Nações Unidas, 06 jul 2023 (Lusa) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje que ficou "profundamente perturbado" com a situação em Jenin, na Cisjordânia ocupada, tendo condenado "fortemente" os "atos de terror" de Israel contra civis.
"Condeno fortemente todos os
atos de violência contra civis, incluindo atos de terror. Os ataques aéreos e
as operações terrestres de Israel num campo de refugiados lotado foram a pior
violência na Cisjordânia em muitos anos”, disse Guterres, numa declaração à
imprensa na sede da ONU,
O líder das Nações Unidas sublinhou que os ataques tiveram um impacto significativo sobre civis, resultando “em mais de 100 feridos e milhares forçados a fugir”.
Além disso, escolas e hospitais foram danificados, redes de abastecimento de água e de eletricidade foram cortadas, e pessoas necessitadas foram impedidas de ter acesso a cuidados e uma assistência essenciais.
"Mais uma vez, exorto Israel a cumprir as suas obrigações sob o Direito Internacional, incluindo o dever de exercer moderação e usar apenas força proporcional, e o dever de minimizar danos e ferimentos e respeitar e preservar a vida humana", apelou.
O ex-primeiro-ministro português sublinhou ainda que o uso de ataques aéreos "é inconsistente com a condução de operações de aplicação da lei".
"Também lembro a Israel, como potência ocupante, que tem a responsabilidade de garantir que a população civil esteja protegida contra todos os atos de violência. Eu entendo as preocupações legítimas de Israel sobre a sua segurança. Mas a escalada não é a resposta. Simplesmente reforça a radicalização e leva a um ciclo cada vez mais profundo de violência e derramamento de sangue", afirmou.
Ao concluir a declaração, Guterres afirmou que "restaurar a esperança do povo palestiniano num processo político significativo, levando a uma solução de dois Estados e ao fim da ocupação, é uma contribuição essencial de Israel para a sua própria segurança".
A operação israelita, desencadeada na segunda-feira e a mais importante desde há vários anos na Cisjordânia ocupada, mobilizou centenas de soldados, e ainda ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) e ‘bulldozers’ do exército na cidade de Jenin e no campo de refugiados adjacente, bastião de grupos armados palestinianos.
A operação percorreu as estreitas ruas do campo de refugiados local, deixou um rasto de destruição, com milhares de pessoas a fugirem das respetivas casas, e provocou a morte de 12 palestinianos e de um soldado israelita.
O conflito israelo-palestiniano regista desde o início do ano um aumento das tensões após a entrada em funções, no final de dezembro, do que é considerado por diversos analistas como o Governo mais à direita da história de Israel, dirigido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Lusa | Imagem: AHMED JALIL/EPA
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