< J. Bazeza, Luanda >
Na República da Sanzala as crianças são humilhadas pelo soba grande. O chefão e seus auxiliares continuam a caminhar na sua faixa de rodagem atropelando o povito do futuro. Como já fizeram e continuam a fazer com os velhotes, as mamãs e manas zungueiras, os jovens desempregados. Estes governantes só são amigos dos piratas das indústrias que compram as empresas a funcionar e depois fecham-nas, para entrarem no esquema das importações sobrefacturadas.
As empresas fechadas é que dão lucros. Os piratas não pagam impostos, só recebem dinheiro dos cofres públicos. E se forem da quadrilha do marido da cabeleireira das Finanças, recebem fortunas. A pirataria das importações não tem responsabilidades com os trabalhadores. Nem sabem o que é isso de descontos para a Segurança Social.
Quem mandou os pobres nascerem aqui na Sanzala? Os seus bisavós, avós, pais e tios lutaram pela Independência Nacional. Muitos já baicaram e eles continuam rijos aqui, vivendo pior do que o cambua. São bem teimosos, não querem emigrar. Paciência! São tema de conversa nos hotéis, nos bares e restaurantes das cidades altas e baixas. Entre alguns auxiliares do soba grande há os fabricantes de fortunas. Hoje valem milhões, amanhã biliões e no dia seguinte triliões. Sempre a subir até ao Dubai. O filho do Cacau já é mais rico do que os gringos do petróleo.
O povito está a lamentar muito. Os mais velhos dizem que no alto da cidade há pessoas desumanas. O chefão não tem cabeça nem talento para governar como o Manguxi e o Ngazuza. Nas reuniões dos conselhos, sejam de ministros, da república ou do comité central, quem faz críticas é logo apontado como conspirador.
Isso é que fez o Boca Azul bravar, tal como o seu amigão Mafioso. Leram no Diário da República da Sanzala que o director do Instituto Nacional das Crianças pediu aos pacatos cidadãos para não ajudarem com dinheiro os meninos de rua, porque isso desestimula irem às escolas! Este é mesmo maluco de comer nos contentores do lixo e de papel passado! Os milhões de crianças fora do sistema de ensino afinal não vão à escola porque recebem dinheiro nas ruas. Deve ser dinheiro falso distribuído pela kingila dos impostos.
Boca Azul disse que isto é
notícia falsa. Como a merenda escolar, ou coisa parecida. Esta é a pior e grave
aldrabice que estão a fazer aos filhos dos desgraçados. Humilhações às crianças
que só s vão para as ruas à procura de biscates ou pedir esmola e para ajudar a
casa no comer.
Porque a pensão dos avós ou dos pais não acompanha a subida do pão. Para não
falar do leite e da manteiga. Aliás o pão com queijo só vai à mesa dos filhos
do soba grande e seus auxiliares. É um luxo!
Mafioso fez uma comparação com a República do Muceque. Lembrou que há alguns anos a Procuradoria-Geral da República ao tomar conhecimento dos maus tratos contra crianças abriu um processo-crime contra o director nacional. Este, quando ouvido, abriu o jogo. Falou a verdade e acusou os ministérios da promoção da mulher, reinserção social e educação, governos provinciais e administrações municipais como os principais culpados das desgraças e humilhações das crianças da República do Muceque, porque esses é que têm as políticas publicas e as verbas para fazer bem e dar tudo de bom às crianças.
Esses auxiliares foram os causadores das desgraças das crianças. Mafioso, depois de um sorriso, disse que no Muceque os auxiliares são verdadeiros servidores públicos e a comunicação social publica ajuda a uma boa convivência. Falando, mostrando e escrevendo a verdade e denunciando os ngumas das crianças humilhadas.
Agora nas cidades altas e baixas o povito exibe cartazes mostrando que está raivado: Abaixo as vossas arrogâncias! Morte às vossas pretensões de maltratar os nossos avós, pais, mamãs e manas zungueiras! Abaixo os ladrões de todos nós. Morte aos estragadores do nosso partido que é o povo e o povo é o nosso partido. Exigimos o regresso dos operários e camponeses ao poder. Fora os que só sabem bajular para roubar melhor.
O que se passa na República da Muceque só pode comparar-se à alta tecnologia do Oliveira careca mental. E à propaganda do Caldas asinino. Mal comparado, é o triunfo da mentira.
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