domingo, 24 de fevereiro de 2013

DOCUMENTÁRIO MOSTRA EXPLORAÇÃO DE ESPANHÓIS NA AMAZON ALEMÃ




Roberto Almeida, Berlim – Opera Mundi

Trabalhadores são aliciados com promessas que não são cumpridas e passam a ser vigiados por seguranças ligados a grupos neonazistas

Um documentário da TV estatal alemã Hessischer Rundfunk, afiliada à rede nacional ARD, gerou forte repercussão sobre as péssimas condições de trabalho na Amazon.de, versão local da gigante do varejo online. Com meia hora de duração, “Entrega feita! Os Temporários da Amazon” (que pode ser visto aqui), dos jornalistas Peter Onneken e Diana Löbl, apresenta o recrutamento de pessoas com promessas salariais vazias, alojamento em hotéis abandonados e intimidação por seguranças ligados a grupos neonazistas.

As filmagens ocorreram durante novembro e dezembro do ano passado, período em que a Amazon saiu em busca de temporários para suprir a demanda e cumprir seu cronograma apertado de entregas no Natal europeu. O roteiro, que denuncia abusos trabalhistas, é facilmente reconhecível, semelhante a casos na América Latina. O que chama a atenção é a origem da mão de obra aliciada: são espanhóis expostos pela crise, onde o desemprego bateu na casa dos 26% em janeiro.

Eles contam que estavam animados com a possibilidade de trabalhar em uma gigante multinacional, com salários de cerca de 8 euros por hora (em torno de R$ 20), mas que acabaram indo parar em empresas terceirizadas, ganhando até 12% menos. Em seguida, seus direitos foram cerceados. Entre eles, o da privacidade.

É o caso de Silvina, uma professora de artes desempregada, que embarcou na promessa de uma das subcontratadas pela Amazon alemã. Entrariam no pacote casa e comida, que são na verdade um hotel fechado a quilômetros do local de trabalho, na região de Bad Hersfeld, centro da Alemanha.

A área é vigiada por seguranças vestindo uniformes paramilitares, alguns claramente associados a grupos de extrema-direita que, segundo as vítimas, dizem ter poderes de polícia. Se não forem obedecidos, eles ameaçam expulsar os trabalhadores do hotel sem comida e sem salário, o que chocou a população local. Há semelhanças demais com os campos de trabalho forçado do período nazista. Um deles tenta evitar as filmagens e intimida os produtores. 

O documentário já teve mais de 4 milhões de visualizações e gerou debates sobre o boicote à Amazon na Alemanha. A classe política local também se envolveu. A ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen, da CDU (União Democrática-Cristã), mesmo partido da chanceler alemã, Angela Merkel, cobrou uma posição da gigante multinacional sobre as condições de trabalhadores temporários.

O primeiro resultado veio à tona no dia 18 de fevereiro. Em nota, a multinacional afirmou que é responsável pelo bem-estar de seus empregados e que, por isso, terminaria imediatamente o contrato com a empresa que forneceu alojamento, transporte e os serviços de segurança para seus funcionários. Mas a agência federal de emprego alemã encontrou violações de leis trabalhistas. O caso ainda está sob apuração.

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1 comentário:

Anónimo disse...

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