Jornal de Angola,
editorial
O empreendedorismo
constitui uma realidade que se vai afirmando no nosso país e é necessário que a
dinâmica do seu crescimento seja acompanhada por serviços públicos que têm de
praticar actos para assegurar actividades produtivas
A criação de
empresas é fundamental para a revitalização da nossa economia, tendo sido bem
acolhida a medida legislativa tomada pelo Parlamento no sentido da redução de
encargos legais para a constituição de sociedades comerciais, no quadro da
promoção da competitividade das unidades produtivas nacionais.
Numa economia de mercado, como é a nossa, importa que a iniciativa privada
esteja em expansão, para termos um tecido empresarial forte e produtor de bens
e serviços diversos em todo o território nacional. Diminuir barreiras
burocráticas, permitindo que empreendedores nacionais possam ter as suas
empresas, constitui um importante passo no sentido de um surgimento mais
acelerado de empresas, até porque temos no país angolanos com capacidade para
realizar actividades produtivas.
Viabilizar a criação de micro, pequenas e médias empresas no país é trabalhar
em prol de iniciativas que estejam focadas não só na extracção de petróleo, mas
também em outros sectores.
O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, deu-nos uma boa notícia
quando afirmou, em entrevista ao Jornal de Angola, que tem diminuído o peso do
petróleo no Produto Interno Bruto, assistindo-se a uma constante diversificação
da economia, que pode estar a dever-se ao facto do empresariado privado perceber
que vale a pena investir noutras áreas, que não as do petróleo e diamantes,
para assegurar lucros.
A diversificação da economia permite que o país não dependa apenas do petróleo,
devendo emergir empresas que estejam concentradas na produção de bens e
serviços em áreas como as pescas, a agricultura e a pecuária. A indústria
transformadora deve continuar a ser uma das grandes apostas dos empreendedores,
aos quais o Estado deve continuar a prestar especial atenção, criando
incentivos de natureza diversa para que o empresariado nacional emergente tenha
pernas para andar e venha a ter uma actividade sólida e com resultados que se
traduzam em crescimento da nossa economia.
O país precisa de ter muitas empresas para que a economia esteja a crescer
continuamente. São as empresas que surgem em diferentes ramos de actividade
produtiva que garantem um número elevado de empregos. E é por isso que o Estado
está centrado na criação de condições para que muitos angolanos possam com
facilidade constituir empresas.
É importante que os servidores do Estado que estão em instituições públicas
vocacionadas para viabilizar o surgimento de unidades produtivas compreendam
que a desburocratização do processo de constituição de sociedades comerciais
representa um contributo ao desenvolvimento da nossa economia.
Com a entrada em vigor de uma lei que estabelece a diminuição de encargos e
custos legais para a constituição de sociedades comerciais, espera-se que este
diploma, recentemente aprovado pela Assembleia Nacional, venha a traduzir-se na
prática em instrumento valioso para todos os que são potenciais empresários.
Ao desburocratizar, por via de uma lei, a criação de empresas, o Estado cumpre
um importante papel de intervenção, por via legislativa, na economia. Nos
termos da nossa Constituição, o Estado protege a livre iniciativa económica e
empresarial, fazendo todo o sentido que coloque instituições suas ao serviço de
uma actividade empresarial que se pretende sempre crescente.
A sociedade angolana é maioritariamente constituída por jovens e é normal que
haja por parte destes iniciativas que vão no sentido de se empreenderem acções
no campo empresarial. Deve-se apoiar a vitalidade e criatividade de jovens que
querem fazer carreira na vida empresarial.
Temos de deixar de olhar para o petróleo e diamantes como as únicas fontes de
riqueza. Há no país competências para se desenvolverem actividades múltiplas
que nos podem proporcionar bem-estar.
As nossas escolas, de ensino médio e superior, espalhadas por todo o país, têm
formado quadros em diferentes ramos do saber. O ideal é que muitos desses
quadros tenham iniciativas empresariais e façam uso dos seus conhecimentos em
qualquer ponto do território nacional para ajudarem a gerar projectos
produtivos, na perspectiva de uma cada vez maior diversificação da economia,
que nos torne auto-suficientes em vários domínios da produção de bens e
serviços. Que as diferentes iniciativas empresariais que surgem sejam permanentemente
incentivadas, para que o país esteja sempre a progredir. As empresas garantem
crescimento e desenvolvimento.
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