Sydney, Austrália,
31 mar (Lusa) - A Grande Barreira de Coral, situada a nordeste da Austrália,
pode sofrer danos irreparáveis dentro de 25 anos caso não sejam adotadas
medidas para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e o aquecimento
global, segundo alertaram hoje cientistas.
"É evidente
que um fracasso na adoção de medidas não é uma opção", advertiu Ove
Hoegh-Guldberg, que contribuiu para o relatório do Painel Intergovernamental
sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas, o qual foi apresentado hoje no
Japão.
Numa intervenção em
Sydney, Ove Hoegh-Guldberg alertou para o risco de desaparecimento de metade do
coral nos próximos 27 anos, caso o aquecimento global não seja contido.
O biólogo marinho
da Universidade de Queensland explicou que a Austrália tem experienciado uma
subida da temperatura de quase um grau no último século e que nos próximos cem
anos o país sofrerá outro aumento, desta feita, superior a cinco graus.
Hoegh-Guldberg
considera serem "muito escassas" as perspetivas da Grande Barreira de
Coral, declarada Património da Humanidade, caso a temperatura média aumente em
dois graus centígrados.
A Grande Barreira
de Coral começou a deteriorar-se a partir de 1990, altura em que foi detetado o
primeiro recuo no seu crescimento e uma menor calcificação nos corais.
Segundo o Instituto
Australiano de Ciências Marinhas, a queda do crescimento da superfície coralina
deve-se ao duplo impacto provocado pelo aquecimento da água do mar e o aumento
da sua acidez por causa de uma presença maior de dióxido de carbono na
atmosfera.
O Governo
australiano aprovou, em dezembro, um projeto mineiro na zona da Grande Barreira
de Coral, cujos oponentes alertam que fará com que Austrália venha a gerar
anualmente mais dióxido de carbono do que a Dinamarca e Portugal juntos.
Essa decisão foi tomada
no mesmo dia em que Hoegh-Guldberg publicou um livro em que adverte que a
Grande Barreira de Coral poderá desaparecer por completo em 2100.
A Grande Barreira
de Coral alberga 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e 4.000
variedades de moluscos.
DM // JPF - Lusa
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