quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A DEPRECIATIVA POLÍTICA EM PERÍODO ELEITORAL




Eugénio Costa Almeida* – Pululu*

Esta noite estive a telever o Telejornal da TPA (uma parte) e houve uma peça, interessante, tanto pelo assunto como – principalmente, e não pelas boas razões – pelo conteúdo. Era sobre a inauguração da “nova” linha férrea entre as províncias do Namibe e a do Kuando-Kubango, ou seja, o Caminho-de-Ferro de Moçamedes, onde o Governo gastou qualquer coisa como cerca de 3,3 mil milhões de dólares entre infraestruturas, modernização da linha férrea, estações e afins.

Não está em causa os gastos, por muito elevados que sejam, quando o que está subjacente é os desenvolvimentos locais, regionais ou do País.

Espera-se sempre que esses gastos sejam mesmo a favor das populações.

Agora, se a inauguração é – seria, mais correctamente – um acto normal numa Governação, independentemente de quem mais beneficia desse acto, já não me parece correcto, diria, digno, fazê-lo em plena campanha eleitoral e com evidente imagens partidárias, conforme comprovaram as imagens televisivas que não o ocultaram, bem pelo contrário, no caso do MPLA – onde um dos convidados mostrava orgulhosamente o seu boné político – ou a presença massiva das senhoras da OMA.

Sendo um bem público e multinacional, parece-me que seria melhor fazerem a inauguração antes do início da campanha eleitoral (e depois mostrá-la quando e quantas vezes o partido beneficiário quisesse no seu tempo de campanha) ou depois do acto eleitoral.

Nessa altura, os mesmos ou os novos vencedores com a natural presença – assim determina o espírito democrático de um acto eleitoral – dos vencidos e impulsionadores da modernização – e/ou de todas as modernizações – far-se-ia os actos inaugurativos que fossem necessários.

Penso, ate, que não estarei errado – corrijam-me se estiver – que esses actos são vedados pela Lei Eleitoral e criticáveis pela CNE. Se não forem, deveria ser ou, pelo menos, deveriam estar inferidos no bom senso eleitoral.

Pode ser que tenha sido um caso sem caso e sem repetição.

O problema, o problema, é que já não é caso virgem, nomeadamente, quando se (re)inaugura coisas sem fim e, algumas delas já quase centenárias como, por exemplo

Considero que é altura do bom-senso regressar a uma campanha eleitoral que, amanhã, terá o seu último dia de suavidade climática, já que amanhã, 15 de Agosto acaba, oficialmente, o Cacimbo e começo o calor que se almeja seja gradual, elegante e de saudável amplitude térmica…

(Foto ©Expansão)

* Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

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