A
implementação da independência da Escócia vai demorar mais do que os 18 meses
que o Partido Nacionalista Escocês determinou caso o "sim" vença no
referendo de quinta-feira, afirmou o professor de direito Jo Murkens.
"Mesmo
que corra bem e sejam pragmáticos, deve demorar pelo menos dois ou três anos.
Mas ninguém sabe o que vai acontecer", disse à agência Lusa o académico da
universidade London School of Economics (LSE) que participou na escrita, ainda
em 2002, de um "Guia Prático" para a independência escocesa.
O
Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla inglesa) projetou para 24 de março de
2016 o dia da independência num documento em que delineou o roteiro para a
autonomia total e separação do resto do Reino Unido.
Mas,
segundo Murkens, "há muitas coisas a discutir, desde a defesa nacional --
em que a União Europeia e os EUA [enquanto proprietários dos mísseis nucleares]
terão uma palavra a dizer - à moeda, a questões como o financiamento das
universidades, a [televisão pública] BBC ou o serviço nacional de saúde".
O
especialista referiu a questão dos submarinos nucleares britânicos, que o SNP
pretende desalojar da base naval de Faslane, na costa leste da Escócia, como um
exemplo das complicações que podem surgir durante as negociações com o Governo
britânico.
"O
problema é que não existe mais nenhum lugar no Reino Unido para onde os levar.
Construir uma nova base custará milhares de milhões de libras",
estimou.
O
académico da LSE referiu que grande parte da incerteza sobre a transição surge
do próprio formato que os nacionalistas escoceses escolheram para a
independência do país.
"Representa
alguma mudança, mas não total. Querem controlar a política fiscal, mas ao mesmo
tempo querem manter o serviço nacional de saúde, a rainha e a libra. O que eles
querem não é uma secessão, mas algo com um grau de continuidade", vincou.
As
contradições continuam, disse Murkens à Lusa, sobre a relação com a União
Europeia, à qual a Escócia independente pretende aderir tão rápido quanto
possível.
"É
interessante", indicou, "porque ao mesmo tempo recusa aderir ao euro
[moeda única] ou ao acordo de Schengen [que permite aos cidadãos europeus
passarem fronteiras europeias sem controlo dos documentos de
identificação]".
Ao
todo, quase 4,3 milhões de residentes no país com idade a partir dos 16 anos
estão registados para responder "sim" ou "não" na
quinta-feira à pergunta: "Deve a Escócia ser um país independente?".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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