Não é antissemita perguntar por que o presidente judeu da Ucrânia glorifica um colaborador do Holocausto
Os liberais-globalistas ocidentais armam o "politicamente correto" no contexto da guerra por procuração Rússia-Otan para desacreditar a alegação factual do Kremlin de que a Ucrânia é um regime fascista, alegando falsamente que isso é impossível, apesar da indiscutível deificação de fato de Kiev de Bandera apenas porque Zelensky é judeu.
Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil
O embaixador ucraniano em Israel, Yevgeny Korniychuk, condenou as recentes declarações do presidente russo, Vladimir Putin, sobre seu homólogo ucraniano, Vladimir Zelensky, como "antissemitas". O líder russo perguntou duas vezes esta semana, uma durante uma reunião com correspondentes de guerra e alguns dias depois no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, como Zelensky poderia glorificar Stepan Bandera quando o primeiro é judeu, enquanto os apoiadores do segundo conspiraram com Hitler na execução do Holocausto.
O enviado reagiu a esta pergunta afirmando que "os comentários de Putin são antissemitas e contra o povo judeu (...) Quando [Putin] ataca Zelensky, ele ataca o povo judeu." Não há um único pingo de verdade na acusação de Korniychuk, já que é razoável perguntar por que Zelensky já elogiou Bandera como um "herói legal" e não proíbe as marchas nacionais que acontecem anualmente em seu aniversário. Ele também não se importa que muitos ucranianos estejam lutando abertamente contra a Rússia em nome desse fascista.
A única explicação para isso é que Zelensky se identifica mais com fascistas ucranianos como Bandera do que com o povo judeu, apesar de sua conexão etno-religiosa com o segundo grupo mencionado. Isso o torna um fenômeno pós-moderno no sentido de que ele mudou sua autoidentidade para uma que é completamente oposta à identidade em que ele nasceu e cresceu. A observação anterior desacredita a teoria fascista de Adolf Hitler sobre a conexão entre a identidade e as visões políticas.
A pessoa mais infame da história postulou que a identidade etno-religiosa de alguém no nascimento predetermina suas visões políticas, que ele então explorou como base para exterminar judeus, ciganos, eslavos e outras pessoas que, portanto, ele concluiu serem "inimigos naturais" de seu império maligno. Obviamente, não há verdade nessa afirmação odiosa, que a própria existência de Zelensky desmente devido ao fato inegável de ele glorificar um dos colaboradores do Holocausto de Hitler, apesar de ele próprio ser judeu.
Isso mostra que a autoidentificação política mais tarde na vida pode, de fato, superar a identificação com a identidade etno-religiosa em que se nasceu e cresceu, mesmo que a primeira se oponha explicitamente à segunda. No caso de Zelensky, é uma clara contradição para alguém que é judeu glorificar um criminoso de guerra cujos apoiadores genocídiam judeus, mas o conceito de "liberal-globalista politicamente correto" foi armado a ponto de chamar a atenção para esse fato ser difamado como "antissemita" e "fascista".
O que é genuinamente antissemita e fascista é insinuar que a identidade etno-religiosa de alguém no nascimento predetermina suas visões políticas exatamente como Hitler falsamente teorizou. Negar que um judeu como Zelensky possa apoiar figuras fascistas como Bandera não é diferente de negar que um judeu como Noam Chomsky possa se opor ao Estado judeu de Israel na questão palestina. Ambos os exemplos são antissemitas e fascistas por assumirem as visões políticas de um judeu com base em sua identidade.
Os liberais-globalistas ocidentais armam o "politicamente correto" no contexto da por procuração Rússia-Otan para desacreditar a alegação guerra factual do Kremlin de que a Ucrânia é um regime fascista, alegando falsamente que isso é impossível, apesar da indiscutível deificação de fato de Kiev de Bandera apenas porque Zelensky é judeu. É esse gaslighting genuinamente antissemita e fascista que o presidente Putin procurou expor por meio de seus recentes comentários sobre Zelensky, o que torna seus comentários filossemitas e antifascistas.
*Analista político americano especializado na transição sistêmica global para a multipolaridade
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