domingo, 25 de maio de 2025

Angola | Dois Pesos à Medida -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda >

Ontem às dez da manhã foi lançado no Museu de Arqueologia em Benguela o livro de Jaime Azulay “Benguela a Ferro e Fogo (Memórias das Guerras de 1992 e 1993)”. A apresentação esteve a cargo do jornalista Rui Vasco. O governador Manuel Nunes Júnior esteve lá. A banda musical do repórter, cronista e escritor animou os presentes.

Já vou na terceira leitura do livro. O autor usou o tempo do repórter e a estrutura da crónica, que é muito frágil mas belíssima. Qualquer palavra fora do sítio faz desmoronar tudo. Recorrer a esta técnica foi uma ousadia mas é nela que Jaime Azulay se ente melhor. Na minha colecção das “Cem Melhores Crónicas Angolanas” estão algumas “Morro do Sombreiro”, de sua autoria. Material de primeiríssima.

Na página 169 conta “O Assassinato do Jornalista Jorge Costa”. Leiam: “A separação e a desconfiança entre colegas jornalistas, começou a ser mais notória, após a instalação da delegação da UNITA, na cidade. Foi no rescaldo da descoberta e neutralização de um atentado com explosivos contra o edifício da Rádio Benguela. Graças a uma cidadã que vivia na vizinhança, as bombas foram detectadas e neutralizadas por especialistas da Polícia de Intervenção Rápida. Os peritos calcularam que a carga encontrada, tinha capacidade para destruir totalmente o edifício da rádio, matando toda a gente que estivesse lá dentro”. Na página 258 a viúva de Jorge Costa conta como o marido foi morto pelos sicários da UNITA.

Benguela é a minha cidade. Respirei os perfumes do amor no bairro Benfica. Frequentei a Lanterna do Kioxe. Farrei e bebi no Salão Voz de Cabo Verde. Procurei desesperadamente meus amores perdidos na Massangarala. Sofri com a secura do Cavaco. Comprei um relógio a prestações ao Diamantino. Entrevistei o Emílio Marta e o Óscar fotografou-nos junto do seu Ford GT40. Fui vizinho do Urbano Fresta. Era protegido de Don’Ana e o Zé Guimarães vendeu-me bebidas a crédito. Eu estou no lançamento do livro dedicado à Mamã Candinda.

Jaime Azulaiy, vou fazer-te dois pedidos! Se fizerem uma segunda edição do livro eu faço a finalíssima revisão antes da impressão. O texto tem muitas gralhas. Faço eu a revisão final da próxima obra. Outro pedido. Por favor, pede à Mamã Candinda que seja também minha Mamã. Estou mesmo muito carente de uma mamã que me ensine a conciliar a noite noitista com o esplendor do luar

Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia, ficou chocada com a morte de dois funcionários da embaixada israelita em Washington. A nazi assumida disse solenemente que “nas nossas sociedades não há e não deve haver lugar para o ódio, o extremismo ou o antissemitismo. Apresento as minhas condolências às famílias das vítimas e ao povo de Israel”. Eu estou chocadíssimo. Aquele miúdo gringo que matou dois inocentes nas barbas da polícia e de uma segurança reforçada protagonizou uma espécie de incêndio do Reichstag (Parlamento alemão), ocorrido em 27 de fevereiro de 1933. Hitler usou este acontecimento para reprimir os adversários políticos mais temidos, os comunistas. O fogo foi ateado pelos nazis! 

Kaja Kallas não diz o mesmo quando os nazis de Telavive matam milhares de crianças, mulheres, funcionários da ONU, jornalistas, médicos e outros técnicos de saúde. Nunca apresentou condolências às famílias das vítimas. As bombas que matam em Gaza, os matadores que abatem palestinos na Cisjordânia nada têm a ver com ódio e extremismo. Tenho uma má notícia para a nazi que manda na diplomacia da União Europeia. O genocídio levado a cabo pelos nazis de Telavive na Palestina é a expressão máxima do antissemitismo. Cada dia mais de genocídio são mais achas atiradas para a fornalha do ódio aos judeus. Infelizmente a população de Israel ainda não percebeu isso.

António Costa, presidente do Conselho Europeu, também ficou muito chocado com o assassinato de dois funcionários da embaixada de Israel em Washington. Telefonou aos nazis de Telavive expressando a sua solidariedade. Mas não telefona todos os dias ao Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, chocado com o genocídio na Palestina e as centenas de mortes diárias, sendo a maioria crianças, mulheres, idosos e doentes! Fica em silêncio quando os nazis de Telavive bombardeiam campos de refugiados.  

O matraquilho que faz de ministro dos negócios com o estrangeiro em Portugal também telefonou aos nazis de Telavive a condenar o hediondo crime em Washington. Mas nunca fez o mesmo com a Autoridade Nacional Palestina condennd o genocídio em Gaza e na Cisjordânia. 

Para esta corja há os brancos e os outros todos. Sendo que há brancos de primeira e de segunda, como no antigamente em Angola. Branco que nascia na colónia ficava marcado no bilhete de identidade. No lugar da raça escreviam: Branco de segunda. Os ucranianos são brancos de primeira. Os russos brancos de segunda. Os israelitas são brancos de primeira. Os palestinos brancos de quinta até porque alguns são um tanto escuros.

Ainda não viraram a página do Hitler e agora querem mesmo estacionar nessa leitura, como manda Donald Trump, líder da internacional fascista e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Como sou bom rapaz informo que os caucasianos (ditos brancos…) são povos da Europa, da Ásia Ocidental, do Sul da Ásia e do Norte de África. Mas nesta altura do campeonato está tudo misturado. Que maravilha! 

Lembram-se da Globalização? Foi-nos vendida como a integração de todos os países na economia, cultura, tecnologia e política. O processo é impulsionado pelo comércio global, a migração, as tecnologias de comunicação, transportes e criação de empresas multinacionais. Em Portugal, os “migrantes” são humilhados e ameaçados. Agora ficam dias inteiros em filas intermináveis pra obterem um carimbo no registo criminal. Estão a desumanizar. Estão a humilhar e desprezar. Depois acontece um 15 de Março 1961 e ficam admirados porque os revoltosos se comportam como animais selvagens. Grandes hipócritas!

O partido português Chega teve até agora 1.345.689 Votos, está em terceiro lugar. É racista e xenófobo. Extrema-direita. Os “comentadores” que recebem uns trocos dos donos que financiam o partido extremista dizem que os votantes não são fascistas, racistas nem xenófobos. Então o que são? Dizem mais: Em Portugal não há tantos extremistas! Engano de alma. Há muitos, muitos mais. Juntem os votantes do Chega, da Iniciativa Liberal e uma parte da Aliança Democrática. São milhões. Imaginem o que aí vem. Um já era demasiado. 

* Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana