domingo, 21 de setembro de 2014

A HIPOCRISIA DA COLIGAÇÃO ANTI-ESTADO ISLÂMICO (EI)



Mehdi Agha Mohammad Zanjani* - Pátria Latina

A formação da Coalizão Internacional contra o Estado Islâmico (EI) ocorre no momento em que países membros dessa Coalizão direta ou indiretamente desempenharam um papel na  criação deste movimento terrorista, ajudando na sua estruração e continuando a apoia-lo  de  formas variadas.

Os Estados Unidos e seus aliados, com objetivo de desviar e enganar a opinião pública mundial, estão agrupando os  rebeldes armados que lutam contra o governo da Síria, em “terroristas bons e maus” ou seja de radicais e moderados. E logo depois anunciaram o seu apoio abrangente aos moderados.

Em primeiro lugar, os grupos, tais como o Estado Islâmico do Iraque ou Frente Al-Nosra que agora os Estados Unidos os chamam terroristas, sempre recebiam o apoio dos EUA e seus aliados e foram  criados basicamente com a ajuda desse país. Em segundo lugar, a gravidade dos crimes cometidos contra o povo e o governo da Síria pelo movimento que os Estados Unidos nomearam combatentes armados moderados, e enfatizaram em apoia-los, não são menores do que do Estado Islâmico (EI) no Iraque, e na essência e natureza, não há distinção entre o Estado Islâmico (EI). Há previsão de que muitos dos que hoje estão lutando em nome de Estado Islâmico (EI) e já agiram como Exército Livre da Síria ou Frente islâmica, com as crescentes pressões ao Estado Islâmico (EI),  conservando sua natureza, aproveitam da situação e se englobam nos chamados “grupos moderados”.

A crise na Síria começou em 2011 , enquanto o Estado Islâmico (EI)  foi formado em 2013. Até o anúncio da sua existência, foram  praticados inúmeros crimes contra o povo e o governo da Síria, pelos grupos terroristas como Exército Livre da Síria, ou Frente Al-Nosra e Ahrar al-Sham ou por outros grupos armados cujos crimes não são menores do que o Estado Islâmico (EI) . Todos eles  também foram apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados e agora são conhecidos como moderados. Podemos enumerar e exemplificar alguns desses crimes cometidos por estes rebeldes e que ainda continuam sendo praticados:

-Execução em massa de mais de 120 soldados do exército e polícias pelo Exército Livre da Síria nos primeiros dias de conflito na região de Jisr al-Shughur na província do Idlib.

-Em 2013, nos arredores de Damascus, um grande número de civis foram queimados vivos e alguns executados ou decapitados na praça da cidade. Estes crime foram atuados pelo Al-sham e Ahrar al-Aqsa.

-Ahrar al-sham, atuamente é um membro da Frente Islâmica o qual devidamente, apoiado pos forças estrangeiro faz parte da oposição armada chamada moderados.

-Em 2011 o grupo terrorista Exército Livre da Síria na região Daraa massacrou um grande número de soldados capturados do exército Sírio.

- Na sequência do ataque químico em Khan al-Assal em 2012, na periferia de Aleppo, os inquéritos determinaram que esta ação foi feita pela Frente Al-Nosra. De acordo com Embaixador Russo na ONU, Vitali Tchurkine,  especialistas russos recolheram amostras do local do ataque, em Khan al-Assal, e as provas que foram enviadas em um documento de 80 páginas ao Secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon aprovaram que os rebeldes sírios utilizavam gás Sarin no dia 19 de março de 2012 , perto de Aleppo (norte).

 -O tragico crime na aldeia Holeh da província de Hama, pelo Exército Livre da Síria e a Frente Al-Nosra que massacram  mais de 110 civis, a maioria deles mulheres e crianças, em suas casas.

-Ataques aos locais religiosos, incluindo a cidade cristã Malula, e a captura de freiras, todos estes crimes foram e são praticados por rebeldes sirios que os EUA alega que são elementos moderados (bom terroristas) e  que devem ser armados e apoiados financeiramente.

O Estado Islâmico (EI) surgiu no início de 2013, enquanto já ele era conhecido, sob o nome Estado Islâmico no Iraque e era comandado por Abu Bakr Al-Baghdadi. Desde o início da crise ele entrou em ação praticando muitos crimes. Quem formou o grupo Frente Al-Nosra na Síria sob comando de Abu Mohammed Al Jolani foi o Abu Bakr al-Bagdadi. Em abril de 2013, Bagdadi anunciou que o Estado Islâmico do Iraque e a Frente Al-Nosra, um grupo jihadista presente na Síria, se fundiram para se converter no Estado Islâmico do Iraque e Levante, mas a Al-Nosra negou-se a aderir a este movimento e os dois grupos começaram a agir separadamente até o início de janeiro de 2014.Tudo isso aprova que EI antes da sua formação no Iraque agia e lutava na Síria com o apoio dos EUA e os seus aliados. Agora a Frente Al-Nosra é um dos principais grupos armados contra Governo Sírio que também tem o suporte externo.

Sra. Hillary Clinton, o ex Secretária do Estado norte americano, nas suas memórias sob o título “Escolhas Difíceis” escreve:” numa reunião com os parceiros estratégicos dos EUA e o países do Golfo Pérsico em Riade discutimos sobre a oposição Síria. Eu lá disse enquanto se fala de assistência, é na verdade sobre uma extensa ajuda que cada um pode prestar”. Ela falou em vários capitulos do seu livro sobre a ação americana em armação a  oposição Síria que na sua visão eram bom terroristas.

Diferenciar os grupos armados na Síria é hipocrisia e enganar a opinião pública. Não existem diferenças em termos de sua fonte de alimentação financeira e intelectual, entre grupos como o Exército Livre da Síria, Frente Islâmica ou Ahrar Al-Islam. Assassinato e terror são as semelhanças entre todos estes grupos terroristas. Todos eles na sua essência procuram estabelecer o seu califado islâmico.

O Estado Islâmico(EI) não é uma criatura estranha que tenha surgido de repente. Um grande número de membros do EI são estrangeiros que entraram na Síria com assistência externa e através dos países da região ou das fronteiras de países vizinhos. Mesmo assim a maior parte dos rebeldes são sírios que lutam com o apoio externo e o seu objetivo é  derrubar o regime Sírio.

Os EUA e seus aliados na OTAN anunciaram que na luta contra o terrorismo, o primeiro passo é barrar o envio de  armas e recursos ao EI. Enquanto que na sua maioria, os que forneceram armamentos ou foram meios de envio dos recursos para os rebeldes, são aliados dos EUA hoje estão presentes na coalizão anti-EI.

Não existe a luta armada boa ou má. A luta armada contra um governo legitimo é terrorismo e apoia-la é ser cúmplice dessas ações terroristas.

Em conformidade com o direito internacional e da Carta das Nações Unidas em particular, é proibida a intervenção nos assuntos internos dos países. Enquanto os Estados Unidos e os aliados não só apoiaram à oposição politica na Síria, mas claramente tinham suportados os rebeldes  armados e o fluxo do terrorismo. Este ato não só viola as regras internacionais, mas é participação nos crimes contra humanidade que ocorrem na Síria e no Iraque.

A República Islâmica do Irã desde o início da crise na Síria, ajudou o governo e o povo Sírio na luta contra os grupos terroristas. Desde o início, nós advertimos que esta guerra é um confronto entre o governo e os grupos terroristas Sírios e que não existe uma saudavel oposição política. Infelizmente, países que hoje se formaram coalizão anti-EI, sempre protegeram estes grupos terroristas, cometeram erros  no passado, e hoje com alguns pretextos procuram lutar aparentemente com a origem de um problema que eram cúmplice e compartilharam na sua criação.

A luta contra o terrorismo deve ser baseada em uma agenda clara, lógica e realista e em coordenação com as Nações Unidas. A Coalizão na ação anti-terrorista deve colaborar com os países onde estão contaminados com os grupos terroristas e o EI. Caso contrário, considera-se uma invasão, consequentemente sem efeito, agravando ainda mais a crise.

A República Islâmica do Irã também devido à ambigüidade e pontos de interrogação na formação e conteúdo da luta contra o terrorismo que é considerado ilógico e não-realista, não se envolveu nas atividades. Ao mesmo tempo, a República Islâmica do Irã, não hesita nos esforços que possam ajudar os países que estão lutando contra terroristas, em particular, com Estado Islâmica(EI).

*Mehdi Agha Mohammad Zanjani é adido cultural da embaixada do Irã no Brasil

Sem comentários:

Mais lidas da semana