Para
Jaime Nina, esta é uma “medida de desespero de causa”, de um país que “não tem
possibilidade de rastrear nem de fazer quarentena”
O
infeciologista Jaime Nina considera positiva a decisão da Guiné-Bissau de
fechar a fronteiras com a Guiné-Conacri, por ser a única maneira de controlar a
entrada do vírus Ébola num país onde o seu aparecimento seria uma “desgraça”.
O
primeiro-ministro da Guiné-Bissau anunciou na terça-feira um Programa de Emergência
Sanitária que inclui o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri e a
proibição de aglomerações de pessoas para prevenir a entrada do vírus Ébola no
país.
Segundo
Jaime Nina, esta medida “não parece assim tão disparatada” para um país que consta
da lista dos 20 mais pobres do mundo (o único de língua portuguesa), onde
poucas coisas funcionam, não há meios nem especialistas.
“Uma
das poucas coisas que funcionam na Guiné-Bissau são os militares. Fechar as
fronteiras é pôr os militares dentro do assunto”, afirmou à Lusa, considerando
que sempre é uma forma de haver um certo controlo e é uma medida preventiva.
Para
Jaime Nina, esta é uma “medida de desespero de causa”, de um país que “não tem
possibilidade de rastrear nem de fazer quarentena”.
A
título de exemplo, o médico lembrou que recentemente a maternidade esteve três
meses sem água, algo “impensável num país europeu” e que diz tudo acerca da
falta de meios, e até sanitários, ao nível da saúde.
“Apesar
dos riscos [que vão continuar a haver], a única medida possível é fechar a
fronteira, porque atualmente não existe qualquer controlo e a circulação de
pessoas entre países é completamente fluída”.
O
especialista em medicina tropical não tem dúvidas de que se o vírus do ébola
entrasse na Guiné-Bissau “seria uma desgraça tão grande como nos outros
países”.
No
entanto, Jaime Nina salienta que não há casos de Ébola nas zonas da
Guiné-Conacri que fazem fronteira com a Guiné-Bissau, o que torna menos
premente o isolamento das fronteiras, mas “é uma medida preventiva e dá mais
sensação de segurança à população”.
Lusa,
em jornal i – foto Reuters
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