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Siona Casimiro |
< Artur Queiroz*, Luanda >
Siona Casimiro chegou a Luanda em finais de 1975 (ou meado de 1976?) e ficou ao cuidado de Manuel Rodrigues Vaz, para a integração no jornalismo. Espero que ninguém me leve a mal por esta revelação: Lúcio Lara empenhou-se pessoalmente no seu triunfo profissional. E ele correspondia lembrando que “o Camarada Lara é um dirigente muito abnegado!”
O Siona não escrevia em português
e por isso queriam levantar-lhe barreiras. Aí entrei eu em acção e expliquei
que isso de escrever é para os escritores. No Jornalismo há muita tarefa para
fazer e nenhuma passa pela escrita. O jornalista recém-chegado integrou-se
rapidamente e todos gostavam dele, mesmo os que torciam o nariz por não saber
escrever
Hoje Siona Casimiro foi condecorado no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional. Uma comentadora da TPA chamou-lhe Filho da Pátria Angolana. Fiquei orgulhoso e comovido. Espero que os donos do banditismo mediático, não lhe chamem “langa” ou “zairota”, porque nasceu no então Congo Belga, hoje República Democrática do Congo (RDC), exactamente no meu ano. Hoje os Jornalistas Angolanos estão todos de parabéns. Somos todos Siona Casimiro. E também Luísa Rogério. Só não digo que é minha amiga porque isso pode prejudicá-la. Mas estou muito orgulhoso por ter sido condecorada. Fomos colegas no Jornal de Angola
No longínquo ano de 1977 conheci um dirigente da JMPLA do Huambo, Marcolino Moco. Ficámos amigos para a vida. Em 1992, ele, Lopo do Nascimento e Kundi Payhama dirigiam a campanha eleitoral do MPLA. João Lourenço tratava da organização. Tens de entrevistar o Salomão Xirimbimbi para revelarmos a Angola e ao mundo o nosso programa económico. Agora tens que entrevistar o Kundi Paihama. Ele está no Huambo, vai lá. O Moco vai ser o nosso primeiro-ministro se ganharmos as eleições. Vai ao Bairro Azul entrevistá-lo. O camarada Lopo vai presidir a um comício no Lubango. Vai com ele e entrevista-o.
Marcolino Moco enveredou pelo Direito e pela vida académica. Afastou-se do MPLA para grande desgosto meu. Mas somos mesmo amigos para sempre. A sua condecoração deixou-me cheio de orgulho. Ao fim de tantos anos voltei a ver Moco e João Lourenço, frente a frente, a um palmo. Se Manuel Pedro Pacavira e Hermínio Escórcio estivessem presentes aproveitavam para lançar um grito: Viva a Grande Família do MPLA!. Gritei eu por eles. Havemos de voltar.
O “Novo Jornal” dos Madalenos rasga hoje um editorial que todos devemos agradecer. Porque ficámos a saber o que realmente querem os donos, sejam eles da capoeira, da pastelaria ou do Palácio da Cidade Alta. Para o recado ter mais força e credibilidade, até citam Luís Paulo Monteiro, antigo bastonário da ordem dos Advogados. Espero que se demarque imediatamente da vigarice.
Deputados da UNITA estão sob inquérito parlamentar pelo facto de terem efectuado uma visita à Morgue Central de Luanda. Filmaram. Divulgaram. Porque os sicários do Galo Negro acham que fiscalizar o Executivo é pegar numa moca e entrar inopinadamente num qualquer serviço público. Se as coisas não estiverem como na Jamba, matam logo os funcionários à paulada!
Fiscalizar as actividades do Executivo não é um bando de deputados entrar numa morgue, filmar e fotografar. Não é um sicário da UNITA entrar no Hospital Geral do Huambo e brandir a moca, forçando a entrada em locais onde só podem entrar profissionais de saúde e os utentes.
Fiscalizar a acção do Executivo não é imitar os torcionários da PIDE, por muitas saudades que os FLECHAS da UNITA tenham do tempo em que lutavam contra a Independência Nacional ao lado das tropas colonialistas.
O chefe dos sicários da UNITA no Parlamento, Liberty Chiyaka, deu uma conferência de imprensa para denunciar a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, porque não deixa os eleitos do seu partido comportarem-se como torcionários da Jamba. Porque entende que os deputados não são ximbas, não são sipaios, não são bufos, não são agentes da PIDE por muito que queiram imitar Jonas Savimbi. A Assembleia Nacional não é o acampamento da Jamba. Não é uma esquadra de polícia. Não é um covil de quadrilheiros.
A empresária Isabel dos Santos deu uma entrevista à Deutsche Welle (DW) e fez esta declaração:
“Há que viver até 2026, e depois até 2027. Eu aprendi que nós temos que viver um dia de cada vez, temos que ter muita gratidão, por acordarmos todos os dias. Temos que viver um dia de cada vez e ver o que a vida nos oferece. Aproveitar as melhores oportunidades e, sobretudo, contribuir. Eu vou sempre contribuir para Angola de uma maneira positiva. Vou sempre apostar numa transformação positiva para o meu país. É o país que eu amo. É a minha terra, o meu país. Não estou em Angola há oito anos. Quando voltar à Pátria vou encontrar uma Angola muito mudada, mas não deixa de ser a Angola do meu coração”.
A empresária Isabel do Santos acredita que o seu julgamento vai decorrer dentro das normas legais. Ninguém vai espezinhar a Constituição da República. As sete testemunhas apresentadas pela defesa, vão ser mesmo ouvidas e os seus depoimentos levados em linha de conta. Os relatórios, actas e pareceres apresentados vão mesmo ser apreciados pelos magistrados judiciais.
Só posso tirar uma conclusão. O julgamento de Isabel dos Santos só arranca depois de 2027 e não vai ser na Fazenda Mato Grosso. Se for antes, morre no exílio como morreu seu pai, o Presidente José Eduardo dos Santos.
* Jornalista
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