sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Estudantes do ensino secundário juntam-se a protestos pela democracia em Hong Kong




Hong Kong, China, 26 set (Lusa) -- Cerca de mil estudantes de escolas secundárias de Hong Kong, muitos envergando os uniformes e desafiando os pais, juntaram-se ao protesto pró-democracia hoje contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

Os jovens rumaram ao complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias da Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong --, engrossando o protesto dos estudantes universitários, que partiu de um boicote de uma semana às aulas, iniciado na passada segunda-feira.

Grupos de estudantes lideram uma campanha de desobediência civil ao lado de ativistas pró-democracia em protesto contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de agosto, a qual prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio universal em 2017, mas somente depois da seleção prévia por uma comité de nomeação de dois ou três candidatos.

No lançamento da ação de boicote, na segunda-feira, os organizadores dizem ter atraído 13 mil estudantes ao 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong, numa ação que veio imprimir um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga colónia britânica.

Na noite de quinta-feira, ao quarto dia do boicote, cerca de 2.000 pessoas levaram o protesto para a residência do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, a qual 'cercaram' na esperança de poder dialogar diretamente com ele. Segundo os dirigentes estudantis, foram 4.000. Até ao momento, Leung Chun-ying recusou falar com os estudantes ou encontrar-se com os seus representantes que tinham lançado dois dias antes uma espécie de ultimato, ameaçando com uma escalada das ações de protesto, caso o diálogo não tivesse lugar num prazo de 48 horas.

Os protestos prosseguiam esta manhã, com cerca de 900 alunos de escolas secundárias a reunirem-se no exterior do complexo, gritando: "Nós queremos eleições reais, não falsas".

O início da agitação estudantil surgiu uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Esse figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

A reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

DM - Lusa

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