Hong
Kong, China, 09 set (Lusa) - O embaixador chinês na Grã-Bretanha advertiu hoje
para o cenário de "caos" em Hong Kong se os pró-democratas mantiverem o plano
de ocupar o centro da cidade, rejeitando os apelos para uma nomeação pública
dos candidatos a chefe do Executivo.
O
descontentamento em Hong
Kong atingiu este ano o seu nível mais elevado quanto à
alegada interferência por parte da China nos assuntos do território e a
insistência de Pequim em validar os candidatos antes da próxima eleição para o
chefe do Executivo em 2017.
O
movimento pró-democracia "Occupy Central" prometeu ocupar o distrito
financeiro da antiga colónia britânica se o Governo não permitir a reforma
eleitoral.
"Se
não ficarem satisfeitos, eles ameaçam 'Ocupar Central' e arrastar a economia de
Hong Kong para o caos", escreveu Liu Xiaoming num artigo publicado hoje no
Financial Times.
"Qualquer
tentativa para destabilizar Hong Kong através da política de rua não vai
certamente ganhar os corações e mentes das pessoas da cidade. Recentes
desenvolvimentos em alguns países demonstram uma verdade simples: a política de
rua não traz democracia mas incorre no tumulto e caos", acrescentou.
A
imprensa oficial chinesa considerou o movimento "Occupy Central"
ilegal e disse que a iniciativa poderia prejudicar a economia da cidade.
Um
referendo informal realizado em junho em Hong Kong , que atraiu a participação de quase
800.000 pessoas, também irritou Pequim.
O
referendo foi seguido da tradicional marcha de 01 de julho (aniversário da
transição de Hong Kong para a China), que colocou a tónica no sufrágio
universal e na condenação da alegada interferência de Pequim na governação da
cidade.
Pequim
prometeu deixar os residentes de Hong Kong escolherem o seu próximo líder em
2017 por voto direto - metodologia que colocaria fim ao sistema atual de
eleição do chefe do Executivo assente num comité eleitoral de 1.200 pessoas -
mas com a condição de que os candidatos sejam aprovados por um comité de
nomeação, algo que os pró-democratas contestam, alegando que assim só os
candidatos pró-Pequim terão luz verde.
Os
ativistas também pedem que a votação siga os padrões internacionais, mas Liu
contra-atacou: "Os sistemas eleitorais variam, não há um ?padrão
internacional'", escreveu.
O
embaixador chinês relacionou o patriotismo que Pequim considera ser um
requisito necessário para qualquer chefe do Executivo com o juramento feito na
tomada de posse pelos presidentes dos Estados Unidos.
Receios
com a influência de Pequim aumentaram em junho quando o Governo central
publicou um controverso "Livro Branco" sobre o futuro de Hong Kong,
que é visto por uma larga franja da população como um aviso à cidade para não
exceder limites.
O
Livro Branco também refere que o amor à China constitue um "requisito
político básico" para qualquer futuro líder.
Hong
Kong beneficia de liberdades não garantidas no interior da China, incluindo
liberdade de expressão e o direito ao protesto, mas o medo de que que estas
liberdades estejam a ser postas em causa tem vindo a aumentar.
FV
// PJA - Lusa
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