Rita
Tavares – jornal i
Apoiantes
de Seguro sublinham que "partido está profundamente dividido".
Costistas reclamam vitória
A
maioria das federações do PS (10 em 19) está, desde sábado, do lado de António
Costa, com o candidato às primárias a conseguir virar o cenário que até aqui
pendia a favor de António José Seguro, que tinha apoiantes seus nos presidentes
de várias federações. Mas a vitória de Costa esteve longe do K.O., naquele que
é tido como o primeiro round das primárias para o candidato do PS a
primeiro-ministro.
A
batalha tem uma representação reduzida naquele que é o universo eleitoral
previsto - descontando eventuais abstenções - para as primárias de 28 de
Setembro (ver texto ao lado), ainda assim deixa claro o estado do PS pelo país
a 20 dias da grande guerra: completamente dividido. Do total de 19 federações
distritais, António Costa viu apoiantes seus conquistarem 10 presidências de
federação e os de António José Seguro a liderarem nove. Mas os números de votos
divulgados pelo PS, ontem ao fim da tarde, davam conta que a frente-Seguro
teve, no final das contas, mais cerca de 1200 votos que a frente-Costa.
Mas
entre os apoiantes do autarca de Lisboa, o resultado de Seguro é visto como uma
"derrota óbvia". Ontem à tarde, na sua página no facebook, Duarte
Cordeiro acusava mesmo Seguro de estar a tentar "disfarçar" esta
derrota: "Foi ele que marcou as eleições das Federações para esta semana
porque achava que ia conservar o apoio da maioria dos presidentes de Federação.
PERDEU nos seus termos." Já do lado de Seguro, Eurico Brilhante Dias fez a
sua síntese do resultado nas federações, em declarações ao i: "É
evidente que a base eleitoral para as primárias dentro do partido está
profundamente dividida."
À
vantagem que teve em número absoluto de votos, a candidatura de António José
Seguro aponta ainda a magra vantagem de Costa em federações como Braga (onde
foram cerca de 500 os votos que separaram os dois candidatos, um apoiante de
Costa e outro de Seguro) ou Leiria (onde José Miguel Medeiros derrotou António
Sales por apenas sete votos). E foi precisamente aqui que Seguro virou uma
contagem a seu favor: nestas eleições, os militantes do PS elegeram também os
delegados ao congresso federativo e aí foram 10 federações onde venceram listas
afectas a Seguro e nove a Costa. O curtíssimo diferencial em Leiria
desequilibrou para outro lado, neste ponto.
AFINAL De
parte-a-parte reclama-se vitória, até porque o combate maior ainda está para
vir. Na noite de sábado e na manhã de ontem, as informações prestadas por ambas
as candidaturas já afinavam argumentos. O mais curioso prende-se com a leitura
global dos resultados, com ambos os lados a entrarem em ruptura com o que
defenderam mais recentemente. Se Costa desvalorizou sempre a vantagem de Seguro
na batalha distrital, depois da maioria das federações conquistadas, fonte da
sua candidatura dizia: "Devemos lembrar que sempre enfatizámos a autonomia
das federações e recusámos extrapolações [para as primárias], mas a fazer-se, então...".
Já o lado afecto a António José Seguro sempre reclamou - desde que o desafio à
liderança foi colocado - ter consigo o partido, acenando com os presidentes de
federação que contava entre as suas espingardas - começaram até por ser decisivos
para evitar a convocação de um congresso extraordinário, antes ainda de a
Comissão Nacional de Jurisdição ter vindo declarar a sua impossibilidade. Mas
ontem, no rescaldo das eleições, Eurico Brilhante Dias sublinhava ao i que
"nas primárias os presidentes de federação têm um voto como os
outros".
Mas
Duarte Cordeiro avisa que "António José Seguro já não pode dizer que tem a
maioria dos dirigentes do partido com ele", elencando: "A maioria dos
presidentes de Federação apoia António Costa. A maioria dos presidentes de
Concelhia apoia António Costa. A maioria dos presidentes de câmara apoia
António Costa. A maioria dos deputados apoia António Costa." Mas a maioria
que pode vir a decidir o resultado do dia 28 não está dentro do partido: os
mais de 55 mil (até agora) simpatizantes incritos nas primárias para eleger o
candidato do PS a primeiro-ministro.
Foto: Rodrigo
Cabrita
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