sexta-feira, 5 de abril de 2024

Angola | A Juventude da Paz – Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

O 4 de Abril é muito mais do que uma data no calendário e os tempos que vivemos estão muito longe da rotina ou da espuma dos dias. Nos símbolos da Pátria, o 4 de Abril ocupa um lugar de excepcional importância, porque é a data que marca a paz dos bravos, o fim de uma guerra sem quartel e impiedosa, que dilacerou corpos e almas, porque decidimos seguir pelos caminhos da democracia e porque acreditamos na soberania do voto popular.

A paz está em primeiro lugar no elenco de valores que enformam a sociedade e que a todos nos mobilizam e obrigam. Sem paz, nada mais faz sentido, mais nenhum valor tem espaço vital para fazer o seu caminho ou ser cultivado pelas comunidades. Hoje os angolanos compreendem que o valor da paz está na base de todos os outros valores e só em paz podemos construir uma sociedade justa, equilibrada e próspera. 

Hoje vamos a uma aldeia e encontramos escolas abertas, centros de saúde a funcionar, água potável a correr nas torneiras, energia eléctrica, estradas mais ou menos transitáveis (a velha maka da manutenção…), mercados com produtos do campo. Apesar das dificuldades económicas e financeiras, estamos vivos e temos o futuro à nossa frente. 

Os sicários da UNITA conseguem retardar, conseguem criar obstáculos, provocar, arrastar os pés, trair, apunhalar a democracia pelas costas, mas não vão conseguir hipotecar o futuro das angolanas e dos angolanos. E fazem-nos falta. Sempre que as deputadas e os deputados do Galo Negro falam, cada democrata fica orgulhoso. Porque só têm a palavra porque foram resgatados à morte pelo Presidente José Eduardo dos Santos e o comando das Forças Armadas Angolanas no final da aventura belicista de Jonas Savimbi. Ainda bem que estão entre nós.

Centenas de crianças, com as suas batas brancas, percorrem as ruas das nossas cidades vilas e aldeias. Nenhuma crise faz esquecer que antes do 4 de Abril, forças de agressão nacionais e estrangeiras destruíram escolas, hospitais, casas comerciais, fábricas, barragens, estações de captação e tratamento de água, vias férreas, aeroportos. Tudo impiedosamente destruído. 

Os campos onde hoje se cultivam toneladas de alimentos estavam armadilhados com minas antes do 4 de Abeil. As estradas e picadas, os trilhos para as lavras também foram minadas pelos sicários da UNITA e os racistas de Pretória. Estão livres de minas e permitem a livre circulação de pessoas e bens. Graças à paz. 

Milhões de angolanos tiveram de abandonar as suas casas, as suas lavras, os cemitérios onde repousam os seus antepassados. As grandes cidades onde não chegou a guerra, e ela chegou a quase todas, transformaram-se em imensos campos de refugiados. Graças à paz essa tragédia hoje é apenas uma memória de tristeza.

Os problemas humanos criados pela guerra são tão profundos e tão graves que ainda hoje subsistem e estão origem da crise que vivemos. Precisamos de mais cem anos para refazer aquilo que os invasores estrangeiros, associados aos sicários da UNITA, desfizeram, destruíram, inviabilizaram, 

Porque destruir é muito fácil, mas construir é obra que exige a vontade e o esforço de gigantes. Para destruir, basta um instante, uma explosão, um disparo, espírito antipatriótico, uma sanha assassina. Para construir é preciso um amor acrisolado à Pátria Angolana, compreensão, força de vontade, solidariedade, inteligência e investimentos de valores fora do comum. 

Os angolanos estão a construir um presente de paz e um futuro de felicidade e prosperidade. Ainda que hoje tenhamos de enfrentar, com inteligência, a crise económica nacional e internacional. E sobretudo temos de convencer os sicários da UNITA a aderirem à democracia. A sentirem-se filhos da Pátria Angolana e não os seus assassinos.

Há um homem que representa os esforços e a coragem de milhares de angolanos que defenderam a Integridade Territorial e a Soberania Nacional: José Eduardo dos Santos. Foi ele que impôs, desde o primeiro minuto, uma solução política, em detrimento de uma solução militar, que implicava a rendição das forças que decidiram enveredar pelo caminho da destruição do regime democrático e pôr em causa a soberania nacional. 

Ao impor o primado do pensamento e da ciência política sobre a força das armas, o Presidente José Eduardo dos Santos criou condições para que a paz tenha na base, a unidade e reconciliação nacional. Não custa nada reconhecer esse mérito ao homem que ganhou a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Que pôs fim à rebelião armada de Jonas Savimbi. A paz não se dá bem com o ódio e o ressentimento. A força da razão impõe-se sempre à razão da força.

A paz em Angola é jovem, mas a Juventude Angolana já sente os seus efeitos no dia-a-dia. O Ensino Superior está em todas as províncias e em muitos municípios, sobretudo os que sofrem com mais intensidade os problemas da interioridade. Basta percorrer Angola, para compreendermos o que realmente foi feito quando conquistámos a paz. A conjuntura internacional está a criar graves problemas internos. No ensino, na saúde, no emprego, na habitação. Milhares de jovens procuram em vão o primeiro emprego. 

Angola, contra ventos e marés, vai ser uma potência para os angolanos. E se for uma potência económica para nós, mais cedo ou mais tarde conquista o lugar que lhe cabe na comunidade internacional. Para já somos uma potência de paz e temos a dar ao mundo, um comovente exemplo de unidade e reconciliação. Assim todas as forças políticas mereçam esta dádiva e respeitem sempre os compromissos com a paz. Mas todas mesmo. 

* Jornalista

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