André
Macedo – Dinheiro Vivo, opinião
A
derrota da Aliança Portugal foi amortecida pela vitória pífia do PS de António
José Seguro, mas não deixa de ser um fracasso com números pesados, os piores de
sempre para PSD e CDS. O que aconteceu nas eleições de ontem traduz bem os
últimos três anos em Portugal: PSD e CDS virados para dentro, reduzidos a uma
aliança em que a soma das partes é inferior ao todo (potencial), mas
inesperadamente ajudados por um PS incapaz de responder às dúvidas das pessoas
e ganhar votos com a pobreza que se multiplica pelo país e que está longe de
ter sido estancada, quanto mais invertida.
Os
eleitores não querem este governo, já não sabem o que esperar dele e das suas
atuais lideranças partidárias; mas têm (também) muitas dúvidas sobre o PS de
Seguro -- e isso já não é normal. Votaram no PS, deram-lhe mais votos do que
aos adversários diretos; mas não confiam no seu líder o suficiente para lhe
atribuir o lastro que ele precisa para chegar às legislativas com a solidez que
seria expectável num contexto como o atual. A dúvida agora não é uma questão de
opinião, a dúvida foi expressa em percentagem de votos: Seguro vale menos do
que o PS.
Acontece
que Passos Coelho também tira votos ao PSD. Os números de ontem traduzem uma
crítica pesada à Aliança Portugal. Passos reafirmou que está tudo em aberto
quanto às legislativas e disse a verdade: as eleições de ontem traduzem bem a
orfandade política que existe. Mas essa orfandade reverteu em favor do PCP e de
Marinho Pinto -- ninguém sabe se o voto útil pode voltar a repor o statu
quo. Desconfio que não. Politicamente, o país está paralisado desde ontem.
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