Correio do Brasil,
com correspondentes de Copenhagen, Londres e Rio de Janeiro – 5 junho 2014
A reunião do Clube Bilderberg,
organização que reúne as mais importantes autoridades da Europa e dos EUA nos
campos político, econômico e militar, foi encerrada no último domingo, na
Dinarmarca, sem qualquer declaração pública. A jornalista Cristina Martín
Jiménez, que investiga há uma década esta organização para o diário espanhol El
Confidencial, apontou ao Correio do Brasil com exclusividade, a existência
de forte indícios de que, antes de abdicar, o rei Juan Carlos de Espanha
discutiu o assunto com os integrantes da organização secreta. Entre outros
temas em pauta, no encontro anual cercado de mistério e segredos, está a
previsão de que a Europa tende a mergulhar, no prazo máximo de um ano, em um
grande conflito armado.
Segundo Jiménez, o Bilderberg reuniu
figuras militares influentes como o secretário-geral da Organização do Tratado
Atlântico Norte (Otan), Anders Rasmussen e o ex-diretor da Agência Central de
Inteligência (CIA, na sigla em inglês) David Petraeus; o ministro da Fazenda e
secretário do Tesouro Britânico, George Osborne, aliado ao Partido Conservador,
e John Olav Kerr, o barão Kerr of Kinlochard, membro da Casa dos Lordes no
Parlamento britânico, diretamente ligado às esferas de poder na Escócia e
integrante do círculo mais fechado do Clube. Outras presenças ilustres no
encontro foram a secretária do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa
Christine Lagarde, e a ministra sueca dos Negócios Estrangeiros, Jessica
Olausson, que sequer teve o nome revelado na lista dos participantes.
“Trata-se de um
clube de poderosos que tem a pretensão de controlar e dirigir o mundo. Entre
outras catástrofes que causaram, são os responsáveis por submergir a Europa na
pior crise desde a II Guerra Mundial. O efeito mais imediato da reunião do
clube, que acabamos de conhecer, foi a abdicação do rei espanhol. Não resta
mais a menor dúvida de que a renúncia de Juan Carlos foi uma decisão consensual
de Bilderber”, escreveu Cristina Jiménez.
As conversações
deste ano, ainda segundo Jiménez, giraram em torno da possibilidade de
conflitos armados na Rússia, China e no Oriente Médio.
“O que foi extraído
da reunião deste ano é que daqui a alguns meses, a um ano, deverá ocorrer uma
grande reestruturação militar, econômica e comercial originado em uma
transformação importante na História do mundo: um conflito bélico de grandes
dimensões”, afirmou.
Crise militar
A jornalista
Cristina Jiménez não foi a única a perceber que a reunião deste ano do Clube deBilderberg tratou
de um importante evento militar, previsto para os próximos meses, em escala
global. O jornalista investigativo Daniel Estulin, autor do livro A Verdadeira
História do Clube de Bilderberg, disse também ao CdB que, na
conferência realizada em um hotel cinco estrelas de Copenhagen, as mais
importantes figuras dos campos econômico e militar dos EUA têm realizado um
tremendo esforço para manter separadas a Rússia e a China, que reforçaram,
recentemente, a aliança contra os norte-americanos.
– Há 50 anos,
Richard Nixon e Henry Kissinger persuadiram a China a se virar contra a União
Soviética e se aliar aos EUA. A pergunta que se faz agora é retórica, se a
cooperação entre Rússia e China será renovada em uma aliança contra a América –
disse Estulin, lembrando o tratado de US$ 400 bilhões entre russos e chineses
na compra do gás da Gazprom.
A questão
energética sobre a distribuição do gás produzido na Rússia para as nações
europeias, passando pela crise na Ucrânia, foi outras das questões centrais no
encontro do Clube de Bilderberg.
– A administração
norte-americana tem forçado os países europeus a impor cada vez mais sanções à
Rússia, enquanto países como a França e a Alemanha entendem que, ao impor tais
sanções, colocam em risco as próprias economias. O que franceses e alemães
querem é saber dos EUA, exatamente, como os Estados europeus serão abastecidos
com o gás que, atualmente, recebem da Rússia. A Alemanha, em especial, começa a
suspeitar que EUA e Rússia têm manipulados os fatos, por debaixo dos panos, e
está tratando de sair de cena, com a desculpa de que a Ucrânia está fora de
controle – afirmou o jornalista investigativo.
Os integrantes
europeus do Clube entendem que a Ucrânia dependerá da Rússia para um possível –
ainda que mau – acordo para sua subsistência; e os integrantes norte-americanos
do Bilderberg têm tentado de tudo para manter russos e ucranianos separados,
prolongando a crise na região. A preocupação dos europeus, no seleto encontro
de Copenhagen, que lhes têm tirado o sono, é o crescimento do Irã e o acordo
sino-russo.
– Hoje, Rússia
e China têm acertado suas diferenças e estão em vias de formar a maior
potência regional na Ásia, o que o Clube entende como ameaça direta ao
capitalismo ocidental – afirmou o autor.
O Clube Bilderberg
foi fundado em 1954 e, desde então, vem realizando suas reuniões como forma de
promover o diálogo entre a Europa e os EUA. Ao todo, participam entre 120 a 150 líderes políticos e
influentes empresários nas áreas da indústria, finanças e mídia; além de
acadêmicos, dos encontros anuais para discutir assuntos como política externa,
tecnologia, Oriente Médio e África. É considerado, por especialistas, como o
encontro mais secreto do mundo, tamanha é a segurança e os ritos que seguem a
tradição do Clube.
Na foto: A francesa
Christine Lagarde, secretária do FMI, conversa com Osborne (de costas) e Kerr,
(abaixado)
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