Mehdi
Agha Mohammad Zanjani* - Pátria Latina
A
formação da Coalizão Internacional contra o Estado Islâmico (EI) ocorre no
momento em que países membros dessa Coalizão direta ou indiretamente
desempenharam um papel na criação deste movimento terrorista, ajudando na
sua estruração e continuando a apoia-lo de formas variadas.
Os
Estados Unidos e seus aliados, com objetivo de desviar e enganar a opinião
pública mundial, estão agrupando os rebeldes armados que lutam contra o
governo da Síria, em “terroristas bons e maus” ou seja de radicais e moderados.
E logo depois anunciaram o seu apoio abrangente aos moderados.
Em
primeiro lugar, os grupos, tais como o Estado Islâmico do Iraque ou Frente
Al-Nosra que agora os Estados Unidos os chamam terroristas, sempre recebiam o
apoio dos EUA e seus aliados e foram criados basicamente com a ajuda
desse país. Em segundo lugar, a gravidade dos crimes cometidos contra o povo e
o governo da Síria pelo movimento que os Estados Unidos nomearam combatentes
armados moderados, e enfatizaram em apoia-los, não são menores do que do Estado
Islâmico (EI) no Iraque, e na essência e natureza, não há distinção entre o
Estado Islâmico (EI). Há previsão de que muitos dos que hoje estão lutando em
nome de Estado Islâmico (EI) e já agiram como Exército Livre da Síria ou Frente
islâmica, com as crescentes pressões ao Estado Islâmico (EI), conservando
sua natureza, aproveitam da situação e se englobam nos chamados “grupos
moderados”.
A
crise na Síria começou em 2011 , enquanto o Estado Islâmico (EI) foi formado
em 2013. Até o anúncio da sua existência, foram praticados inúmeros
crimes contra o povo e o governo da Síria, pelos grupos terroristas como
Exército Livre da Síria, ou Frente Al-Nosra e Ahrar al-Sham ou por outros
grupos armados cujos crimes não são menores do que o Estado Islâmico (EI) .
Todos eles também foram apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados e
agora são conhecidos como moderados. Podemos enumerar e exemplificar alguns
desses crimes cometidos por estes rebeldes e que ainda continuam sendo
praticados:
-Execução
em massa de mais de 120 soldados do exército e polícias pelo Exército Livre da
Síria nos primeiros dias de conflito na região de Jisr al-Shughur na província
do Idlib.
-Em
2013, nos arredores de Damascus, um grande número de civis foram queimados
vivos e alguns executados ou decapitados na praça da cidade. Estes crime foram
atuados pelo Al-sham e Ahrar al-Aqsa.
-Ahrar
al-sham, atuamente é um membro da Frente Islâmica o qual devidamente, apoiado
pos forças estrangeiro faz parte da oposição armada chamada moderados.
-Em
2011 o grupo terrorista Exército Livre da Síria na região Daraa massacrou um
grande número de soldados capturados do exército Sírio.
-
Na sequência do ataque químico em Khan al-Assal em 2012, na periferia de
Aleppo, os inquéritos determinaram que esta ação foi feita pela Frente
Al-Nosra. De acordo com Embaixador Russo na ONU, Vitali Tchurkine,
especialistas russos recolheram amostras do local do ataque, em Khan al-Assal,
e as provas que foram enviadas em um documento de 80 páginas ao Secretário
geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon aprovaram que os rebeldes sírios
utilizavam gás Sarin no dia 19 de março de 2012 , perto de Aleppo (norte).
-O
tragico crime na aldeia Holeh da província de Hama, pelo Exército Livre da
Síria e a Frente Al-Nosra que massacram mais de 110 civis, a maioria
deles mulheres e crianças, em suas casas.
-Ataques
aos locais religiosos, incluindo a cidade cristã Malula, e a captura de freiras,
todos estes crimes foram e são praticados por rebeldes sirios que os EUA alega
que são elementos moderados (bom terroristas) e que devem ser armados e
apoiados financeiramente.
O
Estado Islâmico (EI) surgiu no início de 2013, enquanto já ele era conhecido,
sob o nome Estado Islâmico no Iraque e era comandado por Abu Bakr Al-Baghdadi.
Desde o início da crise ele entrou em ação praticando muitos crimes. Quem
formou o grupo Frente Al-Nosra na Síria sob comando de Abu Mohammed Al Jolani
foi o Abu Bakr al-Bagdadi. Em abril de 2013, Bagdadi anunciou que o Estado
Islâmico do Iraque e a Frente Al-Nosra, um grupo jihadista presente na Síria,
se fundiram para se converter no Estado Islâmico do Iraque e Levante, mas a
Al-Nosra negou-se a aderir a este movimento e os dois grupos começaram a agir
separadamente até o início de janeiro de 2014.Tudo isso aprova que EI antes da
sua formação no Iraque agia e lutava na Síria com o apoio dos EUA e os seus
aliados. Agora a Frente Al-Nosra é um dos principais grupos armados contra
Governo Sírio que também tem o suporte externo.
Sra.
Hillary Clinton, o ex Secretária do Estado norte americano, nas suas memórias
sob o título “Escolhas Difíceis” escreve:” numa reunião com os parceiros
estratégicos dos EUA e o países do Golfo Pérsico em Riade discutimos sobre a
oposição Síria. Eu lá disse enquanto se fala de assistência, é na verdade sobre
uma extensa ajuda que cada um pode prestar”. Ela falou em vários capitulos do
seu livro sobre a ação americana em armação a oposição Síria que na sua
visão eram bom terroristas.
Diferenciar
os grupos armados na Síria é hipocrisia e enganar a opinião pública. Não
existem diferenças em termos de sua fonte de alimentação financeira e
intelectual, entre grupos como o Exército Livre da Síria, Frente Islâmica ou
Ahrar Al-Islam. Assassinato e terror são as semelhanças entre todos estes
grupos terroristas. Todos eles na sua essência procuram estabelecer o seu
califado islâmico.
O
Estado Islâmico(EI) não é uma criatura estranha que tenha surgido de repente. Um
grande número de membros do EI são estrangeiros que entraram na Síria com
assistência externa e através dos países da região ou das fronteiras de países
vizinhos. Mesmo assim a maior parte dos rebeldes são sírios que lutam com o
apoio externo e o seu objetivo é derrubar o regime Sírio.
Os
EUA e seus aliados na OTAN anunciaram que na luta contra o terrorismo, o
primeiro passo é barrar o envio de armas e recursos ao EI. Enquanto que
na sua maioria, os que forneceram armamentos ou foram meios de envio dos
recursos para os rebeldes, são aliados dos EUA hoje estão presentes na coalizão
anti-EI.
Não
existe a luta armada boa ou má. A luta armada contra um governo legitimo é
terrorismo e apoia-la é ser cúmplice dessas ações terroristas.
Em
conformidade com o direito internacional e da Carta das Nações Unidas em
particular, é proibida a intervenção nos assuntos internos dos países. Enquanto
os Estados Unidos e os aliados não só apoiaram à oposição politica na Síria,
mas claramente tinham suportados os rebeldes armados e o fluxo do
terrorismo. Este ato não só viola as regras internacionais, mas é participação
nos crimes contra humanidade que ocorrem na Síria e no Iraque.
A
República Islâmica do Irã desde o início da crise na Síria, ajudou o governo e
o povo Sírio na luta contra os grupos terroristas. Desde o início, nós
advertimos que esta guerra é um confronto entre o governo e os grupos
terroristas Sírios e que não existe uma saudavel oposição política.
Infelizmente, países que hoje se formaram coalizão anti-EI, sempre protegeram
estes grupos terroristas, cometeram erros no passado, e hoje com alguns
pretextos procuram lutar aparentemente com a origem de um problema que eram
cúmplice e compartilharam na sua criação.
A
luta contra o terrorismo deve ser baseada em uma agenda clara, lógica e
realista e em coordenação com as Nações Unidas. A Coalizão na ação
anti-terrorista deve colaborar com os países onde estão contaminados com os
grupos terroristas e o EI. Caso contrário, considera-se uma invasão,
consequentemente sem efeito, agravando ainda mais a crise.
A
República Islâmica do Irã também devido à ambigüidade e pontos de interrogação
na formação e conteúdo da luta contra o terrorismo que é considerado ilógico e
não-realista, não se envolveu nas atividades. Ao mesmo tempo, a República
Islâmica do Irã, não hesita nos esforços que possam ajudar os países que estão
lutando contra terroristas, em particular, com Estado Islâmica(EI).
*Mehdi
Agha Mohammad Zanjani é adido cultural da embaixada do Irã no Brasil
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