Presidente
diz que EUA não podem ignorar situação enfrentada por minorias religiosas no
país árabe. Em entrevista ao "NYT", líder americano diz que
Washington não permitirá califado na região.
O
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou neste sábado (09/08) que
as ofensivas aéreas de seu país destruíram armas e equipamento que os
militantes do "Estado Islâmico" (EI) poderiam ter utilizado numa
investida contra Arbil, capital da região curda semiautônoma no norte
iraquiano.
Ele
declinou de fornecer um cronograma para a atual operação militar no Iraque,
além de dizer que não será uma questão de apenas semanas. Antes, em seu
programa de rádio semanal, o democrata prometera dar continuidade aos ataques
aéreos "enquanto for necessário", para proteger os americanos no país
contra os militantes do "Estado Islâmico".
Poucas
horas antes, o Pentágono anunciara uma segunda entrega de ajuda humanitária
para civis isolados numa região de montanha no norte do Iraque. "Os
milhares – talvez dezenas de milhares – de homens, mulheres e crianças
iraquianas que fugiram para aquela montanha estão passando fome e morrendo de
sede", disse o líder americano na manhã deste sábado, afirmando que a ajuda
humanitária ajudará os refugiados a sobreviver.
De
acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, 50 mil yazidis –
membros de uma religião curda com antigas raízes indo-europeias – estão presos
no topo das montanhas de Sinjar. Eles fugiram de suas casas com medo do avanço
dos militantes do "Estado Islâmico".
O
grupo radical sunita, considerado mais extremo do que a Al Qaeda, vê como
"infiéis" tanto a maioria xiita quanto as minorias de cristãos e
yazidis. Estes, em especial, são tachados de "adoradores do diabo". A
ONU estima que, no total, mais de 600 mil pessoas foram deslocadas pelo avanço
dos militantes do EI.
Contra
uma nova guerra do Iraque
O
presidente americano ressaltou que os EUA "não podem e não devem"
intervir toda vez que houver uma crise no mundo. "Mas quando há uma
situação como esta, nessa montanha, na qual inúmeros inocentes estão correndo
risco de serem massacrados, e quando temos a capacidade de evitar isso, os EUA
não podem ignorar. Esse não é o nosso jeito de ser. Nós somos americanos. Nós
agimos. Nós lideramos. E é isso que vamos fazer naquela montanha."
Em
outra entrevista publicada na noite de sexta-feira pelo jornal The New
York Times, Obama declarou-se disposto a considerar ataques militares mais
amplos no Iraque, para conter o avanço dos militantes do "Estado
Islâmico". Desde sexta-feira, os EUA realizam ataques aéreos no Iraque com
o objetivo de proteger minorias religiosas e americanos no país.
"Nós
não deixaremos que eles criem um tipo de califado na Síria e no Iraque",
disse o chefe de Estado. "Mas só podemos fazer isso se soubermos que temos
parceiros no território capazes de preencher o vazio." Ele garantiu que a
ofensiva não incluirá envio de tropas a solo iraquiano, e afirmou que não
pretende permitir que seu país "seja arrastado" a uma nova
"guerra do Iraque".
O
anúncio de Obama, porém – considerado a mais incisiva resposta dos EUA à crise
no Iraque até agora –, aumenta o receio de uma nova investida militar no país –
a primeira desde a retirada das tropas americanas em 2011 após uma guerra que
durou uma década.
Deutsche
Welle - Edição: Augusto Valente - RM/ap/afp/rtr
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