Folha
8, 20 setembro 2014
O
Presidente José Eduardo dos Santos, seja como chefe do Governo, ou presidente
do MPLA e da República, continua a valorizar o acessório e a chutar para canto
o essencial. Mais uma vez, para resolver os problemas de Luanda, aposta em não
ir às questões estruturais – comuns a todas as suas estratégias governativas –
ficando-se pela substituição de pessoas, qual delas a pior. O busílis está no
tipo de governação, mas ele entende que por ser dono da verdade tem o direito
de impor a sua visão, quase sempre distorcida.
José
Eduardo dos Santos exonerou o governador provincial de Luanda, Bento Francisco
Bento, e mais dois dos três vice-governadores da capital. Em linguagem
popular, mudou as moscas mas deixou a boiar a matéria putrefacta que as alimenta.
Que as coisas na capital não estão bem, todos sabem. Mas não estão há muitos,
muitos anos. Remendando aqui, esburacando ali, Luanda precisa sobretudo de uma
governação competente e não, como acontece, de uma gestão casuística que
potencia interesses individuais e marginaliza o colectivo.
E
para substituir um político empolgante na estratégia do MPLA em Angola,
nomeou um introvertido homem, que já havia dado mostras de pouco, também,
saber fazer, quanto a gestão administrativa de uma grande cidade, como
Luanda: Graciano Francisco Domingos. Recorde-se
que o novo governador, retorna ao cadeirão que havia ocupado, interinamente,
há três anos, tendo saído por inadaptação ao cargo, Segundo as motivações que levaram
a sua exoneração. No entanto, ele repete-se nos objectivos, que álias são
sempre os mesmos, dando a sensação de haver já uma disquete, para cada novo
governador. Oiçamos: “As áreas prioritárias da nossa atuação, conforme a atual
política em curso, serão a saúde pública, o saneamento básico, a recolha de
lixo, além da mobilidade, face ao caos diário vivido no trânsito automóvel em
Luanda”. Santa misericórdia, esta visao está ao alcance de qualquer garoto da
4.ª classe…, mas enfim, são os governantes que temos. De programa e projecto em concreto Graciano ,
não tem nada, tanto assim é, que para demonstrar a sua eventual “incompetência-competente”,
na mesma altura, o chefe Eduardo decidiu-se pela repetição, quantas vezes já o
fez, nem os seus assessores, se dão conta e têm o cuidado de rebuscar
decretos anteriores, sobre quantas Comissões de Reestruturação de Luanda foram
criadas e, caricatamente, com
o mesmo objectivo.
“Necessidade
urgente da desconcentração administrativa e da adopção de um modelo de administração
local diferenciado para esta província, pelo facto de albergar a capital e se
tratar da mais povoada, mais urbanizada e mais estruturada do país”.
E
não parando na justificativa a Casa Civil do Presidente, realça que o modelo
de desenvolvimento do espaço urbano da província de Luanda “assenta em novos
entes territoriais e em diferentes modelos de gestão”, exigindo-se “a
prestação de um serviço público mais eficiente às populações e a criação das
melhores soluções para a futura administração autárquica”.
Óh
santo, Dos Santos então só agora? Esperemos que amanhã não venha a ladainha do
facto de bifurcarem cidade e zona metropolitana, para que, tal como agora, num
prazo de 90 dias se apresente um relatório final. E o apresentado pelo Carlos
Feijó ou ainda o do Higino Carneiro, foram parar ao tambor do lixo? É que
eles também já estiveram na liderança de comissões de reestruturação.
Sem comentários:
Enviar um comentário