Daniel Oliveira | TSF | opinião
Tanto o Hamas como Israel cometeram atos hediondos desde o dia 7 de outubro, movidos pelo fanatismo e recusa em dialogar, defende Daniel Oliveira.
"Entre o abjeto massacre de inocentes, com sequestro de civis, tudo filmado e exibido pelos próprios carniceiros do Hamas para dar ao politicamente moribundo Netanyahu espaço interno e externo para reagir com toda a brutalidade, e a abjeta carnificina de civis inocentes em Gaza que alimenta a revolta na Cisjordânia e em todo o muçulmano, estamos a ser manipulados por fanáticos que nos querem obrigar a fazer a escolha que eles próprios já fizeram: recusar o diálogo para arregimentar o ressentimento e o ódio."
No seu espaço de opinião na antena da TSF, Daniel Oliveira recorre às palavras do antigo primeiro-ministro francês Dominique de Villepin para afirmar que o "Hamas preparou-nos uma armadilha de horror e crueldade" e "Netanyahu está a empurrar-nos para a armadilha da vingança".
O jornalista defende ambos os lados do conflito devem ser julgados pelas suas ações à luz da lei internacional. "Os terroristas do Hamas" e "os criminosos do atual governo de Israel" devem responder, "uns e outros, por todos os civis todas as crianças que assassinaram este mês".
Quanto ao Ocidente, está a "perder o mundo", não só do ponto de vista económico e político, mas também moral, considera Daniel Oliveira.
Se, por um lado, condena "a Rússia por ocupar territórios que não lhe pertencem e bombardear populações civis", por outro, coloca-se "incondicionalmente ao lado de Israel enquanto ele ocupa grande parte da Cisjordânia e bombardeia civis em Gaza", condena. Por um lado invoca, "e bem", o direito internacional na Ucrânia, mas nega-o no caso da Palestina.
Foram muitos os líderes ocidentais que declararam "apoio incondicional a um criminoso de guerra", Benjamin Netanyahu, "enquanto ele varre a bombas uma das zonas mais densamente povoadas do mundo, dificulta ajuda humanitária, trata um povo como sub-humano e ainda apela ao boicote financeiro da ONU."
Já não basta condenar Netanyahu, é preciso "travá-lo", apela o comentador.
Para Daniel Oliveira, está inclusive em causa a forma como o mundo encara a democracia. "Se milhões que vivem sob ditadura acreditarem que Israel representa os valores democráticos, a democracia estará a ter uma pesada derrota."
"Se milhões de asiáticos, africanos e sul-americanos olharem para este conflito com um confronto entre civilizações, a Europa e os Estados Unidos ficarão mais isolados. Se acreditarem que esta é a ordem Internacional que Ocidente deseja, desejarão seguramente outra."
"Não é apenas o caos que ameaça espalhar-se pela região e pelas maiores cidades europeias, é a exibição da hipocrisia moral do Ocidente, que não deixará de ter efeitos na guerra da Europa: os aliados da Ucrânia estão a perder a autoridade moral", lamenta Daniel Oliveira.
Isto terá impacto, diz, "não aos olhos dos regimes, a quem pouco interessam as vidas inocentes, mas aos olhos dos povos, que é coisa mais duradoura".
Texto: Carolina Rico
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