Iam de
Portalegre numa excursão ver um presépio em Santa Maria da Feira. Mas havia
obras no IC8 e o piso estava molhado. O autocarro caiu para uma ravina
Onze pessoas
morreram e 33 ficaram feridas depois de o autocarro em que seguiam se ter
despistado e caído numa ravina, por volta das 8h30, no nó de acesso do IC8 ao
Carvalhal, na Sertã, distrito de Castelo Branco. A circulação no IC8 foi
cortada nos dois sentidos.
Era um grupo de 44
pessoas, sete crianças. Tinham partido de Portalegre, Arronches e Castelo de
Vide, com destino a Santa Maria da Feira, onde iam visitar o presépio de São
Paio de Oleiros - que abriu no final ano passado como sendo o maior de mundo. O
organizador, Luís Barbas, foi alugar o autocarro a uma empresa de Badajoz,
chamada Autocares Rabazo. Também lá estava. E levava o filha de dez anos.
Nenhum dos
ocupantes escapou incólume. Todos – excepto os dez que foram dados como mortos
no local – foram levados para os hospitais de Castelo Branco e de Coimbra. Para
ajudar no resgate foram precisos 323 bombeiros e agentes da protecção civil,
124 veículos, gruas e um helicóptero. Um hospital de campanha foi montado no
local e dezenas de ambulâncias foram posicionadas na estrada para transportar
os feridos.
As crianças
sofreram apenas ferimentos ligeiros, adiantou o oficial de dia do comando
territorial de Castelo Branco. Um dos feridos graves morreu já no Hospital
Universitário de Coimbra, onde continuavam internadas quatro pessoas no domingo
à noite.
No Hospital dos
Covões, também em Coimbra, estão outras quatro e no Hospital Pediátrico deram
entrada quatro crianças. Às 15h30, duas estavam em condições de ter alta. As
outras duas deveriam permanecer mais dois dias no hospital, devido a fracturas,
segundo o director clínico da equipa de urgência, Jorge Saraiva.
No domingo à noite,
a última actualização dava conta de 21 pessoas hospitalizadas (12 das quais em
estado grave), havendo outras 12 a quem tinha sido dado alta.
O motorista é
português, vive numa pequena localidade nos arredores de Portalegre. Ainda não
pôde falar para contar o que aconteceu, mas este não é o primeiro despiste a
acontecer ali. Houve um na quarta-feira, outro na sexta anterior. À Rádio
Portalegre, o organizador contou que o autocarro entrou em derrapagem, deu uma
cambalhota e caiu para uma ravina, devido a um “ressalto no piso” que apanhou
de surpresa o motorista.
No local, o
vereador das Obras da Câmara da Sertã, Rogério Fernandes, explicou ao PÚBLICO
que aquele troço está em obras, com um piso provisório, e que por isso há
sobreposições que formam várias lombas. Metros antes do local em que o
autocarro se despistou está uma dessas lombas.
Já no acidente de
quarta-feira, tinha acontecido o mesmo: um camião de transporte de automóveis
despistou-se, depois de um ressalto numa dessas lombas, contou ao PÚBLICO o
condutor.
Na estrada há
vários avisos. Mas isso não tem evitado os acidentes. “Com esta chuva e este
piso têm surgido vários acidentes”, disse o presidente da câmara, José Farinha
Nunes, aos jornalistas no local do acidente. José Nunes afirmou que já tinha
alertado a Estradas de Portugal para o perigo. No Verão – quando também ainda
não tinham começado estas obras – não costumava haver acidentes ali.
O IC8 esteve
cortado nos dois sentidos até às 17h30, altura em que a GNR abriu uma das
faixas para servir ambos os sentidos. às 20h50, foi restabelecida a circulação
de forma normal.
O autocarro
envolvido no acidente no IC8 foi removido com recurso a uma grua, cerca das
14h50.
As causas do
acidente estão ainda por apurar.
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