficou um grande problema por resolver. O que fazer aos sicários da UNITA? Porque várias unidades do Galo Negro também foram esmagadas pelas FAPLA no Triângulo do Tumpo. Jonas Savimbi já era tóxico para Paris, Bruxelas, Londres e Washington. A imensa generosidade dos angolanos e do Presidente José Eduardo dos Santos  conduziu ao Acordo de Bicesse.

Naquele ano de 1988, os apoiantes políticos, financiadores e fornecedores de armas à UNITA já sabiam que só um milagre tirava o Galo Negro e Jonas Savimbi do caixote do lixo da História, onde ficavam a fazer companhia ao finado regime de apartheid e seus sequazes. Por isso, recorreram a Fred Bridland para escrever uma “biografia” romanceada e adocicada do criminoso de guerra. 

A obra foi publicada em inglês mas rapidamente traduzida para português e publicada em Portugal pela editora Perspectivas & Realidades, propriedade de João Soares. Cada título do catálogo escorre das suas páginas o sangue dos diamantes roubados pela UNITA ao Povo Angolano.

O livro chama-se “Jonas Savimbi : Uma chave para a África”  e tem 605 páginas. Um verdadeiro calhamaço que balança entre a invenção e o ridículo. O autor esforça-se por apresentar Jonas Savimbi como o asceta da mata, o revolucionário impoluto, o grande lutador contra a presença de russos e cubanos em África. Enfim, o criminoso de guerra, segundo Fred Bridland, era um modelo para o continente africano.

O biógrafo de Jonas Savimbi, arrependidíssimo, por considerar o criminoso de guerra como a “chave de África” publicou agora um novo livro, “A Guerrilha e o Jornalista” onde afirma que o chefe do Galo Negro afinal é um assassino psicopata. Mas que grande cambalhota! A nova obra de Fred Bridland apresenta depoimentos de algumas vítimas do criminoso de guerra, entre as quais Tito Chingunji, que o autor considera “o jovem e brilhante secretário dos Negócios Estrangeiros da UNITA”. E diz mais. Ele aproximou-se do biógrafo “para o ajudar a revelar que Savimbi era na verdade um tirano assassino especialmente psicótico”. 

OGE Angola: Setor social, Saúde e Educação pedem aumentos

Nos próximos dias dará entrada no Parlamento angolano o primeiro Orçamento Geral do Estado do Executivo de João Lourenço, após a sua reeleição em agosto. Do setor social à Saúde e à Educação, todos pedem fatias maiores.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) em execução em Angola comportou para o setor social 36,9% da despesa fiscal primária, que correspondeu a 18,6% da despesa total. Para o ano económico de 2023, a organização não-governamental (ONG) angolana Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) defende uma dotação orçamental na ordem dos 40% para a área social.

"Há quem considere isso uma loucura, mas se entendermos que o setor social atualmente é caracterizado como preocupante, facilmente se poderá compreender a importância de colocar no centro da atenção o setor social", explica o diretor-geral da ONG, Carlos Cabuta.

O atual orçamento não está a contribuir para a redução da pobreza, disse Carlos Cambuta, em declarações à DW África. O responsável da ADRA espera que o próximo orçamento corrija esse défice. "Estamos aqui a falar da pobreza multidimensional, porquanto, em cada dez angolanos, metade vive numa situação de pobreza, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística", lembra. "É uma situação preocupante, porque estamos a falar de pessoas privadas de um conjunto de direitos económicos, sociais e culturais", diz Carlos Cambuta.

A sociedade civil angolana também quer a implementação do poder local em 2023. Por isso, a ADRA entende que o novo OGE deve incluir uma proposta de verba para as primeiras eleições autárquicas no país. Caso contrário, considera Carlos Cambuta, "significa que não haverá eleições autárquicas em 2023 e irá adiar-se mais uma vez a possibilidade que municípios têm para puder pensar sobre o desenvolvimento local".

Sem orçamento "robusto" prevê-se contestação na Saúde

O Sindicato dos Enfermeiros de Luanda quer um "orçamento robusto" para o setor da saúde, para que os problemas de atendimento e falta de medicamentos sejam mitigados no próximo ano. O sindicalista Afonso Quileba diz que a carência de materiais gastáveis continua a ser uma preocupação nas unidades sanitárias.

"Pelo menos, se o orçamento chegar a 85% ou mesmo 90%, vai permitir que as unidades sanitárias, seja do nível primário ou terciário, possam funcionar", considera. "Nesta altura, o Hospital Geral dos Cajueiros e o Hospital Geral de Luanda, por exemplo, estão com orçamentos reduzidos. Razão pelo qual o Hospital Geral de Luanda recentemente teve uma greve, porque as condições de trabalho não são dignas para o atendimento da população", lembra ainda Afonso Quileba.

O orçamento aprovado para a saúde não é compatível com a situação real dos hospitais, diz Quileba, que prevê mais protesto de técnicos da saúde. "Teremos mais uma greve na segunda-feira (31.10), no município do Cazenga, porque o orçamento não é suficiente. Se a forma como se aprova o orçamento fosse a forma como se entrega às unidades, teríamos unidades que pudessem respirar. Mas aprova-se 50%, e a sua distribuição só vai de 5% a 10% para cada unidade, independentemente do tipo de serviço que as unidades prestam", explica.

Educação "em profundo estado de coma"

Por seu turno, o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) não prevê melhoria no orçamento para a educação. Francisco Teixeira, da ONG que defende os direitos dos estudantes, afirma que o setor da educação está ao abandono.

O MEA gostaria de ver um orçamento na ordem dos 15% para a educação.

"A educação vive sérios problemas, está em estado profundo de coma", lamenta. "Para nós, dois dígitos seria o valor justo para começar, até porque no programa de governação do Presidente João Lourenço, de 2017, falava-se que em 2020 estaríamos a 20% e estamos a 6,2%".

Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle

Portugal | O CAMPEONATO DA AUSTERIDADE

Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

Os governos escolhem palavras e caminhos diferentes para atingir, quase sempre, os mesmos propósitos.

Se com Passos Coelho vimos projetada a ideia da austeridade, decorrente do estado de pré-falência em que recebeu o país, com António Costa constatámos que era possível virar essa página negra, dando quase tudo a quase todos, e, mais recentemente, percebemos também que qualquer medida que possa ter algum tipo de conotação com essa palavra maldita passou a figurar nos dicionários com a designação de "contas certas". O tempo e energia que os dois maiores partidos perdem com o malabarismo dos sinónimos no campeonato da austeridade ajudam a explicar o estado de estagnação em que medramos.

É evidente que um Governo responsável tem de acautelar que a dívida pública não se transforma num monstro insaciável, como é flagrantemente natural que esse mesmo Governo tenha, em contraponto, de responder com dinheiro e apoios sociais quando uma fatia considerável da população está a empobrecer, como acontece agora, com esta fusão explosiva que junta subida da inflação, falta de matérias-primas, guerra e uma escalada perigosíssima das taxas de juro. É desse equilíbrio, de resto, que resulta uma boa governação e um princípio básico de justiça social.

O campeonato da austeridade certamente que ajuda a adornar os discursos nas tribunas do Parlamento, mas apenas isso. Espera-se que, desta vez, o Governo não volte a ser atropelado pela realidade dos números e que aja mais depressa do que no passado recente. Porque as contas (certas, é verdade) do Orçamento do Estado estão a perder validade todos os meses. Vai ser preciso abrir de novo os cordões à bolsa para evitar que as classes mais desfavorecidas (e inclui-se aqui uma parte considerável da classe média) não atirem a toalha ao chão no próximo ano. Esperar para ver como fecha 2022 em termos de inflação para montar uma estratégia, como sugere o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, é capaz de ser tão eficaz como tentar travar o vento com as mãos.

*Diretor-adjunto

Novo regime de entrada de estrangeiros em Portugal visa promover imigração segura

Entra em vigor no próximo domingo, passando a existir um visto de seis meses para um estrangeiro procurar trabalho no país.

O Governo pretende com o novo regime de entrada de estrangeiros em Portugal, que entra em vigor no domingo, proporcionar uma imigração segura e evitar redes ilegais, disse à Lusa a secretária de Estado da Igualdade e Migrações.

O Governo pretende com o novo regime de entrada de estrangeiros em Portugal, que entra em vigor no domingo, proporcionar uma imigração segura e evitar redes ilegais, disse à Lusa a secretária de Estado da Igualdade e Migrações.

"Portugal, ao consagrar um visto para procura de trabalho, está precisamente a facultar um meio acessível para que se possa viajar em segurança. Esta é uma preocupação e uma prioridade para o Governo: que quem venha para Portugal, para aqui estabelecer a sua vida, o possa fazer a partir de vias de imigração seguras", precisou Isabel Almeida Rodrigues.

O novo regime de entrada de imigrantes em Portugal entra em vigor no domingo, passando a existir um visto de seis meses para um estrangeiro procurar trabalho no país.

Este visto para procurar trabalho em Portugal é válido por 120 dias e poderá ser prorrogado por mais 60 dias, sendo concedido nos postos consulares portugueses, que comunicam de imediato ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Segundo a nova lei, para requerer um visto para procura de trabalho é necessário declaração de condições de estada em Portugal e comprovativos de apresentação de declaração de manifestação de interesse para inscrição no IEFP e da posse de meios de subsistência equivalente a três retribuições mínimas mensais.

PR de Timor-Leste inicia hoje visita a Portugal e vai abordar situação de imigrantes

O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, inicia este sábado uma visita de Estado a Portugal, durante a qual irá abordar "a situação dramática de particular vulnerabilidade" dos jovens timorenses recém-chegados ao país.

De acordo com uma nota da Presidência da República de Timor-Leste, a visita surgiu na sequência do convite feito pelo Presidente da República português e com a qual José Ramos-Horta pretende retribuir a presença de Marcelo Rebelo de Sousa na sua investidura e durante as celebrações nacionais no 20.º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, em maio.

Nesta primeira visita de Estado ao continente europeu, o chefe de Estado de Timor-Leste pretende "abordar a situação dramática de particular vulnerabilidade em que se encontram os jovens timorenses recém-chegados a Portugal".

"Apelo para os meus compatriotas que se informem junto das autoridades sobre as condições para a sua deslocação, não só a Portugal com a qualquer outro país estrangeiro", afirmou José Ramos-Horta, antes da sua partida para Portugal, citado na nota.

E prosseguiu: "A isenção de visto para entrada em países da União Europeia serve apenas para fins turísticos. Se o objetivo dos cidadãos de Timor-Leste é deslocarem-se à procura de emprego, deverão primeiro garantir que preenchem todos os requisitos necessários, evitando a imigração ilegal, tráfico humano e serem explorados".

TODO O MUNDO QUER EMBARCAR NO BRICS EXPRESS -- Pepe Escobar

Pepe Escobar* | The Cradle, 27 de outubro de 2022

A Eurásia está prestes a ficar muito maior à medida que os países se alinham para se juntar aos BRICS e SCO liderados por chineses e russos, em detrimento do Ocidente

#Traduzido em português do Brasil

Vamos começar com o que é de fato uma história do comércio do Sul Global entre dois membros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Em seu coração está o já notório drone Shahed-136 – ou Geranium-2, em sua denominação russa: o AK-47 da guerra aérea pós-moderna.

Os EUA, em mais uma histeria de marca registrada repleta de ironia, acusaram Teerã de armar as Forças Armadas Russas. Tanto para Teerã quanto para Moscou, o drone superestrela, de custo-benefício e terrivelmente eficiente solto no campo de batalha ucraniano é um segredo de Estado: sua implantação provocou uma enxurrada de negações de ambos os lados. Se estes são feitos em drones do Irã , ou se o design foi comprado e a fabricação ocorre na Rússia (a opção realista), é irrelevante.

O registro mostra que os EUA armam a Ucrânia ao máximo contra a Rússia. O Império é um combatente de guerra de fato por meio de uma série de “consultores”, conselheiros, treinadores, mercenários, armas pesadas, munições, informações de satélite e guerra eletrônica. E ainda assim os funcionários imperiais juram que não fazem parte da guerra. Eles estão, mais uma vez, mentindo.

Bem-vindo a mais uma instância gráfica da “ordem internacional baseada em regras” em ação. O Hegemon sempre decide quais regras se aplicam e quando. Qualquer um que se oponha a isso é um inimigo da “liberdade”, da “democracia” ou de qualquer platitude du jour, e deve ser – o que mais – punido com sanções arbitrárias.

No caso do Irã sancionado ao esquecimento, há décadas, o resultado tem sido previsivelmente outra rodada de sanções. Isso é irrelevante. O que importa é que, de acordo com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), nada menos que 22 nações – e aumentando – estão entrando na fila porque também querem entrar no ritmo Shahed.

Até o líder da Revolução Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, se juntou alegremente à briga, comentando como o Shahed-136 não é photoshop.

A DESASTROSA META DE EXPORTAÇÃO DE GNL DE BIDEN


Julia Conley* | Common Dreams | em Consortium News

Um grupo de vigilância ambiental avalia os danos climáticos implícitos no plano da Casa Branca de enviar bilhões de metros cúbicos de gás fraccionado para a Europa anualmente até 2030. 

#Traduzido em português do Brasil

Quando as Nações Unidas divulgaram seu último relatório  mostrando  que o fracasso contínuo dos países ricos em fazer a transição imediata dos combustíveis fósseis causará um aquecimento global catastrófico, uma nova análise alertou a Casa Branca para descartar seus planos de exportar bilhões de metros cúbicos de gás fraturado. para a Europa anualmente até 2030.

A proposta, que o governo Biden afirma “é consistente com nossas metas líquidas zero compartilhadas”, geraria emissões de combustíveis fósseis equivalentes a 400 milhões de toneladas métricas de carbono a cada ano, de acordo com a análise da Food & Water Watch, que alertou o plano “seria um desastre climático”.

“Um ano de emissões de 50 bilhões de metros cúbicos (BCM) de [gás natural liquefeito] GNL seria equivalente a emissões anuais de 100 usinas de carvão”, diz o relatório do grupo, intitulado  LNG:The US and EU's Deal for Disaster .

O GNL, que é criado pelo resfriamento do gás fraturado para criar um líquido claro e incolor, tem sido apontado pela indústria do petróleo “como a alternativa ecológica ao gás russo, mas os problemas surgem rapidamente, como uma taxa padrão de vazamento de metano de fontes norte-americanas. O GNL não foi medido”, acrescenta Food & Water Watch.

Os EUA já são o maior exportador mundial de GNL, com exportações médias de 0,32 BCM por dia no primeiro semestre deste ano. Mais de 70 por cento das exportações dos EUA foram para a Europa este ano e, embora o plano do governo Biden tenha prometido um extra de 15 BCM de GNL para a Europa este ano, o ritmo atual “triplicará” essa promessa, segundo o relatório.

“A visão da Casa Branca para o fornecimento de gás para a Europa servirá para causar o caos climático em todo o mundo, em um momento em que simplesmente não podemos construir novas instalações de combustível fóssil”,  disse  Amanda Starbuck, diretora de pesquisa da Food & Water Watch. “A Casa Branca deve trabalhar com líderes políticos em todo o mundo para encontrar uma alternativa mais segura do que dobrar o gás sujo”.

O relatório da ONU divulgado na quarta-feira estimou que o aquecimento planetário pode chegar a 2,9°C até o final do século se os formuladores de políticas não se afastarem imediatamente da extração de combustíveis fósseis - um nível de aquecimento que pode ameaçar centenas de milhões de pessoas com o aumento do nível do mar.

O Food & Water Watch também detalhou os danos imediatos que o governo Biden causará às comunidades próximas aos locais de fraturamento nos EUA se avançar com o plano de exportação de GNL.

“As comunidades atormentadas pelo fracking sofrem impactos ambientais severos e bem documentados, que caem desproporcionalmente nas populações da linha de frente que incluem comunidades rurais, de baixa renda e comunidades de cor”, diz o relatório do grupo.

“Aqueles que vivem perto de locais de fraturamento correm maior risco de contrair câncer e uma série de outros distúrbios médicos, com mulheres grávidas e crianças em risco ainda maior”.

A análise também observa que a exportação de 50 BCM de GNL por ano custaria entre US$ 10 bilhões e US$ 19 bilhões anualmente, ao mesmo tempo em que forneceria à UE apenas 12% de sua demanda por gás, pois enfrenta uma crise de energia.

Enquanto isso, o mesmo nível de investimento em energia solar em escala de utilidade poderia fornecer à Europa mais de 540 megawatts-hora (MWh) – 11% mais energia do que seria fornecida pelo GNL.

“Os custos da energia eólica onshore são semelhantes, fornecendo 515 milhões de MWh”, diz o relatório. “Ampliar as energias renováveis ​​para esse nível evitaria mais de 500 milhões de toneladas métricas de combustíveis fósseis, independentemente de serem substituídos por energia solar ou eólica. A escolha é clara.”

*Julia Conley é redatora da equipe Common Dreams

*Este artigo é da   Common Dreams

Imagem: O presidente dos EUA, Joe Biden, durante um importante fórum de economias sobre energia e clima na Casa Branca em 17 de junho . (Casa Branca, Adam Schultz)

A democraCIA do caos é a pior das bombas sujas! -- Martinho Júnior

(De como os jardineiros da democraCIA querem ajardinar a selvagem China) – a ironia do dia a dia

Martinho Júnior, Luanda

Os “democratas” de todo o mundo, em especial os da “comunidade internacional” filiada ao “pensamento” de Francis Fukuyama (“O fim da história e o último homem”), estão a perder uma oportunidade de ouro para manifestarem as suas “profundas” convicções e aptidões, genéticas convicções e aptidões!

Fukuyama só pecou numa simples cousa: ao invés do “fim do homem” deveria ter-se debruçado sobre “o fim da humanidade” (como embora não pareça sou africanos, por que não “o fim da macada”)!?

Com efeito a tão “prestimosa” National Endowment for Democracy “foi-se ao bife”, ou seja foi-se à China para realizar em Taipé a 11ª Assembleia Mundial do Movimento pela democraCIA, seguindo os passos da virgem Nancy Pelosi ciosa dos “chips” de Taiwan, por causa das regras!

Eles, esses democratas ausentes e faltosos, poderiam estar a escrever páginas “brilhantes” de democraCIA e juntarem-se às vozes autorizadas de quem quer zelosamente o planeta como mais jardineiro algum, desde aqueles antepassados de democratas que conquistaram para os seus filhos e netos aquele oeste selvagem pejado de índios autoritários e tiranos que tiveram de ser vencidos a palmo e a ferro e fogo, com os reminiscentes conduzidos a reservas típicas que nem jardins zoológicos!..

Os da democraCIA são autênticos “jardineiros”, cultores dos mais extravagantes “jardins” e os índios, os que sobram para amostra, a fim de deixarem de ser “selvagens” têm de ser conduzidos para as reservas zoológicas para aprenderem as boas técnicas de democrática jardinagem, assim a modos kosovares, sempre com um Camp Bondsteel como adequada sentinela, para não desaprenderem e não andarem a vagabundear por aí!...

A “convocatória” para Taipé foi antecipadamente feita, pois as matérias eram “de gritos” e democrata algum deveria faltar; reparem a coragem dos da democracia e a sua tão motivadora expressão numérica (dos fracos não rezará a história):

“Cerca de 300 ativistas da democracia, especialistas, formuladores de políticas e doadores de 70 países discutirão como enfrentar os desafios autoritários de hoje e ajudar a promover o impulso democrático. A Assembleia Global será a maior conferência internacional sobre democracia organizada por Taiwan desde a pandemia”…

Bom, é pena que vos dê a conhecer no último dia esta “performance”, mas mais vale tarde que nunca por que essa cousa de democraCIA tem tanto que se lhe diga, tanto, tanto, por que é preciso muito aprender e reaprender a jardinar!

Vejam o espírito tão aberto dos democratas de Taipé, rendidos a esta magna assembleia: decerto que estão prontos a irem-se aos índios e conduzir os que sobrarem a reservas zoológicas China adentro, na profundidade da Ásia, até por que a China Popular é terra selvagem que se precisa ajardinar e fica, vejam lá a coincidência, a oeste da kosovar Taiwan!

Taipé virou mesmo Camp Bondsteel e por isso, veteranos da democracia, reforcem-na para combater até ao último chinês anti-democrata, tirano e autoritário… e ajardinar!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 27 de Outubro de 2022 

Imagem:

Reivindicando o futuro democrático: unificando vozes para uma nova fronteira – 11ª Assembleia Mundial do Movimento Mundial pela democracia – https://www.movedemocracy.org/networking/global-assemblies/11th-global-assembly.

Top dos mais queridos da democraCIA: 

National Endowment for democraCIA – https://www.ned.org/;  

DEFENSORES DA DEMOCRACIA DE 70 PAÍSES SE REÚNEM EM TAIWAN PARA A 11ª ASSEMBLEIA MUNDIAL DO MOVIMENTO MUNDIAL PELA DEMOCRACIA – https://www.ned.org/democracy-advocates-from-70-countries-gather-in-taiwan-for-11th-global-assembly-of-the-world-movement-for-democracy/;

Movimento Mundial pela democracia – https://www.movedemocracy.org/;

A Guerra de Agressão EUA-OTAN contra a Iugoslávia – https://www.globalresearch.ca/twenty-years-ago-natos-war-of-aggression-against-yugoslavia/5671987

Borrell, o jardineiro louco –  https://palavrassaoarmas.blogs.sapo.pt/borrell-o-jardineiro-louco-247118;

OTAN quer colocar mísseis nucleares na fronteira russa da Finlândia — SIM da Finlândia

Eric Zuesse* | Global Research, 28 de outubro de 2022

De acordo com a Newsweek, em 26 de outubro, “Finlândia permitirá que a OTAN coloque armas nucleares na fronteira com a Rússia” . Eles citam reportagens da mídia finlandesa. Alegadamente, uma condição que a OTAN impôs à Finlândia para se juntar à OTAN era permitir que os mísseis nucleares americanos fossem posicionados na fronteira russa da Finlândia, que está mais perto de Moscou do que qualquer outra, exceto a da Ucrânia. Enquanto o da Ucrânia ficaria a 5 minutos do bombardeio de Moscou para decapitar preventivamente o comando de retaliação da Rússia, o da Finlândia seria de 7 minutos - apenas cerca de 120 segundos a mais para a Rússia poder lançar seus ataques de retaliação.

#Traduzido em português do Brasil

A Finlândia agora deve votar no projeto de lei de adesão à OTAN, com base nisso (ou seja, para se tornar a ponta de lança dos Estados Unidos para derrotar a Rússia na Terceira Guerra Mundial). Obviamente (assumindo que a OTAN tinha, de fato, dado aos líderes da Finlândia acreditar que dizer sim a isso aumentaria a probabilidade da OTAN de acelerar o pedido de adesão da Finlândia), a OTAN está determinada a dar xeque-mate à Rússia na capitulação se a Finlândia aderir.

A Newsweek também informa que:

“Os EUA já têm cerca de 100 armas nucleares na Europa, posicionadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia, segundo a Federação de Cientistas Americanos. Grã-Bretanha e França, ambos membros da OTAN, também mantêm seus próprios arsenais nucleares independentes”.

Nenhum desses países faz fronteira com a Rússia. Estão todos muito mais distantes.

Durante a crise dos mísseis cubanos de 1962, JFK se recusou a permitir que a União Soviética colocasse seus mísseis a apenas 1.131 milhas de distância de Washington DC e avisou que os EUA lançariam a Terceira Guerra Mundial se o fizessem; então, a União Soviética decidiu não fazê-lo.

A fronteira finlandesa chega a 507 milhas de distância de Moscou, na cidade finlandesa de Kotka. A fronteira ucraniana se aproxima significativamente: 317 milhas de Shostka a Moscou e 353 milhas de Sumy a Moscou - como sendo a nação fronteiriça com a Rússia que representaria o maior perigo para a Rússia se adicionada à OTAN. A Finlândia é a número 2 – apenas a Ucrânia é ainda pior do ponto de vista russo.

A Rússia invadiu a Ucrânia para poder mover essas 317 milhas potenciais de volta para pelo menos as 1.131 milhas que todos em 1962 concordaram que seriam muito próximas de Washington DC e, portanto, justificação para os Estados Unidos lançarem a Terceira Guerra Mundial para evitar.

A QUE JOGAM OS EUA E A ALEMANHA?

Thierry Meyssan*

À frente dos nossos olhos, a Alemanha, que acaba de perder o seu aprovisionamento em gás russo e não poderá obter melhor que um sexto dele na Noruega, afunda-se na guerra da Ucrânia. Ela torna-se a placa-giratória de acções secretas da OTAN que contra ela, em última análise, actua. O conflito actual é particularmente opaco quando se ignoram as ligações entre os Straussianos dos EUA, os sionistas revisionistas e os nacionalistas integralistas ucranianos.

A guerra na Ucrânia funciona como um isco. Não vemos mais do que isso e esquecemos o conflito principal em que ela está inserida. Como resultado, não compreendemos aquilo que se passa no campo de batalha, nem percebemos correctamente a maneira como o mundo se reorganiza e, particularmente, como o continente europeu evolui.

Tudo começou com a chegada de Joe Biden à Casa Branca. Ele rodeou-se de antigos colaboradores que conhecera durante a sua vice-presidência: os Straussianos [1]. Esta pequena seita vai variando de cor política, ora republicana, ora democrata, consoante o partido do presidente em exercício.

Os seus membros, quase todos judeus, seguem o ensinamento oral incendiário de Leo Strauss. Eles estão convencidos de que os homens são perversos e as democracias fracas. Mais: elas não foram capazes de salvar o seu povo da Shoah (Holocausto) e não o serão da próxima vez. Assim, pensam que só poderão sobreviver promovendo uma ditadura e mantendo o controle desta. Nos anos 2000, tinham idealizado o Project for a New American Century (Projecto para um Novo Século Americano-ndT). Desejaram ao máximo um « Novo Pearl Harbor », o qual chocaria de tal modo o espírito dos Norte-Americanos que lhes permitiria impor os seus pontos de vista. Foram os atentados do 11 de Setembro de 2001.

Estas informações são chocantes e difíceis de admitir. Ora, existem muitos obras tidas como sérias sobre este assunto. Acima de tudo, a progressão dos Straussianos desde 1976, data da nomeação de Paul Wolfowitz [2] para o Pentágono, até aos dias de hoje confirma amplamente os piores receios. Na Europa, os Straussianos não são conhecidos, mas os jornalistas que os apoiam são. Qualificam-nos de « neo-conservadores ». É preciso reconhecer que os intelectuais judaicos jamais apoiaram esta minúscula seita judaica.

Retomemos a nossa história. Em Novembro de 2021, os Straussianos enviaram Victoria Nuland para intimar o governo russo a apoiá-los. Mas o Kremlin respondeu-lhes propondo um Tratado que garantisse a paz, ou seja, contestando não só o projecto Straussiano, mas também a pretensa política de segurança dos Estados Unidos [3]. O Presidente Vladimir Putin pôs em causa a expansão da OTAN para o Leste, que ameaça o seu país, e a maneira como Washington não cessa de atacar e de destruir Estados, nomeadamente no «Médio-Oriente Alargado».

Então, os Straussianos provocaram deliberadamente a Rússia a fim de a irritar. Encorajaram os « nacionalistas integralistas » ucranianos a bombardear os seus compatriotas no Donbass e a preparar um ataque simultâneo ao Donbass e à Crimeia [4]. Moscovo (Moscou-br), que não tinha qualquer fé nos Acordos de Minsk e se preparava desde 2015 para um confronto mundial, julgou que chegara o momento. Entraram na Ucrânia 300. 000 soldados russos para «desnazificar« o país [5].

O Kremlin considera com razão que os « nacionalistas integralistas », que se haviam aliado aos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, continuam a partilhar a ideologia racialista.

A QUALIDADE OU DESIGUALDADE DE VIDA -- Liz Theoharis

Avaliando a verdadeira extensão da pobreza na nação mais rica da Terra (EUA)

Liz Theoharis* | TomDispatch

O nosso é um mundo cada vez mais desigual, ainda que esse assunto seja cada vez menos abordado neste país. Em seu último livro, Para onde vamos daqui? , o reverendo Martin Luther King escreveu de forma reveladora: “A prescrição para a cura depende do diagnóstico preciso da doença. Um povo que começou uma vida nacional inspirado por uma visão de uma sociedade de fraternidade pode se redimir. Mas a redenção só pode vir por meio de um humilde reconhecimento de culpa e um conhecimento honesto de si mesmo.”

#Traduzido em português do Brasil

Nem existe neste país. Em vez de um senso honesto de autoconsciência quando se trata de pobreza nos Estados Unidos, os formuladores de políticas em Washington e em tantos estados continuam a legislar como se a desigualdade não fosse uma emergência para dezenas, senão centenas, de milhões de nós. Quando se trata de diagnosticar com precisão o que aflige os Estados Unidos, quanto mais prescrever uma cura, aqueles com poder e recursos para aliviar a carga da pobreza ficaram desesperadamente aquém do objetivo.

Com as eleições de meio de mandato quase chegando, questões como o aumento do salário mínimo, a expansão do sistema de saúde e a extensão do Child Tax Credit (CTC) e do Earned Income Tax Credit devem estar no centro das atenções. Em vez disso, como os EUA enfrentam inflação contínua , a probabilidade de uma recessão econômica global e a possibilidade de que os trumpistas possam assumir o controle de uma ou ambas as casas do Congresso (e as legislaturas de vários estados), poucos candidatos se preocupam em falar sobre pobreza. , insegurança alimentar ou baixos salários. Se alguma coisa, “pobre” tornou-se uma palavra de quatro letras na política de hoje, após décadas de economia, neoliberalismo, salários estagnados, cortes de impostos para os ricos e aumento da dívida das famílias .

A ironia dessa “ violência de atenção ” contra os pobres é que ela acontece apesar de um terço do eleitorado americano ser pobre ou de baixa renda. (Em certos lugares e raças-chave, aumente esse número para 40% ou mais.) Afinal, em 2020, havia mais de 85 milhões de pessoas pobres e de baixa renda elegíveis para votar. Mais de 50 milhões de potenciais eleitores neste eleitorado de baixa renda votaram na última eleição presidencial, quase um terço dos votos expressos. E eles representaram porcentagens ainda mais altas em estados-chave como Arizona, Flórida, Michigan, Carolina do Norte, Texas e Wisconsin, onde se mostraram em números significativos para votar em salários dignos, alívio da dívida e estímulo econômico.

Para resolver os problemas de nossa democracia surpreendentemente empobrecida , os formuladores de políticas teriam que levar a sério as realidades dessas dezenas de milhões de pessoas pobres e de baixa renda, enquanto protegem e expandem os direitos de voto. Afinal, antes da pandemia, havia 140 milhões deles: 65% dos latinos (37,4 milhões), 60% dos negros (25,9 milhões), 41% dos asiáticos (7,6 milhões) e 39,9% dos brancos (67 milhões) nos Estados Unidos. Quarenta e cinco por cento de nossas mulheres e meninas (73,5 milhões) vivem na pobreza, 52% de nossas crianças (39 milhões) e 42% de nossos idosos (20,8 milhões). Em outras palavras, a pobreza atinge pessoas de todas as raças, idades, gêneros, religiões e partidos políticos.

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