domingo, 10 de novembro de 2013

DIRETORA DA ESCOLA PORTUGUESA DE DÍLI DESVALORIZA RANKINGS

 
 
 
Díli, 09 nov (Lusa) - A diretora da Escola Portuguesa Ruy Cinatti em Díli, Conceição Godinho, desvalorizou hoje os rankings do ensino secundário do Ministério da Educação, que colocaram aquele estabelecimento de ensino privado em último lugar com a média de 6,6 valores.
 
"Os rankings valem o que valem e em relação a este ranking específico nas escolas portuguesas no estrangeiro parece que é ainda um pouco mais redutor da realidade que se vive no estrangeiro", afirmou à agência Lusa Conceição Godinho.
 
Segundo a professora, o "epíteto" que se coloca no "estrangeiro parece tornar tudo igual, quando se está a falar de países diferentes e não há dois países diferentes com a mesma história".
 
"Cerca de 90 por cento dos nossos alunos são timorenses e isto já não é uma realidade nas escolas portuguesas no estrangeiro. Logo, aqui é um dado que faz toda a diferença e depois os nossos alunos nasceram num país onde não se falava o português porque era proibido e os pais dos nossos jovens, uma grande maioria, nasceu também num país onde não se falava português", explicou Conceição Godinho.
 
A diretora da escola salientou que aqueles alunos só falam português na escola e que têm de aprender a língua num contexto que "não é no contexto de imersão".
 
"Isso torna tudo mais complicado. É mais fácil para um aluno em Portugal que vem da Europa de leste aprender rapidamente o português, porque está imerso na língua. Portanto, facilmente aprende a língua", disse.
 
Para a professora, a avaliação acaba também por ser "redutora" porque se fala apenas de duas turmas, quando existem 34.
 
Em relação aos exames nacionais, Conceição Godinho disse que têm um vocabulário muito específico e basta os alunos não perceberem o significado de uma palavra para não fazerem os exercícios.
 
Segundo a professora, alguns bons alunos não resolveram uma ou duas questões por não perceberem o significado de uma palavra, uma situação que já não acontece com a matemática e física e química.
 
A professora salientou também que em Díli os exames são feitos no período da noite, o que é "impensável" para um país como Timor-Leste, onde as pessoas se levantam muito cedo e às nove horas já se foram deitar, porque anoitece por volta das 18:30.
 
"O que para mim fazia sentido era estarmos posicionados em escolas exatamente iguais a nós. Por outras palavras, qual seria a posição da Escola Portuguesa Ruy Cinatti num conjunto de escolas no mesmo contexto em que nós estamos, ai assim faria algum sentido. Assim é comparar o incomparável", concluiu.
 
A escola portuguesa de Díli foi inaugurada em 2002 e realiza exames nacionais há três anos.
 
Com cerca de 870 alunos e com propinas máximas de 15 dólares, a escola tem obtido boas classificações em concursos para estudantes.
 
Em 2011, a aluna Felisbela Caldas, que se encontra atualmente a tirar medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, ganhou uma medalha de bronze nas Primeiras Olimpíadas da Lusofonia, que se realizaram em Portugal. Título que manteve em 2012, no mesmo concurso realizado no Brasil.
 
No ano letivo de 2012/2013, a escola participou no campeonato internacional de cálculo mental Supermatik com quase todos as turmas do ensino básico e conseguiu colocar um aluno entre os 10 melhores e 10 entre os 100 melhores num universo de 240 mil estudantes do mundo inteiro.
 
MSE // GC - Lusa


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