O primeiro ministro
David Cameron acaba de terminar um giro de três dias à frente da mais
importante e forte delegação britânica a visitar a China.
Marcelo Justo –
Carta Maior
Londres - “Não há
outro país no Ocidente mais aberto ao investimento chinês, mais disposto a
satisfazer a demanda dos consumidores chineses ou a impulsionar a abertura
econômica no G8, no G20 ou na União Europeia”. O país em questão é o Reino Unido
e o emissor da mensagem é o primeiro ministro britânico David Cameron que acaba
de terminar um giro de três dias à frente da mais importante e forte delegação
britânica de empresários, acadêmicos e, curiosamente, representantes do futebol
inglês.
Cameron não economizou elogios ao presente e futuro da China, uma economia que, segundo suas palavras, “se converteu no ano passado na primeira potência comercial do mundo, e será no próximo ano o mais importante importador de bens e no curso deste século a mais importante economia mundial”.
O primeiro ministro se reuniu com o presidente da China, Xi Jinping, e com o premier Li Keqiang, assinou acordos e, muito importante para a sorte de seus Partido Conservador, buscou projetar no Reino Unido a ideia de um governante em sintonia com os tempos modernos, algo que, no mundo desenvolvido, quer dizer estar com os olhos abertos ao que ocorre na China, nos Brics e em outros países chamados emergentes.
“Asseguramos acordos de mais de 6 bilhões de libras para empresas britânicas e tive um diálogo direto com o presidente com quem estive por mais de três horas. Isso importa para que o Reino Unido seja bem sucedido na competição global”, disse o primeiro ministro à BBC.
Mais além da formalidade diplomática e dos sorrisos nas fotos e nos atos, a resposta chinesa não de todo entusiasta. Um editorial do Global Times, periódico controlado pelo departamento de propaganda do Partido Comunista, advertiu Cameron que as feridas não estavam fechadas e que o Reino Unido era uma potência de segunda ordem. “O governo de David Cameron deveria entender que o Reino Unido não é uma potência importante para a China. É um velho país europeu que nos interessa visitar e no qual podemos estudar. Esta visita não representa de modo algum o fim do conflito entre China e Reino Unido”, assinalou o editorial.
O conflito em questão vem do encontro que Cameron e seu vice-primeiro-ministro Nick Clegg tiveram com o chefe espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, em maio do ano passado. Devido a este encontro, a viagem de Cameron, que estava planejada para abril, teve que ser adiada e só depois de uma longa negociação diplomática se chegou a um acordo para realizá-la em dezembro. “Conseguimos virar a página. Esta visita aponta para o futuro de nossas relações”, disse Downing Street (a residência oficial do governo britânico) ao jornal The Guardian, antes da visita.
Traduzindo ao mundo dos fatos, o Reino Unido se absteria de novas manifestações sobre o Dalai Lama e a independência tibetana e a China receberia sua delegação e assinariam alguns acordos.
Segundo o Financial Times, os mais 6 bilhões de libras mencionados pelo primeiro-ministro são uma mescla de projeções e acordos já firmados. O mais importante é um compromisso da automotriz britânica Land Rover para fornecer cerca de 100 mil veículos que serão postos à venda na China no próximo ano: se vendidos, esses veículos totalizam cerca de 4,5 milhões de libras. “Mas, mais que um acordo, é uma projeção de vendas”, disse o Financial Times.
Outros acordos, como o investimento de 80 milhões de libras que a empresa automobilística chinesa Geely fará no Reino Unido, faz parte de um plano já existente que não tinha muito a ver com a missão de Cameron. Entre as curiosidades se encontram os 45 milhões anuais de libras em vendas de sêmen de porco britânico para a reprodução de seus congêneres chineses e um tratado de coprodução cinematográfica para estimular a cooperação de diretores britânicos e chineses.
O primeiro ministro negou que todos esses acordo – presentes ou passados, foram a expensas da política de direitos humanos. “Não creio que se trata de escolher entre falar de direitos humanos ou de comércio. Eu falei de ambos os temas”, indicou Cameron. Isso até pode ser, mas do Dalai Lama, nem uma palavra.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer - Créditos da foto: BBC
Cameron não economizou elogios ao presente e futuro da China, uma economia que, segundo suas palavras, “se converteu no ano passado na primeira potência comercial do mundo, e será no próximo ano o mais importante importador de bens e no curso deste século a mais importante economia mundial”.
O primeiro ministro se reuniu com o presidente da China, Xi Jinping, e com o premier Li Keqiang, assinou acordos e, muito importante para a sorte de seus Partido Conservador, buscou projetar no Reino Unido a ideia de um governante em sintonia com os tempos modernos, algo que, no mundo desenvolvido, quer dizer estar com os olhos abertos ao que ocorre na China, nos Brics e em outros países chamados emergentes.
“Asseguramos acordos de mais de 6 bilhões de libras para empresas britânicas e tive um diálogo direto com o presidente com quem estive por mais de três horas. Isso importa para que o Reino Unido seja bem sucedido na competição global”, disse o primeiro ministro à BBC.
Mais além da formalidade diplomática e dos sorrisos nas fotos e nos atos, a resposta chinesa não de todo entusiasta. Um editorial do Global Times, periódico controlado pelo departamento de propaganda do Partido Comunista, advertiu Cameron que as feridas não estavam fechadas e que o Reino Unido era uma potência de segunda ordem. “O governo de David Cameron deveria entender que o Reino Unido não é uma potência importante para a China. É um velho país europeu que nos interessa visitar e no qual podemos estudar. Esta visita não representa de modo algum o fim do conflito entre China e Reino Unido”, assinalou o editorial.
O conflito em questão vem do encontro que Cameron e seu vice-primeiro-ministro Nick Clegg tiveram com o chefe espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, em maio do ano passado. Devido a este encontro, a viagem de Cameron, que estava planejada para abril, teve que ser adiada e só depois de uma longa negociação diplomática se chegou a um acordo para realizá-la em dezembro. “Conseguimos virar a página. Esta visita aponta para o futuro de nossas relações”, disse Downing Street (a residência oficial do governo britânico) ao jornal The Guardian, antes da visita.
Traduzindo ao mundo dos fatos, o Reino Unido se absteria de novas manifestações sobre o Dalai Lama e a independência tibetana e a China receberia sua delegação e assinariam alguns acordos.
Segundo o Financial Times, os mais 6 bilhões de libras mencionados pelo primeiro-ministro são uma mescla de projeções e acordos já firmados. O mais importante é um compromisso da automotriz britânica Land Rover para fornecer cerca de 100 mil veículos que serão postos à venda na China no próximo ano: se vendidos, esses veículos totalizam cerca de 4,5 milhões de libras. “Mas, mais que um acordo, é uma projeção de vendas”, disse o Financial Times.
Outros acordos, como o investimento de 80 milhões de libras que a empresa automobilística chinesa Geely fará no Reino Unido, faz parte de um plano já existente que não tinha muito a ver com a missão de Cameron. Entre as curiosidades se encontram os 45 milhões anuais de libras em vendas de sêmen de porco britânico para a reprodução de seus congêneres chineses e um tratado de coprodução cinematográfica para estimular a cooperação de diretores britânicos e chineses.
O primeiro ministro negou que todos esses acordo – presentes ou passados, foram a expensas da política de direitos humanos. “Não creio que se trata de escolher entre falar de direitos humanos ou de comércio. Eu falei de ambos os temas”, indicou Cameron. Isso até pode ser, mas do Dalai Lama, nem uma palavra.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer - Créditos da foto: BBC
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