quarta-feira, 19 de abril de 2023

LULA CRUCIFICADO NO OCIDENTE ALARGADO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que “para ganhar a paz na Ucrânia é preciso ganhar a guerra”. E explicou porquê: “Vitória russa é uma ameaça à segurança europeia”. Com excesso de Pedro Domeq no bucho, o caricato senhorito disse no Parlamento Europeu, dominado pelos nazis perfumados do partido PPE (os outros cheiram mal e os socialistas têm saudades do Hitler): “A Europa não pode ser ingénua e pensar que a paz virá mais depressa se parar de apoiar a Ucrânia. O que virá é uma vitória russa, uma ameaça à segurança europeia”.

A apoteose final do senhorito Borrell face aos seus capangas nazis do Parlamento Europeu foi assim: “A União Europeia já fez muito na ajuda à Ucrânia, mas não fez o suficiente. É necessário apoiar Kiev mais do que nunca para acabar com a guerra derrotando Putin”. Mais tarde o grande diplomata europeu voltou a falar de faca nos dentes e arma apontada: “ Eu e o ministro Dmytro Kuleba (ucraniano) vamos falar com o secretário-geral da OTAN (ou NATO), Jens Stoltenberg, para combinarmos como fornecer mais rapidamente armamento à Ucrânia, sobretudo munições”.

O Presidente Lula da Silva disse em Pequim que os EUA, a OTAN (ou NATO) e a União Europeia só falam de guerra, estão envolvidos directamente na guerra da Ucrânia e é preciso parar a guerra. Para isso há que encontrar países que não estejam envolvidos directamente no conflito para servirem de mediadores. A guerra da Ucrânia tem de acabar. E nomeou países que não querem a guerra: Brasil, China, Índia, Indonésia. Mas também falou do cartel de Bruxelas: “A União Europeia tem sido pela paz. Ao longo de décadas assumiu posições equilibradas. Agora entrou directamente na guerra. Perdeu condições para mediar o conflito.”

O chanceler da Alemanha Olaf Scholz foi de mansinho ao Brasil. Os Media do ocidente alargado anunciaram que a visita tinha a ver com a paz, a promoção de políticas ambientais, reforço da amizade entre os dois povos. Lula da Siva disse em Pequim que afinal o neonazi envergonhado se deslocou a Brasília para comprar armas e munições que depois iria enviar aos nazis de Kiev. O Presidente brasileiro recusou: “Nós não queremos entrar na guerra. Não vamos vender armas para a guerra”.

As reacções em Portugal às declarações de Lula da Silva variaram entre o vómito nazi e o paleio para boi dormir. O PSD mostrou o que quer e para onde vai. Paulo Rangel, vice-presidente do partido, condenou as declarações do Presidente brasileiro e exigiu que o governo português se demarque delas. 

No dia seguinte o próprio líder, um tal Montenegro, entrou de pé em riste e exigiu censura. Condenação. Manifestações de protesto contra Lula. O malvado ousou denunciar as políticas belicistas da Europa. Da OTAN (ou NATO) e dos EUA. Lula insultou Portugal. Vendam o Lula como escravo para os engenhos de açúcar. Para as minas de diamantes que nos sustentaram duramente séculos. Para as plantações do sul dos EUA. Para as colónias das Américas. Morte ao Lula.

Os “refugiados” ucranianos na Europa já têm um papel assinado para esfregarem na cara do Presidente Lula quando ele desembarcar em Lisboa. A criadagem portuguesa dos Media julgou, condenou e executou Lula da Silva nas páginas dos jornais, nas rádios e televisões. Morra o Lula, morra! Um escravo da antiga colónia portuguesa revoltou-se contra os senhores. Isto não se admite. 

O Pacheco Pereira, guru do PSD nazi perfumado, exige manifestações de protesto contra Lula da Silva. A ala nazi do Partido Socialista quer sangue. Matem o Lula! Uma tal Alexandra Leitão (na gordura é uma porca bísara pronta para desfazer em banha) exige manifestações contra Lula. O chefe da ala nazi do PS, Sérgio Sousa Pinto, quer Lula na prisão.

O Presidente Lula da Silva deu a sua opinião sobre a guerra na Ucrânia. Acontece que é igualmente a posição de países como o Brasil, Índia, China e África do Sul, membros dos BRICS. A palavra de Lula da Silva é a de muito mais de metade da Humanidade. Não são palavras nem posições políticas compradas como aconteceu com alguns países na Assembleia-Geral da ONU, que condenaram a Federação Russa invocando falsidades.

Portugal na União Europeia é um estado pedinte. No ocidente alargado é um país que só serve para os turistas pobres e remediados irem apanhar sol, beber os bons vinhos nacionais, urinar e defecar.  Alguns políticos ainda não perderam os tiques do império colonial. Nem vão perder nunca. E agora muito menos porque a extrema-direita vai desde uma facção do Partido Socialista à Iniciativa Liberal e ao Chega. Se eu fosse Lula da Silva cancelava a viagem.

No tempo do colonial-fascismo, Portugal era um sítio mal frequentado. Com o 25 de Abril de 1974 surgiu como um espaço de liberdade. Mas em 25 de Novembro de 1975 a escumalha fascista regressou e em 2023 o panorama político ultrapassou largamente o salazarismo. A liberdade de Abril desaguou numa lixeira humana. A única saída chama-se Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal pode jogar um papel importante no mundo, fazendo a ponte entre o ocidente alargado e os países africanos que falam português. Mais o Brasil.

Os miseráveis mentais que comandam a política à portuguesa precisam de ter em linha de conta que a CPLP sem o Brasil vale zero vezes nada. Nadinha. Isso quer dizer que Portugal fica transformado num beco sem saída. Imprestável, como todos os mendigos sem outra perspectiva que não seja mendigar, Ou com perspectivas do batráquio que nunca passará de girino cabeçudo. Na melhor das hipóteses chega a bagre dos pântanos.

Ismael Mateus diz hoje no jornal de Angola que “a opinião pública continua a receber notícias sobre o envolvimento do presidente do Tribunal Supremo em casos de corrupção. Sucedem-se semanas após semanas notícias a denunciar casos de corrupção, nepotismo, venda de sentenças nos tribunais”. Os falsos jornalistas (simpatizantes ou jornalistas não praticantes) são perigosos por causa disto. Este chama “notícias” a campanhas organizadas contra determinadas cidadãs ou cidadãos cujos lugares (ou fortunas) são cobiçados por quem nunca fez nada porque não sabe ou não quer. 

O Celso Malovoloneke (racista encartado e oportunista recompensado) vai mais longe e exige a demissão do presidente do Tribunal Supremo. Até tu, MPLA? Kena ia matu-ko!

* Jornalista

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