Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião
Mais de 50 000 empresas alemãs faliram no primeiro semestre de 2023. O motor da União Europeia está a gripar devido a um crime premeditado. Entretanto, Lagarde aumentou as taxas de juro e recomendou aos governos cortes nos apoios sociais. A profunda crise em que estamos atolados (e que ainda vai piorar antes de - eventualmente - melhorar) foi criada por decisões políticas, em moldes artificiosos.
Durante 2020 e 2021, os poderes (eleitos e não-eleitos) congelaram a economia, paralisaram empresas e negócios, enquanto cuspiram novas notas a rodos. O balanço do Banco Central Europeu cresceu nada mais, nada menos do que 4 biliões nesse período. A guerra na Ucrânia só agravou a maior inflação dos últimos 40 anos, imposto injusto que está a liquidar as populações, sobretudo as mais carentes. Eis o resultado das resmas de massa fresca acabada de imprimir da luxuosa Lagarde: uma recessão construída, uma obra de engenharia económica venenosa.
A origem do Coronavírus ainda não é consensual. Já sobre a origem desta crise não há dúvidas: é um atentado em massa, inédito e planeado.
"A Europa não é o 1% de magnatas dos fundos financeiros que possuem 90% de tudo. A Europa é as pessoas. Sem elas ou contra elas, sem os 99%, não há Europa, nem valores europeus. Há caos. Há o que querem. O fim."
É a política psicopata: a obsessão inflacionista com a contínua subida das taxas de juro, jorrando uma transferência directa das famílias com crédito à habitação e das empresas para lucros bancários, numa escala macabra e sem precedentes.
E é um ataque à economia dos Estados-membros mais frágeis: miséria, fome, emigração. A Alemanha é a vítima número um, mas não será a comatosa. Sim, até porque outro resultado não pode ser alcançado: se ao fim de um ano a estabilidade de preços persiste uma miragem, para quê continuar? Se não resulta, por que insiste? Por boas razões não será.
Como se não bastasse, a meta de 2% foi decidida sem qualquer justificação técnica. Foi atirada ao ar e colou. É pensamento mágico, uma crendice. Mais um acto de fé.
Depois deste incêndio infame, o que restará do tecido económico e civilizacional? O que sobrará do Estado Social europeu? E da paz? Que sobejará?
Parece que o resultado dos portugueses e de muitos outros povos europeus terem andando anos a reparar os danos da delinquência financeira, o efeito de termos salvo bancos atrás de bancos com milhões e milhões dos cofres públicos, foi somente o reforço do comportamento super-predatório e a engorda da impunidade. Urge estancá-los. Se estes lucros loucos - 12 milhões de euros diários e um aumento de 700% - foram criados por decreto, então que se determine administrativamente um limite para estas taxas galopantes. Qual será a alternativa? As barracas? As camas-quentes? Os europeus precisam de um tecto. De um abrigo antiaéreo ou mesmo de um bunker. Sim, porque é de uma guerra que estamos a falar
Assim é que não será mais possível continuar. A Europa não é o 1% de magnatas dos fundos financeiros que possuem 90% de tudo. A Europa é as pessoas. Sem elas ou contra elas, sem os 99%, não há Europa, nem valores europeus. Há caos. Há o que querem. O fim.
*Psicóloga clínica. -- Escreve de acordo com a antiga ortografia
Sem comentários:
Enviar um comentário