segunda-feira, 30 de junho de 2014

Não há sinais evidentes de tráfico de seres humanos em Cabo Verde - governo




O ministro da Justiça cabo-verdiano garantiu hoje à agência Lusa não existirem sinais evidentes de que Cabo Verde se tenha transformado num ponto de passagem no tráfico de seres humanos, admitindo, porém, o potencial que existe no país.

José Carlos Correia falava à Lusa no final da sessão de abertura de um seminário de formação sobre tráfico de pessoas, destinado a agentes e representantes judiciários, judiciais, policiais e da sociedade civil, promovido pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC) e pelo Governo dos Estados Unidos.

"Estamos num país que recebe pessoas de todo o mundo, no triângulo da Europa, África e América, e desde sempre que Cabo Verde é um país de passagem, aberto, mas que vai também acolhendo e instalando pessoas no seu território", argumentou o ministro.

"Devemos estar muito cautelosos, pois há pessoas que vêm para Cabo Verde e não conhecemos completamente todo o substrato por trás disso. Não estamos totalmente tranquilos, mas estamos vigilantes, pois é certo que não temos sinais evidentes que nos digam que há tráfico de seres humanos em Cabo Verde", acrescentou.

O ministro da Justiça cabo-verdiano admitiu também que há uma falha da legislação em Cabo Verde, sobretudo na punição dos transgressores, salientando que falta transpor internamente as recomendações da Convenção de Palermo contra a criminalidade organizada no que se refere à punição do tráfico de pessoas.

"O Código Penal vai ser revisto e irá seguramente refletir e dar uma resposta", sublinhou, defendendo uma "maior vigilância" das instituições sociais, judiciais e policiais cabo-verdianas para a questão do tráfico de pessoas, razão pela qual 30 agentes policiais começaram hoje uma formação de cinco dias.

Questionado pela Lusa sobre se existem dados sobre o tráfico de pessoas em Cabo Verde, José Carlos Correia indicou que há relatórios que fazem referência a alguns números, embora nenhum estudo seja conclusivo.

"Ficamos apenas com a ideia de que nem todos os estrangeiros residentes em Cabo Verde estão em situação regular e, entre esses, há pessoas com alguma fragilidade humana, social, que os poderá colocar no foco da exploração humana", admitiu.

"Cabo Verde foi sempre um ponto de passagem, desde o início (século XVI), quando os navegadores vinham, paravam os barcos e seguiam. Nesse sentido, Cabo Verde é um ponto de passagem, mas não tem de ser necessariamente um tráfico ilegal", concluiu.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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