sexta-feira, 4 de abril de 2014

Timor: Militares e polícias vão trabalhar juntos para restabelecer estabilidade a leste




Díli, 04 abr (Lusa) - O governo de Timor-Leste prometeu hoje que militares e polícias vão trabalhar em conjunto, numa "operação integrada, para restabelecerem a estabilidade pública no distrito de Baucau, a leste de Díli, e prevenirem "quaisquer focos de instabilidade".

"O Conselho de Ministros decidiu apoiar o empenhamento das F-FDTL (Forças de Defesa de Timor-Leste) e da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) para prevenir quaisquer focos de instabilidade", refere o governo na sua página oficial na Internet, salientando que a decisão foi tomada quarta-feira.

"O empenhamento operacional das Forças de Segurança e das Forças de Defesa foi aprovado pelo Governo para restabelecer a estabilidade pública em Laga, Quelicai, Baguia e Wato-Lari. Esta medida foi tomada após um ataque armado à PNTL, a 10 de março, no distrito de Baucau, durante uma ação de policiamento comunitário para controlar grupos ilegais", sublinha o governo.

O governo timorense explica também que a decisão foi tomada para "garantir a salvaguarda da ordem constitucional democrática e depois de apresentada pela secretaria de Estado de Defesa e pela secretaria de Estado da Segurança uma "solução de intervenção integrada para fazer face à situação".

A proposta das secretarias de Estado foi apoiada pelo parlamento nacional e pelo Presidente timorense, Taur Matan Ruak.

O parlamento de Timor-Leste aprovou em março uma resolução em que pede à polícia para fazer cumprir a lei e a condenar o classifica como tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução Maubere e pelo Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).

No âmbito da operação desencadeada pela polícia, na sequência da resolução do parlamento, foram detidos preventivamente Paulino Gama (Mauk Moruk), ex-comandante das Brigadas Vermelhas, e o comandante Labarik, também ex-comandante das Falintil.

O Conselho de Revolução Maubere, liderado por Mauk Moruk, exige a dissolução do parlamento, a demissão do Governo, a convocação de eleições, a restauração da Constituição de 1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.

O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que se encontra sob termo de identidade e residência, que, após a restauração da independência, realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais do país.

A semana passada, o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse que a operação que a polícia timorense está a realizar contra grupos acusados de desestabilizar o país decorre sem problemas, mas só termina com a entrega de armas.

"A operação feita pela polícia continua a decorrer por todo o território. Não há ameaças de violência, não há ameaças de confrontos físicos e armados. A população tem reagido bem e as pessoas que receberam fardas têm cooperado e entregado", afirmou Xanana Gusmão.

"A operação só acabará quando vierem entregar as armas", salientou Xanana Gusmão, que acumula também a pasta da Defesa e Segurança.

O primeiro-ministro explicou também que no início a polícia enfrentou alguns obstáculos, "mas a população começou a compreender que é necessário contribuir e participar".

"A democracia dá direito a tudo, críticas, comentários, mas a democracia não dá direito a revoluções à Tailândia, à Ucrânia, à Venezuela. Não dá. Há outros meios para mudar a situação, para exprimir a nossa vontade de mudança, mas nunca com meios ilegítimos", sublinhou Xanana Gusmão.

MSE // PJA - Lusa

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