Ramos Miguel,
Maputo - Voz da América
Para o académico
Brazão Mazula está a instalar-se um clima de medo na sociedade moçambicana.
A escassos meses
das eleições, analistas políticos moçambicanos dizem que os elevados índices de
pobreza, o desemprego juvenil e a actuação um pouco desumana dos megaprojectos,
estão a criar uma situação de volatilidade em Moçambique com consequências
imprevisíveis.
Vários analistas
dizem que as eleições em Moçambique são sempre antecedidas por momentos de
tensão política, mas desta vez aparece associada à tensão social,
fundamentalmente, por causa da pobreza e do desemprego, sobretudo dos jovens,
que constituem a maioria da população moçambicana.
Para o sociólogo Marcos Macamo, os megaprojectos são bem-vindos, mas estes não
se devem limitar apenas a uma perspectiva de lucro, como também da dimensão
humana.
“Os protestos que se registam em Moatize, na provincial de Tete, devem-se,
sobretudo, à má actuação dos megaprojectos. Temos que encontrar mecanismos de
lidar, de forma séria, com o problema do desemprego da juventude”, disse.
Por seu turno, Lucas Sitoi diz que para além destas preocupações, ultimamente,
Moçambique se confronta também com as manifestações dos antigos trabalhadores
moçambicanos na extinta Alemanha Democrática, dos desmobilizados de Guerra e da
Associação Medica de Moçambique.
Mas para o académico Brazão Mazula, apesar da reacção violenta da policia, em
alguns casos, a essas manifestações, esta a instalar-se um clima de medo na
sociedade moçambicana, que é pernicioso para a democracia.
“Sinto que no pais está a instalar-se um certo medo, as pessoas têm medo de
falar, e numa democracia, o medo não é bom, o medo retrai as ideias, as vezes,
o medo convence quem está no poder de que aquilo que esta a fazer está
correcto, o medo cria uma resistência passiva, porque dá a entender que as
pessoas estão a trabalhar quando, de facto, não estão a trabalhar”, afirmou
Mazula.
Entretanto, apesar destes problemas, os analistas consideram que Moçambique tem
registado progressos assinaláveis, sobretudo nas áreas de infra-estruturas e de
telecomunicações, entre outras.
Sem comentários:
Enviar um comentário