terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Brasil | TRÊS RESPOSTAS AO GOLPE FRACASSADO

Sanear as Forças Armadas e substituir o ministro José Múcio. Iniciar a reforma das polícias e da Segurança Pública. Voltar às ruas, em grandes atos pela Democracia, Igualdade e Reconstrução Nacional

Antonio Martins* | Outras Palavras

A devastação nacional promovida pelo bolsonarismo tem agora uma metáfora imagética adequada. As paredes de vidro estraçalhadas do Palácio do Planalto. A fogueira ateada no Salão Verde do Congresso. O busto de Ruy Barbosa destruído no STF. As obras de arte perfuradas a golpes de estilete – tudo é símbolo de um projeto que tentou tirar proveito da crise brasileira para convocar ressentimentos e recalques, e fazer aflorar o que o país tem de pior.

Mas as consequências desta tentativa troglodita de golpe de Estado ainda não são conhecidas: elas dependerão da resposta que a sociedade oferecer, nos próximos dias. Uma postura complacente estimulará novos atentados, sinalizará fraqueza e tornará o governo refém dos extremistas. Uma atitude firme reforçará a ideia – já evocada por Lula – de que o Brasil chegou ao fundo do poço e precisa olhar para si mesmo e reconstruir-se em novas bases. No campo jurídico, o ministro Alexandre de Moraes adotou nesta madrugada um conjunto de medidas corajosas que começa com o afastamento do governador do Distrito Federal e a ordem para desocupar, em 24 horas, todos os acampamentos montados diante dos quartéis. A ação política, porém, ainda precisa ser construída. Eis, a seguir, três contribuições a ela.

1. Sanear as Forças Armadas e substituir o ministro José Múcio

Nem o caos comove os bolsonaristas enquistados nas Forças Armadas. Na noite de ontem, os extremistas que devastaram a Praça dos Três Poderes voltaram a ser acolhidos no QG do Exército em Brasília, que os protegeu da Polícia Militar (já sob intervenção federal), como relatou o repórter Paolo Capelli, no Metrópoles. Foi a sequência de um longo flerte. Há semanas, comandantes de alguns quartéis acumpliciam-se com golpistas que acampam a seu redor, fingem-se de cegos diante das ilegalidades cometidas e chegam a confraternizar com os líderes da molecagem. Segundo o jornalista Lauro Jardim, “boa parte dos radicais acampados” é “composta de militares reformados e familiares de militares da ativa”.

E as raízes do conluio são anteriores. A ocupação por militares de milhares de cargos civis na Esplanada dos Ministérios não se deveu a um capricho. Foi parte importante do projeto de destruição nacional de Bolsonaro, como mostrou o cientista político Josué Medeiros em entrevista a Outras Palavras. Era preciso colocar, no comando de serviços públicos cruciais (do ministério da Saúde à proteção das terras indígenas), funcionários dispostos a contrariar a própria natureza das funções que exerciam para seguir com “fidelidade e obediência” as ordens do “capitão”.

Esta subordinação – que evidentemente persiste – de parte dos militares a uma corrente política golpista precisa ser apurada e revertida, inclusive para preservar as Forças Armadas. A desocupação dos cargos públicos indevidamente preenchidos precisa ser completa – assim como apurado e punido o apoio de comandantes a atos golpistas. Bem distinto, porém, parece ser o projeto do ministro da Defesa, Múcio Monteiro, como explica Gilberto Maringoni. Filiado ao PTB de Roberto Jefferson e Padre Kelmon, e com origem política na Arena (partido de sustentação à ditadura pós-64), Múcio foi nomeado por Lula numa espécie de acordo com os comandantes militares bolsonaristas. Este aceno pacificador evidentemente fracassou. Não bastasse seu passado, o ministro contemporizou todo o tempo com os golpistas. Qualificou seus acampamentos de “manifestações democráticas”. Disse ter neles “amigos e parentes”. Acobertou e alimentou, na prática, o complô entre extremistas e militares. Precisa ser substituído por alguém disposto a desbolsonarizar as Forças Armadas. O processo pode começar, como sugere o ex-deputado Manuel Domingos Neto, com a investigação e responsabilização de três oficiais claramente identificados com os acontecimentos de ontem: Júlio César Arruda, comandante do Exército; Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional; e o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, comandante do Batalhão da Guarda Presidencial.

Todos devem ser cautelosos antes de julgar o que acabou de acontecer no Brasil

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Longe de ser uma tentativa fracassada de “golpe fascista e terrorista”, parece convincentemente que a sequência de eventos de domingo foi artificialmente fabricada por meio de conluio entre os “estados profundos” americanos e brasileiros, a fim de promover suas agendas ideológicas compartilhadas.

Comparações “politicamente incorretas” com 6 de janeiro

Milhares de apoiadores do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram o Palácio Presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal no domingo, em uma tentativa malsucedida de reverter o resultado da eleição do ano passado, que viu por pouco seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (“Lula”) retornar à escritório. Os participantes alegaram que as urnas eletrônicas manipularam o resultado e, portanto, deslegitimaram a vitória de Lula. Muitos observadores compararam o dia 8 de janeiro com o dia 6 de janeiro dos Estados Unidos.

Todos devem ter cautela antes de julgar o que acabou de acontecer no Brasil, no entanto, já que nem tudo é tão simples quanto parece inicialmente. Assim como a capital americana há dois anos, a brasileira também estava suspeitamente indefesa, apesar dos sinais óbvios de alguns membros da oposição há vários meses de que planejavam fazer uma chamada “última posição” em apoio à sua causa política. Isso nos faz pensar se ambos os eventos foram autorizados a se desenrolar.

Para explicar, alguns membros das burocracias militares, de inteligência e diplomáticas permanentes dos EUA (“estado profundo”) tinham motivos políticos de interesse próprio para ordenar que agentes secretos como o infame Ray Epps incitassem seus oponentes a infringir a lei para desacreditar sua causa e estabelecer o pretexto para uma repressão . Motivações semelhantes também podem ter levado seus colegas brasileiros a fazer o mesmo por meio de agentes análogos que incitaram atividades ilegais em sua própria capital no domingo.

Protestos pacíficos não são ilegais nem nos EUA nem no Brasil, mas o contexto hiperpartidário em que os protestos pós-eleitorais ocorreram em suas capitais há dois anos e apenas neste fim de semana, respectivamente, aumentou drasticamente as chances de forças maliciosas poderem armar a multidão psicologia para manipular os manifestantes na direção que atende aos interesses políticos de seus “estados profundos”. Para ser absolutamente claro, a manipulação obscura não exime os participantes de seus crimes.

O SEGUNDO DILÚVIO MEDIÁTICO EM ANGOLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O percurso dos Media angolanos a partir de 1992 tem sido escorregadio, sinuoso e dominado pela chamada “imprensa privada” eufemismo para qualificar pasquins cujos conteúdos editoriais eram e continuam a ser ditados pela Redacção Única de quem quer colocar Angola de joelhos, para melhor roubar os seus recursos naturais. Teoria da conspiração? Nada disso.

A mudança do regime de democracia popular, forçada pelos vencedores da guerra-fria, abriu espaço ao multipartidarismo mas também ao nascimento de novos órgãos de comunicação social, na época apenas Imprensa e Rádio. Todos os novos partidos e novos Media tinham na agenda derrubar o MPLA custasse o que custasse. O dinheiro entrou a rodos nos bolsos de falsos jornalistas que deram a cara pelos pasquins.

O recrutamento de falsos jornalistas foi muito fácil. Não existia uma escola. Não existiam mestres. Quem começou na profissão em 1975, sem referências nem apoios, dificilmente podia resistir ao canto dos donos. 

Um exemplo para melhor se perceber o quadro. Um candidato a profissional de jornalismo precisa, no mínimo, de cinco anos na formação (jornalismo tutelado). Uma vez iniciada a carreira profissional, só ao fim de sete anos está em condições de assumir responsabilidades de coordenação e chefia. Isto quer dizer que as e os melhores, em 1992 tinham, na melhor das hipóteses, cinco anos de experiência efectiva. Acontece que esses recursos humanos ficaram praticamente todos nos Media públicos. 

Os pasquins nasceram sem profissionais à altura e, portanto, sem capacidade para a prática de um jornalismo profissional dentro das fronteiras da honra, da dignidade e sobretudo da ética e deontologia. Pior era impossível, visto pelo lado do Jornalismo. Porque os donos dos pasquins, os seus mentores e financiadores, queriam mesmo assim. E assim se fez.

O tempo foi demasiado curto e os mentores do dilúvio menosprezaram a capacidade de intervenção do MPLA e dos seus militantes na área da comunicação social. Os novos partidos de nada serviram. Tiveram votações residuais e elegeram poucos deputados. A UNITA não teve tempo para lavar a cara e Jonas Savimbi, numa campanha eleitoral politicamente suicida, ainda sujou mais a quadrilha. Perderam estrondosamente. Os novos donos decidiram então apostar no sangramento do MPLA até se esvair e perder o poder. Na nova estratégia, o Sindicato dos Jornalistas e os pasquins que foram aparecendo, tiveram um papel importante.

POEMA DE SÁBADO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As calemas comeram a Ilha do Cabo e para a contra costa não ficar ligada à baía colocaram pedregulhos entre a primeira praia de mar, onde é hoje o Jango Veleiro, e o restaurante São Jorge, perto do farol. Eu acredito em milagres tanto mais que entrevistei o filho de Nossa Senhora de Fátima. 

Um dia fui fazer a reportagem do amargo arroz cultivado pelos falidos agricultores do Mondego na zona de Montemor, o mais velho. Estava a jantar num tasco enguias à moda da casa quando entrou um senhor muito bem-posto, botões dourados no casaco e lenço de ceda ao pescoço. Puxei conversa com ele, apresentei-me como repórter.

Ele respondeu imponente: Eu sou o filho da Nossa Senhora de Fátima. Era mesmo. Fiz logo ali uma entrevista entre uma garfada e vários copos de tinto. Quando pensava que ia receber um prémio de jornalismo com aquela peça, perdi o emprego. Mas, acreditem ou não, entrevistei mesmo o filho de Nossa Senhora de Fátima.

Na Ilha do Cabo vi claramente visto um grande milagre. Dois ou três anos depois das obras de protecção da costa, os pedregulhos ficaram cheios de búzios. Toneladas deles, agarrados às pedras. Aos sábados, manhãzinha, íamos apanhar os mariscos que depois a Guinhas cozinhava. À tarde comíamos o petisco enquanto jogávamos sueca.

Eu e o Ernesto Lara Filho perdíamos em silêncio. O Álvaro Novais e o Joca Luandense perdiam sofridamente. O Álvarito nunca sabia qual era o naipe do trunfo. O Pedro Jara e o Lopo de Morais quando perdiam, ficavam furiosos e viravam a mesa. Acabava a jogatana entrava a cerveja e o relato dos jogos do Sporingué, Benfica e FC Porto pelas vozes do Artur Agostinho, Nuno Brás e Amadeu José de Freitas. Tínhamos uma vida simplória por isso nunca percebi por que razão os colonialistas nos acossavam furiosamente.

Um dia prenderam o Ernesto Lara Filho. Foi mandado para o “campo de trabalho” do Péu-Péu, também conhecido por Forte Roçadas. Como ele era regente agrícola encartado pela escola de Coimbra, puseram-no a dirigir os trabalhos nas lavras. De prémio, foi-lhe consentido beber vinho e cerveja. Era o único prisioneiro com esse privilégio.

A GOLPADA DO BESA E O GOLPE DE BRASÍLIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Bertino e Figueiredo enriqueceram de uma semana para a outra à custa dos maiores ricaços de Luanda que, tirando José Ferreira do Negage e Venâncio Guimarães Sobrinho do Lubango, eram os maiores de Angola. O meritíssimo Júlio Castro Lopo (Juleca) era na época director da Polícia Judiciária. E explicou aos repórteres que os dois novos-ricos tinham um passado imaculado, nenhum conflito com a lei, bons filhos, bons irmãos, bons amigos.

Os dois novos-ricos fartaram-se de ser pobres apesar de trabalharem desde as seis da matina até à noite e bolaram um esquema rocambolesco para sacar uns milhões aos ricaços e passarem a ricos em grande velocidade. 

Na época era impossível tirar dinheiro de Angola se não fosse devidamente justificado com tonealdas de papelada. O escudo de Angola, fora da colónia, nem servia para papel higiénico. Bertino e Figueiredo serviram-se dessa debilidade do sistema e criaram cheques “visados” falsos. Cada cheque daqueles valia exactamente em escudos de Portugal o mesmo que estava lá escrito!

Despacharam milhões em cheques “visados”. O mais castigado foi Pedro D’Argent que era dono de uma casa de câmbios. Quando Bertino e Figueiredo foram para Lisboa, deixando as suas contas bancárias cheias de dinheiro, o cambista viu-os no aeroporto e perguntou-lhes: - Vão buscar mais material? 

E eles prontamente: 

- Sim, vamos buscar mais dez milhões! 

- Então não se esqueçam de mim! 

O ricaço queria ser mais burlado!

A corrupção que tem sido pública e impune no Parlamento Europeu e na ONU

PUSL - Nunca se escreveu tanto sobre a corrupção activa no Parlamento Europeu como nas últimas semanas. Começou com o Catargate e contínua com o Moroccogate. Sendo a corrupção do Catar ligada a um evento único , o mundial de futebol, já o Moroccogate tem vida longa e é, como já tantos disseram antes de nós, um segredo público que todos conhecem.

Marrocos, envolvido em escandalos atrás de escandalos, parece sair incólume de tudo, e só isso já deveria ter feito disparar os alarmes da justiça.

O Juiz Michel Claise, que está com o processo, é conhecido por não ter medo nem de pessoas influentes nem de instituições gigantescas, foi responsável por apanhar criminosos de colarinho branco de várias nacionalidades e inclusive de bancos, como o HSBC britânico. Narcotraficantes e clubes de futebol encontram-se na longa lista de alvos que Michel Claise levou à justiça com êxito.

Infelizmente a sede das Nações Unidas não se situa em Bruxelas, se assim fosse o juíz destemido poderia investigar o Moroccogate aí tambêm. Desde a corrupção da equipe de Navi Pillay, alta comissária para os direitos humanos das Nações Unidas, que foi denunciada pelo hacker Chris Coleman em 2014, que se sabe da podridão nos corredores da ONU quando se trata da ocupação ilegal do Sahara Ocidental por Marrocos (ver artigo: https://www.herald.co.zw/western-sahara-moroccan-shame-at-un-human-rights-council/).

A própria MINURSO, Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental, tem sido referida por ex-funcionários como um antro onde Marrocos ou corrompe ou exerce chantagem sobre os funcionários da Missão.

Mas também o Conselho de Segurança da ONU tem sido citado por ex-funcionários, onde alguns países do “grupo de amigos do Sahara” têm actuado nos bastidores para defender a ocupação marroquina e/ou prolongar o status quo, nomeadamente França, Espanha e EUA.

A chantagem é outra arma de Marrocos, que como foi denunciado pela Amnistia Internacional, utilizou activamente o sistema de espionagem Pegasus no PE, mas também contra activistas, politicos e ong’s a nível internacional não tendo escapado nomes de primeiros ministros como o caso de Espanha e França.

Os milhares de milhões que têm sido entregues de bandeja a Marrocos, e a impunidade com que Marrocos viola os direitos humanos, o direito internacional, e o desrespeito absoluto por decisões das Nações Unidas são indicadores claros da podridão das instituições e falta de investigação vigente.

Também na União Africana a admissão de Marrocos, país que viola o acto constitutivo da organização e pelo tanto não tem legitimidade para ser membro, demonstra que houve “trocas de favores” para conseguir o apoio necessário de alguns países africanos.

porunsaharalibre

Portugal | O PROBLEMA DA CORRUPÇÃO NESTE PAÍS, NA UNIÃO EUROPEIA...


Rodrigo Cartoon | Expresso, no Facebook

Portugal | POLÍTICOS SOB VIGILÂNCIA

Pedro Araújo* | Jornal de Notícias | opinião

Os portugueses gostariam de poder confiar nos seus políticos? Não tenho dúvida que sim. Mas podem confiar sem reservas? A realidade dos últimos tempos tem demonstrado à saciedade que, infelizmente, não é possível fechar os olhos e esperar que tudo corra dentro de um quadro mínimo de respeito por princípios éticos ou até legais.

Não havendo confiança, qual é a alternativa que resta a uma sociedade aberta, em que vão funcionando os pesos e contrapesos, nomeadamente a Comunicação Social, os reguladores, os supervisores e os tribunais, entre outros? A alternativa à confiança perdida é a vigilância. Ora, como afirma o filósofo Byung-Chul Han, "a sociedade da transparência é uma sociedade da desconfiança e da suspeita, que, devido ao desaparecimento da confiança, assenta sobre o controlo". Han explica ainda a raiz do problema: "a força da exigência de transparência indica que o fundamento moral da sociedade se tornou frágil, que os valores morais, como a honradez e a lealdade, perdem cada vez mais a sua significação".

Chegados a este ponto, e tendo como pano de fundo os "casos e casinhos" que brotam como cogumelos no interior de um Governo de maioria absoluta, é legítimo perguntar se os políticos gostam de ser controlados. Quem está no poder preferia não ser vigiado de forma intensa, uma vez que precisa de liberdade para agir, sem perder tempo a justificar tudo e mais alguma coisa. Ao longo da história democrática, houve períodos em que relativa rédea solta dada aos políticos assentou na confiança. No entanto, em muitos países foram sendo criadas sucessivas regras de controlo com o beneplácito dos próprios políticos. Porquê? Porque quem sente que a estadia no poder é temporária procura sempre criar mecanismos de controlo dos futuros governos de outra cor política. Por outro lado, fazer o discurso da transparência, mesmo que a contragosto, rende votos numa sociedade informada, exigente e fã da comunicação voyeurista.

*Editor-executivo-adjunto

Vilanagem não se farta | Presidente da Câmara de Espinho detido por corrupção

O presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis, foi detido, esta terça-feira. Além do autarca foram detidos um funcionário e três empresários. Há suspeitas de corrupção em licenciamentos e negócios imobiliárias e hoteleiros envolvendo dezenas de milhões de euros.

Miguel Reis assumiu a presidência do município de Espinho nas últimas autárquicas, em setembro de 2021, que devolveu o poder aos socialistas, após 12 anos de domínio social-democrata.

Além do presidente da Câmara, foram detidos um funcionário e três empresários. Estão indiciados pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências, avança a PJ através de comunicado. Foram executadas duas dezenas de buscas que visaram os serviços da Câmara, residências, de funcionários e empresas em Espinho e Porto.

FEIOS, PORCOS E MAUS - do Brasil a Portugal e resto do mundo


No Brasil o bolsonarismo terrorista da extrema direita está a dar frutos graças às manipulações e acirramentos de um diretorio de cariz nazifascista que almeja fazer o tempo voltar para trás e aniquilar a democracia reabilitando e reinstalando com toda a ferocidade os tempos de ditadura. Lula não! É a palavra de ordem de muitos militares, polícias e outros fascistas que abundam por aquele país e pelo mundo. O nazismo ganha forma e força por todo o mundo e há muito que usando-se da democracia que está saindo da toca. Assim, displicente, violento, manipulador, usando táticas modernas adaptadas aos tempos dos criminosos apaniguados de Hitler. Eles não são loucos. Nem os que embarcam nas suas loas o são. Eles são nazifascistas ou desiludidos pobretanas das injustiças da democracia que facilita a sua adesão ao que não lhes interessa mas comprovadamente, historicamente, interessa às elites que assassinam, reprimem e escravizam milhões de cidadãos pelo mundo inteiro. Acontece agora cada vez mais e os desatentos ou estúpidos dão cobertura e respaldo a essas elites tão limitadas em número que classificam de "os um por cento" da população mundial. São esses, afinal, os donos dos povos e do mundo. 

No Brasil tem sido Bolsonaro que com todas as deslealdades e mentiras manipulatórias encarna a extrema direita desumana e antidemocracia. E em Portugal, por exemplo, vimos um Partido Falsamente Denominado Socialista ou um Partido Falsamente Denominado Social Democrata que tem governado no esteio da direita antecâmara do nazifascismo, da extrema direita que em Portugal cresce. São loucos? Não. São desonestos, são corruptos, mentirosos, gananciosos, cães de fila dos cada vez mais ricos por via da exploração dos bens públicos roubados para o privado. Loucos é que não são. Nem os que os apoiam ou neles votam e depois se dizem enganados. Já não estamos em tempos de acreditar em loas provindas de políticos comprovadamente desonestos, manipuladores. Basta olhar e avaliar seus passados e suas governanças para sabermos quão desonestos são e por quem pugnam. 

Assim acontece por todo o mundo. Os povos deixam-se manipular facilmente... No Brasil e em Portugal nada é diferente e as políticas em vigor no Ocidente parecem estar a ser 'desenhadas' (ditadas) a régua e esquadro. Na União Europeia é flagrante, até parece imbuída pelo diretório dos EUA, do capitalismo selvagem vigente, desumano, falho no cumprimento dos Direitos Humanos que falsamente diz defender.

A retórica, neste percurso pensante, visto e revisto, daria pano para mangas. Avancemos. Adiante.

Hoje, mais uma vez, há escolas fechadas em Portugal. O governo - dito socialista - quer fazer dos professores e de outros trabalhadores da educação e do funcionalismo público um exemplo de esclavagismo. É assim que podemos e devemos considerar olhando os factos...

Na Justiça a bagunça, a rebaldaria, a opacidade, os milhares de milhões  que não sabemos para quem vão e por que vão levam-nos a suspeitar da corrupção, da desonestidade que pode ser recheio de boas vidas de senhores juízes e outros apaniguados. O tema é arrepiante e está a ser hoje notícia devido à abertura do Ano Judicial. Mas que Justiça é esta? Secreta? Dúbia? A decidir sobre milhões de euros e em que mais?

Cheira a esturro. Que democracia é esta? Veja-se, ouça-se na Antena 1 o seguinte:

A associação alerta para vários problemas da justiça. Um deles é a necessidade de mais integridade e transparência do sistema. O presidente da estrutura, Manuel Ramos Soares, sublinha que há milhões de euros a serem pagos pelo estado em acordos judiciais alcançados à porta fechada, sem escrutínio e que podem levantar suspeitas.

Ouvido a este propósito, o presidente da Transparência Internacional Portugal, Nuno Cunha Rolo, concorda que há opacidade nestes acordos judiciais, mas também nos tribunais superiores."

Ora, ora. Há décadas que assim é. Quem tem lucrado indevidamente à roda destes milhões referidos?

Avante, porque o melhor é dar espaço ao que aqui nos trouxe: O Curto do Expresso. Pois, a conversa é como as cerejas. Já sabemos. Ou será que são as regras falsamente democráticas e não transparentes que servem a alguns em prejuízo dos povos governados pelas elites desonestas que estão sistematicamente a atacar a democracia em prol dos seus benefícios pessoais e de máfias de certas e incertos exercícios profissionais?

Isto é muito complicado... Ou não. Basta pensar e saber estar atento aos algozes da democracia, da Justiça, das más governanças dos governos que se governam e às suas cliques. Ora, ora.

Basta. Siga para o Curto do Expresso... E estejam atentos aos algozes da democracia vindos de universidades em posse provável de canudos dúbios. Cursos superiores de desonestidades? Talvez. Infelizmente chegamos a isto e eles e elas são mais que as mães. São feios, porcos e maus... Pois.

Não esqueçamos que para além dos desonestos existem os seus contrários. São só esses que podem proteger e defender a democracia. Bem hajam!

Rita Marques. Fixem este nome e saibam a "triste história"... Adiante.

Bom dia e um queijo dos baratinhos.

MM | PG

Brasil | BEM-VINDOS À FAKEDEMOCRACIA

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Primeiro nos EUA e depois no Brasil, o assalto aos símbolos do poder democrático por quem recusa, em nome do "povo", o resultado de escrutínios eleitorais coloca-nos perante a evidência de que democracia, justiça e bem são noções que variam de acordo com quem ganha ou perde - como no futebol.

Neste domingo em Brasília, como a 6 de janeiro de 2021 no assalto ao Capitólio, pudemos ver em direto, ou quase em direto, as imagens dos assaltantes por si próprios, filmando tudo e filmando-se, através da partilha orgulhosa nas redes sociais - como quem não coloca sequer a hipótese de estar a cometer um crime e portanto a oferecer às autoridades as provas e identificação necessárias para os encontrarem e processarem.

Podemos, é claro, explicar isso com a excitação, aliada à falta de inteligência - ou ingenuidade, se quisermos ser caridosos. Mas sendo do conhecimento geral que muitos dos assaltantes do Capitólio foram identificados e acusados com base nas imagens partilhadas pelos próprios ou por companheiros de assalto, talvez seja avisado pensar noutras explicações.

Além de todos os motivos tontos, que também existem, como o da compulsão da selfie, aquelas pessoas querem mostrar-se naquele assalto porque consideram estar a fazer algo heroico, pelo bem, e ter com elas, por elas, muita gente, que pensam poder "levantar", contagiar, ganhar, com a partilha. Não é só o assalto que é uma ação política - a partilha faz parte da ação, como modo ostensivo de demonstrar que não só quem protagoniza não aceita a ideia de estar a cometer um crime como despreza quem assim o possa considerar. Porque, e o sequestro das cores do país e da sua bandeira como símbolos do movimento significam isso, para quem ali está, aquele é "o verdadeiro Brasil", o verdadeiro "povo".

GUERRA CONSTANTE PARA FAZER LULA RENUNCIAR À PRESIDÊNCIA DO BRASIL?

Vinícius Vieira: "Há uma ação coordenada para provocar guerra constante e fazer Lula renunciar"

Cientista político considera que proximidade ideológica entre manifestantes bolsonaristas e forças de segurança abriu caminho à invasão 

Esta barbárie era anunciada?
Esta destruição era anunciada porque a base dos militares e das polícias, muito permissiva no ataque, é muito próxima dos valores dos bolsonaristas que se manifestaram. Além da proximidade por causa da "bala", as polícias defendem a flexibilização do armamento, um dos pilares do bolsonarismo, há ainda a aproximação por causa da "bíblia", com associações de militares e polícias a realizarem cultos evangélicos, outro dos pilares do bolsonarismo, nas suas dependências.

Só as bases das forças de segurança estão, então, com Bolsonaro?
Não exatamente, porque, entretanto, este caso de domingo indica que houve uma falha também na cadeia de comando: temos relatos na imprensa de que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal tinha passado instruções mas a polícia militar não as cumpriu, logo há participação do baixo clero mas também de cabeças coroadas das polícias, a começar por Anderson Torres [o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e último ministro da Justiça de Bolsonaro]. Como é que ele, recém-empossado no cargo no Distrito Federal, não está em Brasília e sim na Florida, o mesmo lugar em que está Bolsonaro? É muito suspeito, para se dizer o mínimo, que o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro esteja no mesmo local do ex-presidente enquanto isto acontece, ainda para mais quando se viu que nos ataques foram roubadas armas do Gabinete de Segurança Institucional no Planalto. Não é, pois, apenas o baixo clero envolvido - há também elementos do alto clero.

Há mais indícios de conivência dos comandos militares com os invasores?
No Palácio do Planalto há pelotões de soldados em permanência no subsolo. Porque não agiram? Ou seja, pode haver conivência até do comando geral do exército. A passagem dos comandos do exército de Bolsonaro para Lula também não foi pacífica, o que indica muita resistência ao novo presidente. Enfim, tem de se investigar a fundo esta tentativa de golpe, porque o que se passou foi uma tentativa de golpe - eu nunca previ que o bolsonarismo iria fazer um golpe bem-sucedido, mas sempre disse que iria tentar, e foi isso que se viu no domingo.

Havendo participação do "alto clero" das forças de segurança, falar em eventualidade de golpe no futuro não é, então, exagerado?
Ninguém vai individualmente tentar um golpe, mas vai estimular este tipo de convulsão social de forma a tentar, no longo prazo, o pedido de renúncia de Lula... Pode ser essa a tática do bolsonarismo, porque o problema ainda não está debelado. Houve bloqueios em São Paulo e invasão a refinarias em Curitiba hoje [segunda-feira, dia 9] e outras chamadas à convulsão social do tipo numa articulação sem um comando central definido mas que envolve Jair Bolsonaro. Aliás, a meu ver, ele tem de ser deportado dos Estados Unidos o quanto antes. Joe Biden deve reconsiderar a permanência dele.

A ideia é então criar uma situação insustentável para Lula no longo prazo?
Há uma ação articulada para inviabilizar o governo do Lula, de tentar um impeachment ou uma renúncia. O Congresso está muito à direita, ou seja, Lula vai enfrentar um legislativo hostil e venceu as eleições por pouca margem. Deve, portanto, estar atento, porque a sua situação se assemelha às de Collor de Mello e de Dilma Rousseff, ambos derrubados. Vejo uma tentativa de guerra constante para fazer Lula renunciar a partir de uma direita radical, e não só - até alguns dos que assinaram notas de repúdio destes atos ficariam felizes ao vê-lo renunciar. Temos uma situação de guerra.

Mas Lula tem o apoio da comunidade internacional.
É mais necessário do que nunca manter esse apoio democrático internacional da UE, dos Estados Unidos, dos outros países da América do Sul à democracia brasileira e ao seu chefe de Estado legitimamente eleito.

João Almeida Moreira | Diário de Notícias | Imagem: Sebastião Pereira / EPA

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