Pedro d'Anunciação –
Sol, opinião
O que se está a
passar com a eleição do novo Provedor de Justiça demonstra bem a concepção que
a actual maioria governamental (vamos fazer a justiça de acreditar que o velho
e histórico PSD não pensava assim) tem do cargo. A ideia é defender os cidadãos
perante o Estado e o Governo. Mas como o actual Provedor, Alfredo José de Sousa
(de resto, à semelhança dos seus antecessores) fez exactamente isso, o Governo
irritou-se com os embaraços em que se viu por ele colocado, e a actual bancada
social-democrata recusa reelegê-lo.
Mas já na RTP se
passara alguma coisa muito parecida. Os anteriores provedores do espectador,
José Carlos Abrantes e Paquete de Oliveira, também parece terem irritado o
Executivo, ao porem-se a desempenhar o seu papel de defender mesmo os
espectadores perante a RTP. E por isso acabam de fazer eleger para o cargo
Jaime Fernandes, até há pouco director de canais internacionais da estação
pública, a cujos quadros pertenceu durante 52 anos, e que sempre terá alardeado
a ideia de que é preferível defender a RTP do que ampliar os ataques dos
espectadores (como, de resto, é natural que pense um homem da Casa).
Enquanto durar a
actual maioria parlamentar, os Provedores deixarão de o ser dos cidadãos, para
passarem a ser das instituições perante os quais os cidadãos deixaram de ter um
representante seu.
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