< Artur Queiroz*, Luanda >
O Dia da Paz e Reconciliação
Nacional marca a mudança mais radical alguma vez acontecida
Líderes militares da dimensão dos Generais Armando da Cruz Neto, Luís Faceira ou Zumbi decidiram que a rebelião armada tinha de acabar. O seu líder, Jonas Savimbi, ou aceitava a democracia ou em Angola não existiria um buraco onde se esconder. Estou a falar da Operação Kissonde cujo desfecho foi a Paz dos Bravos, revelada ao mundo no abraço entre os Generais Armando Cruz Neto e Abreu Muhengo Ukwachitembo (Kamorteiro).
Dia 4 de Abril significa o culminar de sacrifícios sem nome durante e a Luta Armada, a Guerra da Transição, a Guerra pela Soberania Nacional e Integridade Territorial. É resultado de lideranças políticas inteligentes e heroicas. Permitiu construir a nova Angola sobre os escombros da guerra de agressão estrangeira que durante décadas enfrentámos.
Alguns políticos da Oposição pensam que reconstruir um país, dotá-lo das infraestruturas que durante décadas foram sabotadas, matar a fome aos que tudo perderam na guerra, curar as feridas, levar o progresso onde só existem escombros, é tão fácil como fazer promessas insensatas, bolsar mentiras e calúnias sobre os que ganham as eleições. Reconstruir uma pequena parcela de Angola demora muitos anos e exige avultados recursos financeiros. Destruir é muito mais fácil. Bastou carregar no gatilho ou provocar as explosões. Esse é o legado da UNITA. No passado e no presente.
Aqueles que em 2002 estavam prestes a perecer, famintos e piolhosos, sem forças para respirar, foram alimentados, limpos, desparasitados, tratados nos nossos hospitais. Em poucos dias estavam como novos.
Mas pensam que recuperar dos anos perdidos, levar o progresso a todo o país, refazer os circuitos de produção e distribuição, construir escolas, centros de saúde e hospitais, pôr os comboios nos carris, recuperar os aeroportos que eles destruíram, refazer as barragens ou as linhas de alta tensão, se faz com a mesma velocidade com que foram resgatados da morte por inacção. Os piolhos que os infestavam foram eliminados num ápice. As feridas nos angolanos e no solo sagrado da Pátria levam muito mais tempo a curar.
O Dia 4 de Abril não é dos que querem tomar o poder a todo o custo, pisando os valores democráticos e a vontade do Povo Soberano. Não é dos que prestam vassalagem aos que sempre quiseram fazer de Angola o seu quintalão.
O futuro de todos os angolanos é risonho. Mesmo para aqueles que vão a Lisboa pedir aos antigos amos que ponham a máquina do tempo a andar para trás. Mas o futuro dá muito trabalho, no presente.
Quem se exclui de construir a Angola de hoje está a cometer um erro capital, porque aqueles que votam, os cidadãos que de cinco em cinco anos vão escolher os deputados e um novo Presidente, podem apontar muitos erros aos que ganharam as últimas eleições. Até podem estar desiludidos com a governação. Podem até reclamar por promessas não cumpridas.
Mas têm uma certeza: Nunca viram ao seu lado os políticos da Oposição. Não conhecem as suas obras. Desconhecem o que fazem diariamente pelo Povo Angolano. Os eleitores sabem que dizer mal, criticar, desqualificar, é muito fácil. Construir, nem que seja uma casa de adobes ou uma lavra, dá imenso trabalho.
A verdadeira reconciliação nacional faz-se na construção quotidiana da nossa casa comum: Angola livre e democrática. Se a Oposição se obstina em não apanhar o comboio que avança inexoravelmente rumo a um futuro brilhante, corre o risco de ir fazer companhia aos derrotados do colonialismo e do apartheid.
A senhora Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, é autora de uma excelentíssima cartilha maternal. Hoje presidiu à cerimónia oficial do Dia da Paz e Reconciliação Nacional no Luau, província do Moxico Leste. Fez um longo discurso que me empolgou. Há muitos anos que não ouvia palavras tão sábias e actuais. Bateu muito esta parte daquela peça extraordinária de oratória: “Graças ao Presidente da República João Manuel Gonçalves Lourenço”. Inigualável. Eu que sou burro e cegueta só vejo em deus na Terra o João das Medalhas.
Durante a atribuição das medalhas dos 50 anos da Independência Nacional, Grau Paz e Desenvolvimento, foi condecorado o poeta Rui Duarte de Carvalho apresentado pela TPA como Rui de Carvalho, o jornalista e antigo ministro da Comunicação Social, entre outros cargos relevantes no partido MPLA e no Estado. Meia hora depois corrigiram o erro que só aconteceu por analfabetismo e negligência.
Continuam, condecoradores e divulgadores, a colocar aspas no nome do General Farrusco. Como se fosse uma alcunha. Acontece que é mesmo o seu nome de família, no qual ele tem muito orgulho, como um dia me disse.
O problema do analfabetismo na comunicação social e em alguns serviços do Estado é que ninguém consegue corrigir os erros. Porque as analfabetas e analfabetos de pai e mãe são incorrigíveis. Acreditam que podem fazer o que lhe apetecer com o nome das pessoas.
Acontece aos piores. Haja Paz!
* Jornalista
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