quarta-feira, 9 de julho de 2014

Embaixador chinês na Grã-Bretanha adverte para "caos" em Hong Kong




Hong Kong, China, 09 set (Lusa) - O embaixador chinês na Grã-Bretanha advertiu hoje para o cenário de "caos" em Hong Kong se os pró-democratas mantiverem o plano de ocupar o centro da cidade, rejeitando os apelos para uma nomeação pública dos candidatos a chefe do Executivo.

O descontentamento em Hong Kong atingiu este ano o seu nível mais elevado quanto à alegada interferência por parte da China nos assuntos do território e a insistência de Pequim em validar os candidatos antes da próxima eleição para o chefe do Executivo em 2017.

O movimento pró-democracia "Occupy Central" prometeu ocupar o distrito financeiro da antiga colónia britânica se o Governo não permitir a reforma eleitoral.

"Se não ficarem satisfeitos, eles ameaçam 'Ocupar Central' e arrastar a economia de Hong Kong para o caos", escreveu Liu Xiaoming num artigo publicado hoje no Financial Times.

"Qualquer tentativa para destabilizar Hong Kong através da política de rua não vai certamente ganhar os corações e mentes das pessoas da cidade. Recentes desenvolvimentos em alguns países demonstram uma verdade simples: a política de rua não traz democracia mas incorre no tumulto e caos", acrescentou.

A imprensa oficial chinesa considerou o movimento "Occupy Central" ilegal e disse que a iniciativa poderia prejudicar a economia da cidade.

Um referendo informal realizado em junho em Hong Kong, que atraiu a participação de quase 800.000 pessoas, também irritou Pequim.

O referendo foi seguido da tradicional marcha de 01 de julho (aniversário da transição de Hong Kong para a China), que colocou a tónica no sufrágio universal e na condenação da alegada interferência de Pequim na governação da cidade.

Pequim prometeu deixar os residentes de Hong Kong escolherem o seu próximo líder em 2017 por voto direto - metodologia que colocaria fim ao sistema atual de eleição do chefe do Executivo assente num comité eleitoral de 1.200 pessoas - mas com a condição de que os candidatos sejam aprovados por um comité de nomeação, algo que os pró-democratas contestam, alegando que assim só os candidatos pró-Pequim terão luz verde.

Os ativistas também pedem que a votação siga os padrões internacionais, mas Liu contra-atacou: "Os sistemas eleitorais variam, não há um ?padrão internacional'", escreveu.

O embaixador chinês relacionou o patriotismo que Pequim considera ser um requisito necessário para qualquer chefe do Executivo com o juramento feito na tomada de posse pelos presidentes dos Estados Unidos.

Receios com a influência de Pequim aumentaram em junho quando o Governo central publicou um controverso "Livro Branco" sobre o futuro de Hong Kong, que é visto por uma larga franja da população como um aviso à cidade para não exceder limites.

O Livro Branco também refere que o amor à China constitue um "requisito político básico" para qualquer futuro líder.

Hong Kong beneficia de liberdades não garantidas no interior da China, incluindo liberdade de expressão e o direito ao protesto, mas o medo de que que estas liberdades estejam a ser postas em causa tem vindo a aumentar.

FV // PJA - Lusa

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