A Fitch Ratings diz
que a dívida pública de Cabo Verde vai subir para mais de 115% do Produto
Interno Bruto (PIB) até 2015, mais de 10 pontos percentuais do que as
projecções de Novembro passado, e também muito acima do valor estimado pelo
Governo para este ano, que é de 98%. A agência de notação financeira diz ainda
que essa cifra vai continuar a subir para atingir um pico acima dos 120% em
2017. Em consequência, baixou o rating do nosso país de BB- para B, ou seja,
aumenta os riscos de sustentabilidade da dívida.
“Embora grande
parte da dívida seja concessional a credores bilaterais e multilaterais e para
financiar e melhorar as infraestruturas, o impacto sobre o crescimento futuro é
incerto e os encargos com juros estão aumentando junto com a dúvida pública”,
avança o último relatório da agência de rating, citado pela Reuters, dizendo
que desde 2008 a dívida pública de Cabo Verde aumentou mais de 40 pontos percentuais.
“O Governo já
ultrapassou as metas fiscais nos últimos anos. É provável que esta tendência continue.
O orçamento de 2014 é baseado em previsões de crescimento bastante
inflacionadas. Além disso, a efectiva consolidação das despesas públicas é
limitada por uma elevada percentagem de despesas obrigatórias”, prossegue a
Fitch, para quem os apoios às empresas públicas agravam ainda mais a dívida
pública.
Quanto à economia,
diz que tem tido um baixo desempenho e que o seu crescimento continuará a ser
fraco no curto prazo. Já o PIB chegou perto da estagnação em 2013, devido à
fraca procura interna, queda das remessas dos emigrantes e fraco investimento
directo estrangeiro. O único dado positivo é o aumento das receitas do turismo.
A Fitch diz também
que o crescimento para este ano se fique em cerca de um por cento, sendo que a
previsão de 2012 apontava para 1,5%. “Há ainda incertezas em torno dos números
de crescimento do PIB, uma vez que as contas nacionais estão actualizados
apenas até 2011, embora esteja previsto o lançamento dos dados de 2012 em
breve”, espera a Fitch, confirmando assim uma informação avançada pelo
presidente do INE, António Duarte, em entrevista ao A Semana.
A agência avança
ainda que o crescimento médio de Cabo Verde nos últimos cinco anos foi de
apenas 1,3%, quando até 2008 era de 7% ao ano. “O estado das finanças externas
é fraco e provavelmente vai piorar, aumentando a vulnerabilidade da economia a
choques externos”, sublinha a FR, dizendo, no entanto, que o recente aumento
das reservas cambiais para mais de quatro meses de importações deve ajudar a
compensar alguns dos riscos de aumento da dívida externa, pelo menos no curto
prazo.
Mas nem tudo são
más notícias para Cabo Verde. O relatório publicado na sexta-feira avança que o
bom funcionamento das instituições públicas fornece suporte ao ambiente
macroeconómico de negócios, bem como as boas pontuações do Banco Mundial sobre
o controlo da corrupção, estado de direito, governação e prestação de contas.
Mais: a sustentada implementação da Estratégia de Redução da Pobreza (DECRP
III) deve ajudar a promover o desenvolvimento do sector privado.
Relativamente ao
elevado endividamento de Cabo Verde, a ministra das Finanças, Cristina Duarte,
afirmou no final da semana passada que é uma "opção histórica",
lembrando, mais uma vez, que grande parte é concessional, ou seja, de baixa
taxa de juro e de longa duração.
A Semana (cv)
Sem comentários:
Enviar um comentário