domingo, 24 de agosto de 2014

Angola: SUL-AFRICANOS DERROTADOS NOS COMBATES DE CAHAMA



Artur Queiroz – Jornal de Angola -  24 de Agosto, 2014

No dia 23 de Agosto de 1981, fez ontem 33 anos,  as forças de defesa e segurança da África do Sul invadiram Angola.Começou então a longa agressão que acabou com a derrota do regime racista de Pretória no Triângulo do Tumpo, a 23 de Março de 1988.

Durante sete anos, os angolanos enfrentaram uma guerra de agressão que foi apresentada ao mundo como uma “guerra civil”. O Presidente José Eduardo dos Santos reagiu à invasão dando ordens precisas aos seus comandantes militares. E a aventura dos racistas de Pretória acabou com a estrondosa derrota  na frente da  Cahama.

A derrota final aconteceu no Triângulo do Tumpo, a 23 de Março de 1988, quando as forças racistas foram destroçadas pelos combatentes angolanos, comandados pelo falecido general Ngueto, que tinha ao seu lado os melhores militares angolanos, jovens altamente qualificados.

Os primeiros combates com as FAPLA deram-se na “Operação Sceptic”, ainda em 1980. Os sul-africanos estavam convencidos de que iam fazer um “safari” a Angola. Foram surpreendidos com a resistência encontrada. Logo a seguir  o alto comando de Pretória lançiou a “Operação dos Cravos”, no mês de Julho de 1981. Desta vez a heróica resistência das FAPLA foi tão grande que os “karkamanos” abandonaram o terreno.

No dia 23 de Agosto de 1981, fez ontem 33 anos (a idade de Cristo) Pretória lançou a grande “Operação Protéa”. O nome escolhido é simbólico. A prótea é uma planta africana com exuberantes flores. Magnus Mallan estava convencido de que, desta vez, a vitória dos racistas ia ser tão exuberante como as flores da planta que deu o nome à operação militar.

Os aviões sul-africanos entraram em Angola, pela costa marítima do Namibe, voando a baixa altitude, para não serem detectados pelos radares instalados nas alturas da serra da Chela. Foram confundidos com barcos. E assim conseguiram desembarcar milhares de homens e material de guerra sofisticado, na província do Cunene. 

O objectivo era aniquilar os combatentes da SWAPO e das FAPLA. Como resultado dos golpes sofridos, a  SWAPO mudou as suas bases mais para o Norte, no território angolano, colocando-se nas proximidades das forças das FAPLA para se proteger da sanha assassina sul-africana. O sistema logístico da SWAPO praticamente era o mesmo das FAPLA.

Operação dos Cravos

Pretória lançou a “Operação dos Cravos” para transpor as linhas defensivas das FAPLA e atacar directamente as unidades da SWAPO, que se encontravam por trás. Para além de terem assassinado 225 civis, os racistas de Pretória pouco mais conseguiram. A acção militar registou um total insucesso.

 As forças de segurança sul-africanas não foram capazes de operar numa profundidade superior a 25 quilómetros, para lá da fronteira angolana, enquanto as maiores bases da SWAPO estavam situadas muito mais a Norte.

Por essa altura, as FAPLA também adoptaram uma atitude mais beligerante em relação às forças de segurança sul-africanas. Quando pensavam que vinham a Angola fazer um “safari” em viagem de recreio, as tropas de Pretória encontraram os combatentes angolanos dispostos a dar tudo pela defesa da Pátria e pela soberania nacional.

O Sistema de Defesa Aéreo das FAPLA tornou-se uma ameaça real para as operações sul-africanas de apoio aéreo, durante a “Operação dos Cravos”. E a aviação sul-africana era a grande arma dos invasores. Ao perder o domínio do ar, as forças terrestres pouco mais puderam fazer do que recuar para o território ocupado da Namíbia.

Com vista a aprofundar as linhas de acção contra as FAPLA e depois contra o braço armado da SWAPO, os sul-africanos conceberam uma nova operação de forma a que desta vez não falhasse. Era preciso contornar o Sistema de Defesa Aéreo de Angola porque foi uma ameaça real para as operações sul-africanas durante a “Operação dos Cravos”. E levou ao seu fracasso com forte sabor a derrota militar.

Operação Protéa

A “Operação Prótea começou, a 23 de Agosto de 1981, com um ataque da aviação sul-africana a uma estação de radar das FAPLA e às instalações mais importantes do sistema de defesa aéreo angolano. Durante esta operação, foram atacados e destruídos vários objectivos económicos e sociais nas proximidades de Xangongo e Ongiva, as bases da SWAPO e os seus postos de comando. 

Desta vez o poderoso ministro da Defesa sul-africano, Nagnus Mallan e o ministro das Relações Exteriores, Pik Botha, acreditavam que a vitória dos racistas ia ser tão exuberante como as flores da protéa. Mas os combatentes angolanos tinham a força da razão e do amor à Pátria. E conseguiram  enfrentar o poderoso inimigo, apesar da sua superioridade aérea e terrestre.

A 24 de Agosto de 1981, faz hoje 33 anos, após devastadores bombardeamentos aéreos, as tropas terrestres sul-africanas avançaram ao longo de três eixos de aproximação, convergentes em Xangongo. Uma força mecanizada atacou a base, a Noroeste da cidade, onde estava a sede da SWAPO.

 Ao mesmo tempo os invasores estrangeiros destruíram as bases da SWAPO a Sul e Sudoeste da cidade. Xangongo ficou isolada e longe de qualquer força de intervenção das FAPLA, a partir do Humbe e de Péu-Péu, no Noroeste e Nordeste. 

A força combinada FAPLA/SWAPO, após ter sido submetida a intenso bombardeamento aéreo, acabou por se retirar levando consigo o que restou dos tanques e da infantaria, que estavam entrincheirados à volta da cidade.

Quando as FAPLA se retiraram de Xangongo, a força principal dos sul-africanos prosseguiu para Leste e Sul, obrigando-as a sair da Môngua. O general Nzumbi, que em 1984 derrotou os sul-africanos, descreve assim a situação: “praticamente a fronteira de Angola ficou na Cahama”.  A “Operação Protéa” foi a maior operação mecanizada realizada pelo Exército sul-africano, desde a II Guerra Mundial e antes da Batalha do Cuito Cuanavale, no Triângulo do Tumpo.

Vitória das FAPLA

Os combatentes angolanos resistiram aos invasores estrangeiros na Cahama. Durante meses e anos, sofreram bombardeamentos aéreos contínuos. A via que liga o Lubango à Cahama foi baptizada como a “Estrada da Morte”.

Mas em 1984, tudo mudou. O Comandante em Chefe e o seu Estado-Maior adoptaram medidas eficazes que acabaram com a supremacia aérea sul-africana. Vários aviões foram abatidos pelos mísseis. Os helicópteros nunca mais apareceram no teatro de operações. Os racistas de Pretória vieram a sofrer a sua primeira grande derrota militar em Angola. Foram forçados a abandonar a província do Cunene e mudaram para o Cuando Cubango. Onde foi morto e enterrado, no Triângulo do Tumpo, o regime de apartheid.

O Comandante em Chefe, José Eduardo dos Santos, no dia 13 de Junho 1984 foi à Cahama felicitar os vencedores. Atravessou a “Estrada da Morte” e andou de trincheira em trincheira, dando ânimo aos combatentes.

Foto: Jaimagens

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