domingo, 1 de junho de 2014

São Tomé: Criança de 1 ano foi levada ilegalmente por cidadãos franceses



Téla Nón (st)

Numa altura em que as autoridades são-tomenses anunciaram a abertura da quinzena da criança, em alusão a datas importantes como 1 de junho dia internacional das crianças e 16 de junho dia da criança africana, São Tomé e Príncipe regista mais um caso grave de violação das leis da República e dos direitos das crianças.

Mais um caso de violação as leis, que acentua suspeitas de existência de uma rede de tráfico de crianças no país, como resultado de vários episódios anteriores.

Desta vez, a criança que foi levada ilegalmente para o estrangeiro, tem 1 ano de idade e estava sob a tutela da Caritas de São Tomé e Príncipe. O Téla Nón apurou junto a Caritas, que um casal de franceses, manifestou interesse em adoptar  a menor de nome Leopoldina Vitória Domingas. A Caritas por sua vez remeteu ao Ministério Público, as documentações para o efeito.

Estando o processo para adopção a correr os seus trâmites nos Tribunais, processo sob o número 45/2013, a Caritas deu autorização ao casal francês, Jean Sourigues e Silvia Angélica Alves Sourigues, para estar com a criança, enquanto o processo de adopção aguardava a decisão da Juíza.

No entanto, no passado dia 22 de Maio a Caritas de São Tomé e Príncipe contactou o gabinete de advogados que está a tratar do processo de adopção da criança, pedindo que fosse prorrogada a autorização dada ao casal francês para estar com a criança uma vez que o processo de adopção ainda está a correr os seus trâmites nos tribunais.

Para o espanto de todos, apurou o Téla Nón, o escritório de advogados que tem o processo de adopção foi informado por um jurista membro da ordem dos advogados que a criança tinha saído do país na companhia do casal de nacionalidade francesa.

Leopoldina Vitória Domingas de 1 ano de idade, está em França há bastante tempo, enquanto o Tribunal da Primeira Instância de São Tomé e Príncipe nem se quer decidiu sobre o processo da sua adopção a favor do casal francês.

Máximo Aguiar, Presidente da Caritas de São Tomé e Príncipe, disse ao Téla Nón que o caso mostra que o país está desgovernado. Afirmou que a criança estava sob os auspícios da caritas que encaminhou o assunto para o ministério público de acordo a manifestação de interesse do casal francês. Foi surpreendido com a viagem da criança, que saiu do país de forma ilegal.

O Advogado José Carlos Barreiros, é visado nas declarações do Presidente da Caritas, como sendo o autor material da saída ilegal da criança de 1 ano do país. (áudio no original)

Um caso que se junta a vários outros verificados na ilha de São Tomé. Uma situação que obriga qualquer cidadão são-tomense, e principalmente os dirigentes a reflectirem seriamente sobre o futuro das crianças nesta quinzena dedicada a elas.

Note-se que em Dezembro do ano 2011, a então representante da Ordem dos Advogados, Celiza de Deus Lima denunciou que São Tomé e Príncipe estava na rota do tráfico internacional de crianças. Tudo por causa das acções de uma cidadã portuguesa de nome Mafalda Horta, que já tinha feito sair do país cerca de 3 crianças em regime de adopção internacional, e alegadamente estava prestes a enviar mais um grupo de crianças para o exterior.

Já em Maio do ano 2013, o país ficou de boca aberta quando deu conta que um casal de gémeos de 4 meses, saiu ilegalmente e sem deixar qualquer pista rumo a Libreville – Gabão. As crianças saíram de São Tomé via marítima, num negócio feito as escondidas com a mãe do casal de gémeos. Só a intervenção da Polícia gabonesa e da Interpol, permitiu a recuperação dos gémeos que já estavam na praça comercial de Libreville.

Agora é a menina Leopoldina Vitória Domingas de 1 ano que foi levada para o exterior sem que o Estado são-tomense soubesse.

Abel Veiga

Ordem dos advogados com batata quente no caso da criança que saiu ilegalmente do país

Tela Nón (st)

O gabinete de Advogados “Posser da Costa & Associados”, que tem nas mãos o processo de adopção da criança Leopoldina Vitória Domingas, denunciou o advogado José Carlos Barreiros, por sinal membro do Conselho Superior da Ordem dos Advogados, como sendo quem auxiliou a saída fraudulenta da criança do país.

Numa nota enviada ao Bastonário da Ordem dos Advogados, o gabinete de advogados que está a tratar do processo de adopção que ainda corre os seus trâmites nos tribunais, acusa também o advogado José Carlos Barreiros, de grave violação das regras constantes no Estatuto da própria Ordem dos Advogados.

Segundo a nota de denúncia que o Téla Nón teve acesso, o casal francês que levou ilegalmente a criança para o estrangeiro, vivia na casa do advogado José Carlos Barreiros.

Mais ainda,  no dia 22 de Maio quando a pedido das Caritas de São Tomé o gabinete de advogados “Posser da Costa & Associados” procurou o casal francês para prorrogar a autorização dada pela própria Caritas para estar com a criança, foi o advogado José Carlos Barreiros, quem informou ao referido gabinete de advogados que a criança já tinha saído do país e com a sua ajuda.

Segundo a nota de denúncia que foi recebida pela Ordem dos Advogado no dia 27 de Maio, a atitude de José Carlos Barreiros, «diminui a dignidade da profissão de advogados, e do conselho superior da Ordem», lê-se no documento.

A fundamentação da denúncia com elementos de provas, levou o gabinete de advogados “Posser da Costa & Associados”, a requerer a Ordem dos Advogados que seja instaurado um processo disciplinar ao advogado José Carlos Barreiros.

O leitor deve ler na íntegra a denúncia feita contra o advogado José Carlos Barreiros(faça atenção a data de nascimento da criança, não é 10 de Março de 2014, como por erro está no documento mas sim 10 de Março de 2013) CLIQUE – Denúncia contra José Carlos Barreiros

Da mesma forma deve ser consultada a declaração emitida pela Caritas de São Tomé e Príncipe, que também põe em causa o advogado José Carlos Barreiros – Declaração da Caritas

Todas as diligências feitas pelo Jornal Téla Nón nos últimos dias e até ao fecho deste artigo para ouvir o advogado José Carlos Barreiros resultaram em fracasso. As sucessivas tentativas de contacto via telefone tiveram como resposta «O número que está a tentar contactar não está disponível».

Abel Veiga

Relacionado em Téla Nón


Sem comentários:

Mais lidas da semana