< Artur Queiroz*, Luanda >
Eu gestor me confesso. A primeira
qualidade no negócio é resiliência. Estou lá. A segunda é fazer das tripas
coração e as repectivas artérias. Há oito décadas que aguento as oscilações do
mercado. A minha empresa é micro mas quando há kumbu, gasto
Gerir a Sonangol deve ser difícil. O engenheiro Manuel Vicente decidiu que a petrolífera nacional ia entrar no capital do Millennium-Banco Comercial Português. E entrou com uma a posição accionista potente. De repente, os gestores da maior empresa angolana decidiram desfazer-se de tudo quanto era negócio lateral e concentrar os seus esforços no petróleo. Esta decisão aconteceu após Manuel Vicente se comprometer ir ao aumento de capital do maior banco privado português (BCP), onde a Sonangol já era accionista de referência.
O presidente do conselho de
administração do banco, Carlos Santos Ferreira, avançou com o processo. E de
repente a Sonangol desistiu. Criou um tremendo problema ao gestor mas ele
conseguiu resolver. Daí resultou que a posição accionista da Sonangol no
Millennium BCP caiu para 19,5 por cento. Um mau negócio porque hoje a
petrolífera nacional recebe muito dinheiro
No cumprimento da decisão de
concentrar esforços no negócio do petróleo, Manuel Vicente e o seu conselho de
administração decidiram vender acções da AAA Seguros. Carlos São Vicente
aproveitou a oportunidade e comprou o que pôde. Em
José Gomes Ferreira é um dos maiores escritores de Língua Portuguesa. Travei conhecimento com ele através da poesia. Mais tarde crónicas. O seu Livro “O Mundo dos Outros (Histórias e Vagabundagens)” é uma joia da Literatura Universal. Hoje vou entrar nas Palavras dos Outros. O Jornal de Angala presenteou-nos com um texto de Eva Ferreira da Conceição, Meritíssima Juíza. Leiam a parte que escolhi para nós:
“Ser mulher no judiciário é mais do que ocupar um espaço; é preencher esse espaço com significado. Não é apenas julgar processos, mas tocar vidas, inspirar mudanças, e construir pontes onde antes havia muros.
Cada desafio que enfrentei, cada lágrima que escondi, cada vitória que celebrei silenciosamente… tudo isso construiu a juíza que sou hoje. E se há uma certeza que carrego é esta: nós, mulheres, não somos frágeis por sentir, nem menos competentes por cuidar. Somos poderosas justamente porque conseguimos sentir e cuidar enquanto transformamos o mundo à nossa volta.
Lembro-me especialmente de uma visita ao centro prisional que marcou minha trajectória. Ao olhar para aquelas mulheres em situações de extrema vulnerabilidade, compreendi ainda mais o papel transformador que nós, mulheres juízas, podemos desempenhar na sociedade. Não se trata apenas de aplicar a lei, mas de humanizar o processo, de ser ponte entre a Justiça e a Dignidade Humana”
Senhor Presidente da República. Mesmo que a Meritíssima Juíza Eva Ferreira da Conceição fosse a única que pensa assim (não é), encerre os seus cárceres privados. Não dite sentenças antes dos julgamentos. Não compre magistrados judiciais a dez por cento da “recuperação de activos”. Não faça do combate à corrupção um truque para sacar bens dos outos. Não destrua o Poder Judicial cuja construção, tijolo a tijolo, nos custa os olhos da cara.
Pedro Miguel, do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), falou mas repisando os disparates do costume. Por isso o Jornalismo Angolano bateu tão fundo que já nem se ouve o eco do grito “tirem-me daqui”. Há um acontecimento na via pública. Os agentes policiais têm de garantir a segurança de todos. A liberdade de todos. Mas o Pedro Miguel acha que para jornalistas não há regras. Não há limites. Não há restrições. Porque em democracia há o direito de manifestação! Ninguém tente impor regras aos manifestantes. Muito menos aos repórteres.
O sindicato diz que os jornalistas Jubileu Panda (TV Maiombe) e Hermenegildo Caculo (jornal e TV F8) foram detidos. Borralho Ndomba (DW África) foi intimidado pelas autoridades. Vá lá, diminuíram os “presos”. Pedro Miguel bate na mulher, na namorada ou na menina da vida desprevenida que contratou. Ai da polícia se intervir. Jornalista é intocável. Pedro Miguel faz um assalto. Ninguém pode tocar-lhe. Pedro Miguel, bêbado, invadiu um hospital e agrediu técnicos de saúde. E daí? Ele é jornalista. Poderoso. Intocável.
Isaías Samakuva foi a Benguela e
dissertou numa conferência organizada pela Câmara de Fomento Empresarial
(CAFE). Tema: Perspectivas sobre o Corredor do Lobito”. A empresa que lhe
vendeu o texto dedicoumuito espaço ao Caminho-de-Ferro de Benguela. Ora bem. O
antigo líder da UNITA perdeu uma oportunidade de ouro para explicar por que
razão o Galo Negro partiu tudo, desde pontes a pontecos até estações e material
circulante, quando o CFB parou e os donos deixaram de facturar milhões. Podia
igualmente explicar por que razão entre 2001 e
Samakuva fica admirado por olharmos para o passado. Porque não é capaz de assumir o passivo dele e da UNITA. Ninguém pode confiar em vigaristas da História de Angola.
* Jornalista
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