terça-feira, 27 de junho de 2023

Angola | O Contributo Precioso dos Jubilados – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornal de Angola publica na sua edição de hoje uma entrevista de Edna Dala com Onofre Martins dos Santos, venerando juiz jubilado do Tribunal Constitucional. Muito importante e por isso imperdível. O texto não foi “copidescado” mas isso é a fruta da época. Retive esta frase que cito de memória: “Não podemos cometer duas vezes o mesmo erro durante a missão que estamos a desempenhar. Porque nesse caso temos um problema”. Se eu tivesse lido isto há 60 anos hoje era um rapaz realizado e não andava a fazer contas de sumir a partir do meio de cada mês. Agora já não vou a tempo de emendar os mil erros que cometi, repetidamente, nas mesmas circunstâncias. 

Assim mesmo, agradeço ao venerando juiz jubilado do Tribunal Constitucional e à minha colega Edna Dala, por me darem a solução para o irremediável, nesta fase da minha vida. Como não sou egoísta, aconselho todos os reformados, jubilados ou simplesmente ociosos a lerem esta opinião de Onofre Martins dos Santos:

"Cumpri o meu mandato e neste momento estou jubilado, mas acho que os jubilados têm um papel ainda a desempenhar no Tribunal Constitucional. Não é tanto o meu caso, mas sobretudo os meus colegas que são muito mais novos e têm uma outra pujança de vida que eu já não tenho. É uma segunda etapa de serviço”. Os colegas mais novos de Onofre Martins dos Santos são Rui Ferreira, Manuel Aragão e Luzia Sebastião. Penso que existem outros, mas estes são os nomes que me ocorrem. E sei que ainda estão cheios de nguzu!

Isto é assim. Há reformados não podem dar mais. Muita fome, muita miséria, muita doença de velhos. Mas também porque desempenharam profissões que lhes esgotaram as forças. Esses têm de ser bem tratados, pelo menos tão bem como a senhora deputada Mihala Webba e outros sicários da UNITA que desonram a eleição e traem a confiança de quem os elegeu.

Outros, como magistrados, médicos, enfermeiros ou jornalistas, deviam partir para a reforma com o espírito de Onofre Martins dos Santos. Cumprimos uma segunda etapa de serviço. Vamos dar o nosso contributo para que os mais novos saibam como fizemos e sobretudo como sabemos fazer. Vamos passar os nossos conhecimentos e as nossas experiências. Quando vejo jornalistas com larga experiência e inegável talento, encostados ao canto da reforma fico muito preocupado. Porque sei (saber d experiência feito) que os jovens precisam deles. Da sua tutela, da sua presença, da sua camaradagem, da sua experiência, do seu saber.

Vendido o meu peixe, vou passar para a Federação Russa. O meu conselheiro para os assuntos militares lutou como um leão pela Independência Nacional. Foi o coveiro de muitos karkamanos (loiros e de olhos azuis) na Grande Batalha do Ebo. Contribuiu decisivamente para a derrota do regime de apartheid da África do Sul. Ajudar a dar o golpe final à rebelião de Jonas Savimbi. Colocou na sua segunda etapa de serviço ser meu conselheiro para não escrever disparates na área militar.

O que aconteceu na Federação Russa com a revolta do Grupo Wagner? O meu conselheiro odeia que lhe perturbe sábados e domingos. Mesmo assim deu o seu parecer: “Ninguém pode brilhar mais do que o líder, sobretudo quando existe uma guerra do ocidente alargado contra o seu país. Depois dos acontecimentos de Rostov o Presidente Putin ainda brilha mais”. 

A África do Sul racista invadiu Angola atrás do biombo da UNITA, entre 1975 e 1988. Fez operações de sabotagem desde o Cunene a Cabinda. O capitão Wynand du Toit foi capturado quando tentava destruir as instalações petrolíferas na baía de Malongo. Era um dos comandantes da Operação Argon. 

O objectivo dos racistas de Pretória era destruir um complexo económico crucial e Angola ficar sem meios para financiar a resistência aos invasores estrangeiros. O prisioneiro foi mostrado a África e ao mundo em Adis-Abeba. Aconteceu alguma coisa? Nada. 

Tal como nada aconteceu quando Angola mostrou os prisioneiros sul-africanos capturados durante a Grande Batalha do Ebo, que já aconteceu após a Independência Nacional. A invasão do regime racista de Pretória a Angola foi aplaudida pelo ocidente alargado. Mário Soares tornou-se o advogado dos racistas sul-africanos e de Jonas Savimbi, em Portugal. Seu filho, João Soares, ainda hoje é activista contra Angola. Baptizou seu filho de Jonas. Avô ao serviço dos criminosos de guerra. O filho turista da Jamba embrulhado em kamanga de sangue. E o netinho baptizado com o nome do assassino, violador, e queimador das elites femininas da UNITA. Tudo boa gente.

A guerra dos racistas sul-africanos em Angola foi alimentada mais de dez anos, pelo Reino Unido com os aviões Impala  e Buccaneer. Armamento pesado e munições. Foi apoiado pela França com aviões Mirage e helicópteros Alouette. Mais munições e armas pesadas. Os EUA forneceram tudo e mais alguma coisa. O Presidente Reagan ofereceu ao regime racista de Pretória, por intermédio de Jonas Savimbi, os mísseis Stinger,  um sistema de defesa antiaérea portátil terra-ar, guiado por infravermelhos. Os alemães mandaram resmas de tanques Oliphant, a última maravilha da indústria bélica mundial.

EUA, França e Reino Unido são membros permanentes do Conselho de Segurança e apoiavam militar e politicamente a guerra do regime racista de Pretória contra Angola. Davam-lhe apoio político, económico e diplomático. Lisboa era a capital do Galo Negro. Mário Soares o ministro dos negócios com o estrangeiro ao serviço dos kamanguistas da UNITA.

Por favor, digam que autoridade moral tem o estado terrorista mais perigoso do mundo para falar da guerra na Ucrânia. França e Reino Unido não podem falar da guerra na Ucrânia enquanto não pedirem perdão aos angolanos pelos crimes que cometeram os nazis de Pretória contra Angola, com o seu apoio político, económico, diplomático e militar. 

Matilhas de mercenários invadiram o norte de Angola, em 1975. As gloriosas FAPLA prenderam alguns em combate, que foram julgados em Luanda, num tribunal internacional. Nunca me canso lembrar que fui adjunto do Procurador Popular, Manuel Rui Monteiro. Ajudei a redigir a acusação. A defunta rainha Isabel II, em vez de apoiar o julgamento dos mercenários, escreveu ao Presidente Agostinho Neto pedindo-lhe que libertasse os “súbditos britânicos”. Londres não tem moral para falar da guerra na Ucrânia.

Os EUA ocupam militarmente o Iraque. Assassinaram o Presidente Saddam Hussein. Ocupam mais de um terço da Síria (parte do petróleo e gás). Mandaram a OTAN (ou NATO) destruir a Jugoslávia e agora têm no Kosovo a maior base militar fora de portas. Mandaram a OTAN (ou NATO) destruir a Líbia e matar o Presidente Kadafi. Agora roubam o petróleo do país a meias com a França, Itália e Reno Unido. Para estes facínoras não há Carta da ONU. Israel ocupa a Palestina e mata civis como e quando apetece aos nazis que ocupam o poder em Telavive. Apoiam esses crimes de guerra. Por isso não têm autoridade moral para falar da guerra na Ucrânia.

A nazi que está à frente da Comissão da União Europeia (Úrsula von der Leyen) anunciou que vai despachar para Kiev um pacote de 50 mil milhões de euros. Para África, o ocidente alargado vai enviar muito menos a fim de combater a fome que eles próprios provocam com as suas guerras, invasões e apoio militar a “rebeldes”. Depois chamam aos refugiados desses infernos, “migrantes”. Fazem tudo para matá-los no Mediterrâneo ou em campos de concentração! Não têm moral para falar de paz, de justiça, de liberdade. 

Juro emendar-me e nunca mais voltar a pecar. Amigas e amigos xingaram-me forte e feio por ter colocado um rótulo impróprio na senhora deputada Miahela Webba. Nós não somos iguais a eles! Têm razão. Peço humildemente perdão como João Lourenço pediu aos assassinos do 27 de Maio.

Na parte do rótulo, esqueçam a palavra horrorosa que escrevi e leiam, por favor, concubina que é mulher que faz parte de um harém, com um estatuto legal diferente do de esposa. A favorita. A partir de agora, Miahela Webba rima com bobina, carambina, columbina, sabina, sebina, trombina ou turbina.  

Mas mantenho que deputados eleitos pelo povo não têm mandato para comandar desordens, arruaças e destruição de equipamentos sociais. Não podem sair do Parlamento e ir para a rua participar numa golpada com o fim de derrubar o poder legítimo, que tem o apoio de uma maioria absoluta de deputados na Assembleia Nacional. Mantenho que a UNITA odeia Angola e o Povo Angolano, A UNITA sempre lutou contra a Independência Nacional. Luta pela destruição da República de Angola. É um punhal apontado ao coração do regime democrático. A mínima distracção e eles mantam-no mesmo!

A pedido de várias famílias nunca mais escrevo a palavra puta. Concubina é mais fino, ainda que esta palavra me fique mal, porque sou mesmo muito ordinário. Boçal. Matumbo. Primata primitivo abaixo de macaco.

*Jornalista

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