Hong
Kong, China, 26 set (Lusa) -- Cerca de mil estudantes de escolas secundárias de
Hong Kong, muitos envergando os uniformes e desafiando os pais, juntaram-se ao
protesto pró-democracia hoje contra a recusa de Pequim em garantir pleno
sufrágio universal.
Os
jovens rumaram ao complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do
Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias da
Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong --, engrossando o protesto
dos estudantes universitários, que partiu de um boicote de uma semana às aulas,
iniciado na passada segunda-feira.
Grupos
de estudantes lideram uma campanha de desobediência civil ao lado de ativistas
pró-democracia em protesto contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de
agosto, a qual prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio
universal em 2017, mas somente depois da seleção prévia por uma comité de
nomeação de dois ou três candidatos.
No
lançamento da ação de boicote, na segunda-feira, os organizadores dizem ter
atraído 13 mil estudantes ao 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong, numa
ação que veio imprimir um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga
colónia britânica.
Na
noite de quinta-feira, ao quarto dia do boicote, cerca de 2.000 pessoas levaram
o protesto para a residência do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying,
a qual 'cercaram' na esperança de poder dialogar diretamente com ele. Segundo
os dirigentes estudantis, foram 4.000. Até ao momento, Leung Chun-ying recusou
falar com os estudantes ou encontrar-se com os seus representantes que tinham
lançado dois dias antes uma espécie de ultimato, ameaçando com uma escalada das
ações de protesto, caso o diálogo não tivesse lugar num prazo de 48 horas.
Os
protestos prosseguiam esta manhã, com cerca de 900 alunos de escolas
secundárias a reunirem-se no exterior do complexo, gritando: "Nós queremos
eleições reais, não falsas".
O
início da agitação estudantil surgiu uma semana depois de mais de 1.500
ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes
faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.
Esse
figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional
Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de
reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição
e que apenas dois ou três serão então selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.A China tinha prometido à
população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio
eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de
escolher o seu líder em 2017.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e
prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito
financeiro de Hong Kong.
A
reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de
Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados,
sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso
pelo veto.
DM - Lusa
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