Díli, 09 nov (Lusa)
- A diretora da Escola Portuguesa Ruy Cinatti em Díli, Conceição Godinho,
desvalorizou hoje os rankings do ensino secundário do Ministério da Educação,
que colocaram aquele estabelecimento de ensino privado em último lugar com a
média de 6,6 valores.
"Os rankings
valem o que valem e em relação a este ranking específico nas escolas
portuguesas no estrangeiro parece que é ainda um pouco mais redutor da
realidade que se vive no estrangeiro", afirmou à agência Lusa Conceição
Godinho.
Segundo a
professora, o "epíteto" que se coloca no "estrangeiro parece
tornar tudo igual, quando se está a falar de países diferentes e não há dois
países diferentes com a mesma história".
"Cerca de 90
por cento dos nossos alunos são timorenses e isto já não é uma realidade nas
escolas portuguesas no estrangeiro. Logo, aqui é um dado que faz toda a
diferença e depois os nossos alunos nasceram num país onde não se falava o
português porque era proibido e os pais dos nossos jovens, uma grande maioria,
nasceu também num país onde não se falava português", explicou Conceição
Godinho.
A diretora da
escola salientou que aqueles alunos só falam português na escola e que têm de
aprender a língua num contexto que "não é no contexto de imersão".
"Isso torna
tudo mais complicado. É mais fácil para um aluno em Portugal que vem da Europa
de leste aprender rapidamente o português, porque está imerso na língua.
Portanto, facilmente aprende a língua", disse.
Para a professora,
a avaliação acaba também por ser "redutora" porque se fala apenas de
duas turmas, quando existem 34.
Em relação aos
exames nacionais, Conceição Godinho disse que têm um vocabulário muito
específico e basta os alunos não perceberem o significado de uma palavra para
não fazerem os exercícios.
Segundo a professora,
alguns bons alunos não resolveram uma ou duas questões por não perceberem o
significado de uma palavra, uma situação que já não acontece com a matemática e
física e química.
A professora
salientou também que em Díli os exames são feitos no período da noite, o que é
"impensável" para um país como Timor-Leste, onde as pessoas se
levantam muito cedo e às nove horas já se foram deitar, porque anoitece por
volta das 18:30.
"O que para
mim fazia sentido era estarmos posicionados em escolas exatamente iguais a nós.
Por outras palavras, qual seria a posição da Escola Portuguesa Ruy Cinatti num
conjunto de escolas no mesmo contexto em que nós estamos, ai assim faria algum
sentido. Assim é comparar o incomparável", concluiu.
A escola portuguesa
de Díli foi inaugurada em 2002 e realiza exames nacionais há três anos.
Com cerca de 870
alunos e com propinas máximas de 15 dólares, a escola tem obtido boas
classificações em concursos para estudantes.
Em 2011, a aluna
Felisbela Caldas, que se encontra atualmente a tirar medicina na Faculdade de
Medicina de Lisboa, ganhou uma medalha de bronze nas Primeiras Olimpíadas da
Lusofonia, que se realizaram em Portugal. Título que manteve em 2012, no mesmo
concurso realizado no Brasil.
No ano letivo de
2012/2013, a escola participou no campeonato internacional de cálculo mental
Supermatik com quase todos as turmas do ensino básico e conseguiu colocar um
aluno entre os 10 melhores e 10 entre os 100 melhores num universo de 240 mil
estudantes do mundo inteiro.
MSE // GC - Lusa
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