segunda-feira, 26 de maio de 2014

O AMIGO SEGURO



André Macedo – Dinheiro Vivo, opinião

A derrota da Aliança Portugal foi amortecida pela vitória pífia do PS de António José Seguro, mas não deixa de ser um fracasso com números pesados, os piores de sempre para PSD e CDS. O que aconteceu nas eleições de ontem traduz bem os últimos três anos em Portugal: PSD e CDS virados para dentro, reduzidos a uma aliança em que a soma das partes é inferior ao todo (potencial), mas inesperadamente ajudados por um PS incapaz de responder às dúvidas das pessoas e ganhar votos com a pobreza que se multiplica pelo país e que está longe de ter sido estancada, quanto mais invertida.

Os eleitores não querem este governo, já não sabem o que esperar dele e das suas atuais lideranças partidárias; mas têm (também) muitas dúvidas sobre o PS de Seguro -- e isso já não é normal. Votaram no PS, deram-lhe mais votos do que aos adversários diretos; mas não confiam no seu líder o suficiente para lhe atribuir o lastro que ele precisa para chegar às legislativas com a solidez que seria expectável num contexto como o atual. A dúvida agora não é uma questão de opinião, a dúvida foi expressa em percentagem de votos: Seguro vale menos do que o PS.

Acontece que Passos Coelho também tira votos ao PSD. Os números de ontem traduzem uma crítica pesada à Aliança Portugal. Passos reafirmou que está tudo em aberto quanto às legislativas e disse a verdade: as eleições de ontem traduzem bem a orfandade política que existe. Mas essa orfandade reverteu em favor do PCP e de Marinho Pinto -- ninguém sabe se o voto útil pode voltar a repor o statu quo. Desconfio que não. Politicamente, o país está paralisado desde ontem.

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