Díli, 04 abr (Lusa)
- O governo de Timor-Leste prometeu hoje que militares e polícias vão trabalhar
em conjunto, numa "operação integrada, para restabelecerem a estabilidade
pública no distrito de Baucau, a leste de Díli, e prevenirem "quaisquer
focos de instabilidade".
"O Conselho de
Ministros decidiu apoiar o empenhamento das F-FDTL (Forças de Defesa de
Timor-Leste) e da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) para prevenir
quaisquer focos de instabilidade", refere o governo na sua página oficial
na Internet, salientando que a decisão foi tomada quarta-feira.
"O
empenhamento operacional das Forças de Segurança e das Forças de Defesa foi
aprovado pelo Governo para restabelecer a estabilidade pública em Laga,
Quelicai, Baguia e Wato-Lari. Esta medida foi tomada após um ataque armado à
PNTL, a 10 de março, no distrito de Baucau, durante uma ação de policiamento
comunitário para controlar grupos ilegais", sublinha o governo.
O governo timorense
explica também que a decisão foi tomada para "garantir a salvaguarda da
ordem constitucional democrática e depois de apresentada pela secretaria de
Estado de Defesa e pela secretaria de Estado da Segurança uma "solução de
intervenção integrada para fazer face à situação".
A proposta das
secretarias de Estado foi apoiada pelo parlamento nacional e pelo Presidente
timorense, Taur Matan Ruak.
O parlamento de
Timor-Leste aprovou em março uma resolução em que pede à polícia para fazer
cumprir a lei e a condenar o classifica como tentativas de instabilidade e
ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução Maubere e pelo
Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).
No âmbito da
operação desencadeada pela polícia, na sequência da resolução do parlamento,
foram detidos preventivamente Paulino Gama (Mauk Moruk), ex-comandante das
Brigadas Vermelhas, e o comandante Labarik, também ex-comandante das Falintil.
O Conselho de
Revolução Maubere, liderado por Mauk Moruk, exige a dissolução do parlamento, a
demissão do Governo, a convocação de eleições, a restauração da Constituição de
1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.
O CPD-RDTL é um
grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que se encontra sob termo de
identidade e residência, que, após a restauração da independência, realizou
várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência
proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais do país.
A semana passada, o
primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse que a operação que a
polícia timorense está a realizar contra grupos acusados de desestabilizar o
país decorre sem problemas, mas só termina com a entrega de armas.
"A operação
feita pela polícia continua a decorrer por todo o território. Não há ameaças de
violência, não há ameaças de confrontos físicos e armados. A população tem
reagido bem e as pessoas que receberam fardas têm cooperado e entregado",
afirmou Xanana Gusmão.
"A operação só
acabará quando vierem entregar as armas", salientou Xanana Gusmão, que
acumula também a pasta da Defesa e Segurança.
O primeiro-ministro
explicou também que no início a polícia enfrentou alguns obstáculos, "mas
a população começou a compreender que é necessário contribuir e
participar".
"A democracia
dá direito a tudo, críticas, comentários, mas a democracia não dá direito a
revoluções à Tailândia, à Ucrânia, à Venezuela. Não dá. Há outros meios para
mudar a situação, para exprimir a nossa vontade de mudança, mas nunca com meios
ilegítimos", sublinhou Xanana Gusmão.
MSE // PJA - Lusa
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