FP - MB – VM - Lusa
Bissau, 26 abr
(Lusa) - Vasco Nacia, membro das Forças Armadas da Guiné-Bissau, disse ter
acompanhado Bubo Na Tchuto quando este foi preso pelas forças dos Estados
Unidos, e garantiu que a detenção se deu no arquipélago dos Bijagós, em águas
guineenses.
Os Estados Unidos
anunciaram no início do mês a detenção de Bubo Na Tchuto em águas
internacionais, perto de Cabo Verde. O antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau
era procurado pelos Estados Unidos por alegado envolvimento no tráfico
internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul.
O segundo tenente
Vasco Nacia terá acompanhado a situação que levou à prisão de Bubo, com quem
trabalhou quando o oficial agora detido era o chefe da Marinha, conforme contou
à televisão da Guiné-Bissau, TGB.
Na entrevista,
disse que o seu envolvimento no caso começou no dia 01 de abril, quando Bubo
lhe terá dito que estava a montar uma empresa, chamada Boston Lda, e lhe falou
de que os sócios iam chegar à Guiné-Bissau e que já estavam em alto mar, pelo
que lhe pediu apoio para, como piloto, ir ajudar a colocar o navio em Bissau.
Bubo, acrescentou,
contactou-o de novo na madrugada de dia 02 de abril para ir para Cacheu, norte
de Bissau, com um empresário chamado Pedro. No mesmo carro para Cacheu seguiam
também Tchami Yala e Papis Djemé, ambos posteriormente detidos.
Em Cacheu, todos
seguiram num bote para o navio onde supostamente viajava o empresário, tendo
Vasco Nacia sido apresentado como a pessoa para dar assistência para levar a
embarcação até Bissau.
"Ao chegar ao
navio, o Pedro apresentou-nos a um outro senhor, chamado Alex, que teria feito
todos os contactos com Bubo Na Tchuto, como sendo seu sócio",contou Vasco
Nacia à TGB, acrescentando que o suposto sócio de Bubo achou estranha a sua
presença e disse que apenas queria falar com Bubo, até porque trouxera alguns
empresários que queriam falar pessoalmente com o antigo chefe militar.
Contactado Bubo,
este dispôs-se a ir ter com eles e foi Vasco quem conduziu o bote até à praia
de Suru (perto de Bissau) para nele embarcar Bubo Na Tchuto, que só apareceu
mais de duas horas depois, precisou o entrevistado.
Alex terá falado
então a Bubo dos empresários que com ele queriam falar, a bordo do navio, tendo
seguido todos até ao referido navio, atracado ao largo da ilha de Caravela.
"O Bubo foi detido nas águas interiores da Guiné-Bissau, nem sequer
estamos a falar das 12
milhas marítimas. Ele foi detido na zona de
Caravela", garantiu.
Na entrevista,
Vasco Nacia contou que a bordo do navio, num "salão VIP", lhes foram
servidos sumos e que Alex disse que ia arranjar champanhe no camarote, onde na
verdade estavam cerca de 50 polícias "bem armados e fardados".
"De cada lado
das portas do camarote estavam 25 homens armados. Na operação, o primeiro homem
que se dirigiu a nós, gritou logo: Polícia. Vinham logo em nossa direção com
armas em punho. Raptaram-nos logo. Meteram-nos as algemas, deitaram-nos no chão
e meteram-nos panos na cabeça. Na altura nem sequer sabíamos para onde é que
nos estavam a conduzir", disse.
Vasco Nacia disse
também que viu duas polícias de Cabo Verde e que durante o percurso até à ilha
do Sal foram identificados e questionados se tinham dinheiro para pagar a
advogados.
No Sal, Vasco e
outro elemento, civil, foram levados pela Polícia Judiciária de Cabo Verde e
Bubo, Tchami e Papis ficaram no navio. A polícia cabo-verdiana ter-lhes-á dito
que eram inocentes e que ninguém podia ser capturado se o seu nome não
constasse "da lista". Regressaram à Guiné-Bissau via Senegal.
A Lusa tentou sem
sucesso falar com Vasco Nacia. De acordo com o jornal "Última Hora",
de Bissau, Vasco está detido porque as chefias militares querem esclarecer os
pormenores da sua participação no caso.
Sem comentários:
Enviar um comentário