O Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem em audiência, no Palácio da
Cidade Alta, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Frank-Walter
Steimeier.
No centro da agenda
do encontro esteve a cooperação entre os dois países, impulsionada pelas
visitas ao mais alto nível além de missões sectoriais nos dois sentidos e os
acordos nos vários domínios. A Chanceler alemã Angela Merkel esteve em Luanda
em Julho de 2011, retribuindo a visita do Presidente angolano a Berlim em
Fevereiro de 2009.
À saída do Palácio Presidencial, Frank-Walter Steimeier informou que a
audiência com o Chefe de Estado angolano teve também outras incidências, por
exemplo, a Ucrânia. “O Presidente perguntou-me de forma muito interessada sobre
as causas do conflito e a actual situação na Ucrânia. Nós, na Europa, 70 anos
após o fim da II Guerra Mundial e 25 anos após o fim da Guerra Fria, não
estávamos à espera que situações de conflitos violentos voltassem a ensombrar o
continente”, disse o chefe da diplomacia germânica.
Frank-Walter Steimeier considerou a crise entre Moscovo e Kiev de “muito séria,
com risco de uma cisão”. O ministro alemão garantiu que Berlim está fortemente
empenhada na busca de soluções que impeçam uma “escalada do conflito na
Ucrânia”.
Um passo no caminho certo
Para o chefe da diplomacia alemã o acordo conseguido na passada sexta-feira
para o envio de um grupo de observadores da OSCE à Crimeia constitui um “grande
sucesso” na medida em que foi possível fazê-lo juntamente com representantes
dos governos russo e ucraniano. “É um primeiro passo no caminho certo para
reduzir a tensão”, resumiu.
Frank-Walter Steimeier admitiu haver dificuldades para chegar a uma solução na
situação na Ucrânia. “Não é fácil alcançar êxitos rápidos por ser um conflito
político sobre a desintegração de um Estado”, disse o ministro alemão que está
confiante na possibilidade de se criar um grupo de contacto internacional para
a situação na Ucrânia. “Estamos ainda numa fase de sondagens e sem nada ainda
de concreto, mas depois do passo que demos em relação ao grupo de observadores
da OSCE talvez seja possível, com a Rússia e Ucrânia, darmos um outro passo,
criando uma espécie de grupo de contacto internacional”, declarou Frank-Walter
Steimeier.
Cooperação diplomática
O ministro germânico disse que apesar de serem países com relações
“tradicionais e de grande proximidade”, Angola e a Alemanha têm grande margem
de progressão em termos de cooperação. “É importante olhar para o futuro e ver
que temos pontos em que esta cooperação pode ser reforçada”, disse Frank-Walter
Steimeier. Para o chefe da diplomacia alemã, a experiência de Angola ao
presidir à Conferência dos Grandes Lagos é também uma oportunidade para
analisar formas de reforçar a cooperação, especialmente em matéria de política
externa. “É uma experiência difícil, juntando interesses da região muitas vezes
tão divergentes para criar um denominador comum, evitando uma escalada de
violência”, referiu.
Frank-Walter Steimeier convidou o seu homólogo de Angola, Georges Chikoti, a
visitar a Alemanha, no âmbito do interesse mútuo manifestado no sentido de
reforçar a cooperação bilateral. A visita de Frank-Walter Steimeier a Angola
faz parte de um périplo africano que o levou antes à Etiópia e à Tanzânia. O
chefe da diplomacia alemã justificou a iniciativa com o facto de a Alemanha
estar apostada em actualizar a percepção da sua política externa em relação a
África. “Por isso decidimos fazer a visita neste momento e a países
diferentes”, declarou.
Em relação à Tanzânia, Frank-Walter Steimeier disse que as relações entre Dar
es Salaam e Berlim são “muito intensas, mas também muito antigas”. Quanto à
Etiópia, a escolha deveu-se ao facto de ser um país que atravessa uma fase de
profunda mudança e também por acolher a sede da União Africana.
“Fomos a Addis Abeba com grande respeito em relação a tudo o que está a ser
feito nos últimos anos em relação à capacidade de solucionar os problemas de
África, nas questões de segurança, de cooperação económica e em relação ao
financiamento”, frisou.
Angola potência mundial
Angola, última paragem do périplo africano de Frank-Walter Steimeier, mereceu a
escolha por ser a “economia que regista o crescimento económico mais forte não
só em termos africanos, mas em todo o mundo e por existirem boas perspectivas
de cooperação entre empresas alemãs e angolanas”.
Mas a inclusão de Luanda na agenda do chefe da diplomacia alemã não se deveu
apenas aos bons indicadores de crescimento económico: “Do ponto de vista da
política externa, a Alemanha está neste momento a envidar esforços semelhantes
aos de Angola em relação a conflitos regionais nas nossas proximidades”, disse
Frank-Walter Steimeier, referindo-se à tensão entre Moscovo e Kiev.
Kumuênho da Rosa –
Jornal de Angola
Foto em Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário