<> Artur Queiroz*, Luanda ---
Angola tem um problema cabeludo. O petróleo não enche a barriga nem vai ao prato. O petróleo não é casa, nem cubata, nem palhota, nem casebre. O petróleo não é roupa nem calçado. O petróleo não é escola. O petróleo não é centro de saúde. O petróleo não é médico, nem enfermeiro. O petróleo só gosta do Pai Querido da Sonangol e dos bolsos de quem é rico. O Banco Mundial estima que a taxa de pobreza em Angola é superior a 30 por cento, mais de dez milhões de angolanos. O mundo está assim.
Nos EUA, considerada a “maior potência global”, tiram petróleo até das pedras e mesmo assim há muita pobreza. A percentagem é de dez por cento. São 40 milhões de pobres. Mas um milhão vive ao relento. Nem têm cubata. Muitos morrem de frio.
Em Portugal, no ano de 2024, 20 por cento da população (mais de dois milhões de pessoas) viviam na pobreza ou de exclusão social. As crianças em risco de pobreza estão perto dos 20 por cento. Mais de 13 mil portugueses vivem na rua ao frio e à chuva. Já este ano a Caritas publicou um relatório com estes números: Mais de 460 mil portugueses “vivem em condição de privação material e social severa”. A este número juntam-se 266 mil que não têm acesso a uma alimentação adequada. Mais de um milhão de portugueses não consegue dispor de uma pequena quantia para gastos pessoais. Os cinco maiores bancos têm lucros de 13,6 milhões de euros por dia. Sempre a subir. Bolsos repletos.
O Reino Unido está malé malé malé. As centrais electricas ardem de velhice. Os “bifes” estão piores que os meus irmãos cubanos. A luz vai à toa. Até fecharam o aeroporto de Londres (Heathrow) por falta de energia. O kumbu vai todo para a Ucrânia onde é queimado pelo drones russos.
Por falar em Ucrânia, os Media do ocidente alargado foram apanhados nas aldrabices. É o que dá venderem-se, sem pensar no amanhã. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) tinha 15 repúblicas. Uma dela era a Ucrânia. Quando a União Soviética acabou, as autoridades de Moscovo decidiram conceder a independência às repúblicas que desejassem, desde que cumprissem um caderno de encargos. Um deles, era nunca se virarem contra a Mãe Rússia. A Ucrânia manifestou vontade de ser independente. Ano da independência: 1991.
Depois de 2014 e após um golpe de estado em Kiev, o país deixou de cumprir o caderno de encargos. Zona russas que foram integradas na república soviética da Ucrânia, como a Crimeia, regressaram à Mãe Rússia. No Leste da Ucrânia deu guerra. A Agência dos Direitos Humanos da ONU denunciou que o regime de Kiev estava a fazer uma limpeza étnica nas repúblicas independentistas. Na cidade russa de Odessa, hordas nazis apoiantes do novo regime massacraram sindicalistas e russos. Foram assinados acordos para acabar com a guerra. Falharam. Em 2022 Moscovo decidiu desarmar e desnazificar a antiga república soviética.
Central nuclear de Zaporizhia é considerada a maior da Europa. Começou a ser construída em 1980 e ficou concluída em 1985. Obra da União Soviética. Nos ano que leva de independência, a Ucrânia pouco ou nada construiu. De novo, só instalações da CIA, laboratórios secretos e empresas da família de Joe Biden. Também bases militares e armas despachadas pelos EUA e países europeus. A língua russa é a falada no Leste da Ucrânia mas também em todo o país em maior ou menor percentagem. O regime dos nazis proibiu-a. As crianças estão proibidas de falar russo nas escolas. Limpeza étnica e cultural só podia dar no que deu em 2022: Guerra!
A União Europeia, dominada pela internacional fascista mas sem o reconhecimento do líder, Donald Trump, quer continuar a guerra contra a Federação Russa por procuração passada aos nazis de Kiev. Os EUA já desistiram e negociam a paz. Afinal os russos têm botas e combatem! Bruxelas quer continuar a guerra em nome do Direito Internacional e da “paz justa”, que quer dizer “infringir uma derrota estratégica a Moscovo”.
Riyad Mansour, representante da Palestina na ONU, condenou a “desprezível dualidade de critérios” de Washington e Bruxelas. Porque para a Casa do Brancos e a União Europeia, “Israel tem o direito de matar e deslocar palestinianos, enquanto o povo de Gaza tem apenas o direito de morrer e desaparecer”.
A Amnistia Internacional criticou duramente a ausência de qualquer referência a Israel nas conclusões do Conselho Europeu sobre o cessar-fogo em Gaza, quebrado por Telavive, considerando tratar-se de uma “tentativa vergonhosa de justificar um genocídio”.
O comunicado da Amnistia Internacional refere que “depois de 17 meses do genocídio de Israel em Gaza, é extraordinário que a União Europeia se recuse a referir a Israel, condenar os bombardeamentos que aniquilaram famílias inteiras ou o bloqueio de ajuda humanitária”.
O genocídio em Gaza só prossegue porque os nazis de Telavive têm o apoio incondicional da Casa dos Brancos e da União Europeia. Se Washington e Bruxelas quiserem, os massacres acabam num minuto. Basta imporem metade das sanções que impuseram à Federação Russa. Todos genocidas. Vão pagar caro por isso. Vai chegar o dia da prestação de contas. Os países da União Europeia podem ser alvos como está a ser Gaza e Cisjordânia. Ante a indiferença de quem pode parar os bombardeamentos e assobia para o lado. As bombas não distinguem entre pobres e banqueiros.
A senhora ministra Teresa Dias não sabe a diferença entre aumentos das pensões dos reformados e ajustes à taxa da inflação anual. Também confunde direitos dos reformados com caridade. O Executivo tem o dever de, no início de cada ano, ajustar as pensões dos reformados à taxa oficial da inflação. Se não o fizer rapidamente, isso quer dizer que os reformados angolanos vão receber menos 27,5 por cento do que em 2024. Este ajuste nada tem a ver com a subida do custo de vida, percebeu, senhora ministra?
Já agora explique ao país o que aconteceu na Movicel. Porque O Instituto da Segurança Social investiu lá milhões. Tem mais de 50 por cento do capital da empresa e ninguém na administração. Sabe que o dinheiro investido na Movicel é dos trabalhadores? Sabe que esses fundos foram investidos para a Segurança Social ter mais capacidade para pagar prestações sociais? Eu sei que, nisto de governar, o povo atrapalha muito. Mas algum respeito pelos angolanos não fica mal nem aos sicários da UNITA, quanto mais a uma ajudante do Titular do Poder Executivo. Teresa Dias está a mais, até na lista do pessoal menor do seu ministério.
* Jornalista
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