<> Artur Queiroz*, Luanda
Ano de 1942, dia 15 de Julho. O governo colaboracionista da Holanda entregou 100.000 judeus à Alemanha de Hitler. Foram internados nos campos de extermínio de Auschwitz, Sobibor e Bergen-Belsen. Quase todos assassinados nas câmaras de gás, mal chegaram. Entre 22 de Julho e finais de Setembro, 300.000 judeus que viviam nos guetos de Varsóvia foram deportados para o campo de extermínio de Treblinka. Todos assassinados.
Ano de 1944, o meu. Entre 15 de Maio e o final de Agosto, 440.000 judeus da Hungria foram deportados para Auschwitz e ali assassinados nas câmaras de gás. Os nazis chamaram a estes crimes a “solução final”. A Humanidade sabia que estavam a acontecer os extermínios. Os governos da Bélgica, Holanda, Noruega, França, Polónia, Hungria, Itália, Roménia e Grécia sabiam de tudo e colaboraram. Fecharam os olhos, taparam os ouvidos e calaram a boca como os macacos amestrados na arte da sobrevivência. Minha avó Ana era oriunda de judeus sefarditas, expulsos de Espanha. Ancoraram no Couto de Ervededo, Chaves. Em tempos idos havia na cidade uma judiaria e a sinagoga. Ela tinha medo de ser deportada pelo Salazar!
Se fizerem as contas vão concluir que entre 1942 e 1944 foram deportados da Holanda, Polónia e Hungria 840.000 judeus, quase todos exterminados nos campos de concentração nazis. Os que escaparam foram libertados pelo Exército Vermelho, em 1945.
A Faixa de Gaza tinha dois milhões e meio de habitantes em Outubro de 2023. Entre mortos e refugiados esse número ficou muito reduzido. Donald Trump, o chefe da Casa dos Brancos, quer deportar os sobreviventes para o Egipto e a Jordânia. Como não é muito bom em contas fala num milhão! O mundo ouviu e calou. Aos palestinos, o Hitler dos nossos dias e os nazis de Telavive apontam dois caminhos: O genocídio na Palestina ou a deportação para o deserto onde o extermínio é morte lenta.
Os Media mundiais e as redes sociais estão nas mãos dos oligarcas das “tecnológicas” que constituem a base social de apoio ao Hitler da Casa dos Brancos. Exímios gestores de manipulação, desinformação e silêncios cúmplices. Trump telefonou à primeira-ministra da Dinamarca e disse-lhe que vai anexar a Gronelândia por razões de segurança. A senhora deu um gritinho e recusou. Os oligarcas puseram a circular que “a conversa correu bem”.
Tirando a desinformação, notável foi a censura. Dinamarca é um país da OTAN (ou NATO). Uma parte do seu território está sob ameaça de ocupação pelos EUA. Nenhum país da aliança militar abriu o bico ante as ameaças de Trump. A Dinamarca é um país da União Europeia (o quarto em termos de PIB) e Bruxelas fica em silêncio ante as ameaças do Hitler da Casa dos Brancos. Amanhã os EUA dizem que vão anexar a Região Autónima dos Açores por razões de segurança. Lisboa come e cala. Bruxelas assobia para o lado.
O Presidente João Lourenço recebe um emissário de Washington Dici informando que por razões de segurança, Trump vai anexar Cabinda e toda a costa angolana até ao Ambriz. O Corredor do Lobito diz sim patrão e a ocupação avança com guarda de honra das Forças Armadas Angolanas. O novo território chama-se República de Angola Norte, um velho sonho dos EUA e Mobutu. O presidente é Adalberto Júnior que deixa a costa e sobe a encosta para chegar a sénior. Este fica mais barato.
A saudação nazi de Elon Musk na tomada de posse de Trump foi de propósito, Para o mundo saber o que aí vem. Hitler queria dominar o mundo pela força das armas. O novo patrão da Casa dos Brancos não precisa disso. Bastam-lhe os oligarcas das ”tecnológicas” e a internacional fascista, que criou durante o seu primeiro mandato, a partir da “Carta de Madrid” . Lembram-se da globalização? De Washington Dici agora vem o sinal contrário. Nada de governos globais. Todos no seu canto e depois obedecem às ordens de Trump. Para a “América ser novamente grande” vão já sacar cinco por cento do PIB aos países da OTAN!
Elon Musk, o braço extremista de Trump, apoia o partido Alternativa para a Alemanha que faz parte da internacional fascista e é neonazi. Está em boa posição para chegar ao poder nas eleições alemãs, daqui a um mês (23 de Fevereiro).
Os nazis de Telavive estão furiosos porque o HAMAS libertou quatro prisioneiras militares e não incluiu no pacote, uma prisioneira civil. Para mostrarem quem manda, deixaram mais de 500.000 palestinos s encurralados no sul de Gaza, que queriam regressar ao norte do território aproveitando o cessar-fogo. Por trás das quatro prisioneiras israelitas estava escrito em árabe: “O Sionismo Será Derrotado”. Uma senhora especialista em relações internacionais disse num canal português de televisão: “Por trás das reféns está escrito que Israel será derrotado. Isto prova que a paz é impossível”.
Os oligarcas das “tecnológicas” apostam tudo na mentira, na manipulação e na desinformação. Israel é um país. Judeus são os seguidores de uma religião como cristãos, budistas ou islâmicos. Sionismo é uma ideologia que no século XIX defendia a existência de um “estado judeu” mas hoje é a expressão do genocídio na Faixa de Gaza Os nazis da Casa dos Brancos hoje mesmo levantaram a proibição de envio das bombas mais pesadas para Israel.
O mundo sabe que a internacional fascista está a tomar o poder em todo o ocidente alargado mas também no sul global. Lula da Silva sabe que algumas dezenas de brasileiros que viviam nos EUA foram acorrentados, algemados e deportados para o Brasil. Canais de televisão brasileiros e mundiais mostraram esses seres h manos arrastando as correntes presas aos tornozelos. Lula bradou contra as eleições na Venezuela. Mas ficou em silêncio ante este crime hediondo contra cidadãos brasileiros. Entre os políticos no poder quem sobra com honra e dignidade? Mali, Níger e Burkina Faso, seguramente. Ainda que João Lourenço fale em “mudanças inconstitucionais” naqueles países. É o que lhe mandam dizer.
Por favor, expliquem a sua excelência, o Titular do Poder Executivo e Presidente da República que não garantir habitação digna a todos os angolanos é uma mudança inconstitucional. Não garantir educação e saúde a todos os angolanos é uma mudança inconstitucional. Não garantir trabalho com salário digno a todos os angolanos em idade activa é uma mudança inconstitucional. Comprar sentenças, juízes e tribunais a dez por cento dos “activos recuperados” é uma mudança inconstitucional. O Povo Angolano é vítima de muitas mudanças inconstitucionais. Vamos ver se em breve não temos bases militares estrangeiras no território angolano. Uma grave mudança inconstitucional.
* Jornalista
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