Ministério
russo do Exterior divulga nota pedindo que europeus voltem a proibir exportação
de tecnologia e equipamentos militares a Kiev. Manifestantes em Moscou querem
mais ação do Kremlin em território ucraniano.
A
Rússia acusou neste sábado (02/08) a União Europeia de adotar "dois pesos
e duas medidas" com relação ao conflito na Ucrânia, ao suspender,
"silenciosamente", a proibição de abastecimento de tecnologia e
equipamentos militares à Ucrânia, enquanto, por outro lado, impõe sanções
contra Moscou. Segundo a Rússia, a UE é, por isso, corresponsável pelo
derramamento de sangue no leste da Ucrânia.
"Durante
um recente encontro do Conselho Europeu em Bruxelas, líderes dos
Estados-membros concordaram, silenciosamente, em remover as restrições de
exportação para Kiev de equipamentos que poderiam ser usados para repressão
interna", declarou o Ministério russo do Exterior por meio de uma nota publicada
em sua página na internet.
O
ministério pediu ainda que os líderes europeus não sejam
"influenciados" pelos Estados Unidos com relação aos acontecimentos
no leste da Ucrânia. E pediu que a suspensão das exportações volte a valer,
"senão a responsabilidade da EU sobre o banho de sangue no leste da
Ucrânia vai só aumentar".
Em
fevereiro passado, a UE concordou em reavaliar as licenças de exportação para
repasse de tecnologia e equipamento militar para Kiev e em suspender as
licenças de exportação de equipamentos de repressão a distúrbios, a fim de que
à época não fossem usados pelo então presidente Victor Yanukovytch. O acordo
foi revogado no mês passado.
As
relações entre Moscou e Bruxelas vêm se deteriorando desde que o bloco europeu
concordou em impor sanções à Rússia, devido ao suporte dado pelo Kremlin aos
rebeldes ucranianos – muitos deles de origem russa.
Na
semana passada, o bloco europeu anunciou sanções mais abrangentes contra a
Rússia, que afetam principalmente os setores russos de energia, finanças e
defesa.
Russos
querem ação de Moscou
Também
neste sábado, centenas de militantes foram às ruas de Moscou pedir ao
presidente russo para que "tome uma ação" na Ucrânia, por meio do
envio de "tropas de paz russas", para colocar fim aos conflitos
sangrentos no país vizinho. Participaram do protesto vários separatistas,
vindos da autoproclamada "República de Donetsk", que faz fronteira
com a Rússia, além de ortodoxos e ultranacionalistas.
Alguns
manifestantes reunidos nas proximidades do estádio olímpico diziam "não
entender" por que militares americanos "podem fornecer armas ao
Exército ucraniano e a Rússia não pode fazer a mesma coisa aos separatistas
pró-russos". Eles ainda apelaram pelo aumento da ajuda humanitária aos
habitantes de Donetsk e entoaram cânticos patrióticos russos.
Há
vários dias, organizações humanitárias russas vêm pedindo ajuda financeira da
população russa aos moradores da República de Donetsk. Em vários pontos de
Moscou há urnas para que as pessoas possam depositar dinheiro.
O
conflito entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos no leste da
Ucrânia já causou, em apenas três meses, mais de 1,1 mil mortos, segundo as
Nações Unidas.
Bombardeios
expulsam especialistas
Bombardeios
neste sábado forçaram especialistas internacionais a abandonar parte do local
onde caiu o avião da Malaysia Airlines, abatido há duas semanas no leste da
Ucrânia. Era o segundo dia em que 70 investigadores holandeses e australianos
trabalhavam no local com cães farejadores. Entre os escombros, eles conseguiram
identificar mais restos mortais de vítimas.
"Ouvimos
a uma distância de aproximadamente dois quilômetros uma artilharia chegando de
onde nós estávamos, e estava muito perto para continuarmos os trabalhos",
explicou Alexander Hug, subchefe da missão da Organização para Segurança e
Cooperação na Europa (OSCE).
Deutsche
Welle – Edição: Marcio Damasceno - MSB/rtr/lusa/afp
Tropas
ucranianas e separatistas enfrentam-se logo após término de cessar-fogo pedido
pela ONU para permitir acesso de investigadores internacionais ao local do
acidente. Peritos devem continuar busca por restos mortais. (01.08.2014)
Casas
em ruínas, crateras de bombas nas ruas, valas comuns. Conflito na fronteira
tortura a população ucraniana, em meio a discussões sobre o real nível de envolvimento
da Rússia nas atrocidades. (31.07.2014)
Investidores
estão retirando dinheiro do país em ritmo acelerado. Se bancos não tiverem
acesso ao mercado financeiro, empresas russas poderão enfrentar sérios
problemas. (30.07.2014)
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