Medidas
arrojadas, que passam pela detenção e condenação a penas pesadas dos caçadores
furtivos, devem ser tomadas urgentemente por forma a evitar a extinção do
rinoceronte e do elefante nas reservas nacionais, bem como assegurar a
conservação da biodiversidade.
Esta
posição foi defendida ontem, em Maputo, pelo administrador do Parque Nacional
do Limpopo, António Abacar, e por Carlos Pereira, investigador da World
Conservation Society, no seminário sobre a caça furtiva em Moçambique,
organizado pela Procuradoria -Geral da República. O primeiro falava sobre a
situação do rinoceronte e o segundo sobre o elefante, duas espécies de animais
que têm estado na mira da rede internacional de caçadores furtivos, daí que a
lei recentemente aprovada refere que a medida com pena máxima de 12 anos aos
infractores deve ser aplicada, pois não só constitui ameaça à biodiversidade,
mas também à segurança internacional.
Dados
tornados públicos ontem indicam que na década de 70, o país contava com uma
população de elefantes estimada em 50 mil animais, números que nos últimos
tempos baixaram para 16.700 elefantes. No que diz respeito ao rinoceronte, o
país conta actualmente com cerca de 19 mil animais, na sua maioria concentrados
nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Tete e um pouco na zona sul. Em tempos,
Moçambique já teve o dobro dos rinocerontes que tem agora mas, devido às acções
dos caçadores furtivos, muitos vão sendo dizimados.
O
abate indiscriminado do rinoceronte e do elefante não só atinge as reservas
nacionais, uma vez que os furtivos estendem as suas acções para a vizinha
África do Sul, mais concretamente no Kruger Park. Só em 2008, foram apanhados
pela guarda-fiscal daquele país um total de 280 moçambicanos. Em 2013, foram
abatidos pelos caçadores furtivos moçambicanos um total de 461 rinocerontes,
288 dos quais no Kruger Park. Aliás, segundo o administrador do Parque Nacional
do Limpopo, António Abacar, 75 por cento da caça furtiva que se verifica no
Kruger Park tem nos seus executores os caçadores furtivos moçambicanos.
“A
caça furtiva é uma realidade e as suas causas e manifestações desafiam o
Ministério Público a tomar medidas contundentes com vista a sua eliminação. Os
nossos fiscais têm sofrido constantes ameaças de morte, muitas vezes por meio
de mensagens anónimas. O ano passado perdemos um colega que foi morto pelos
furtivos que queriam arrombar o cofre onde estavam depositadas armas e outras
peças de animais apreendidas. Ao todo já morreram sete colegas vítimas dos
furtivos” - lamentou António Abacar.
Por
seu turno, o investigador Carlos Pereira, da World Conservation Society,
alertou para o facto de nos próximos 30 anos, caso não haja uma intervenção
contundente, o elefante vir a ser dado como extinto.
“Temos
que agir rápido e decididamente. Infelizmente, o nosso país faz parte do grupo
dos nove que ainda não conseguiram combater a caça furtiva”, disse Carlos
Pereira, sublinhando que os criminosos ganham entre oito a dez milhões de
dólares pelo tráfico dos animais, onde por cada participação no abate um furtivo
ganha sete por cento do valor e o restante fica para os mandantes” - disse
Pereira.
Entretanto,
a Procuradora Geral da República, Biatriz Buchili, destacou a urgência de se
formarem agentes da Polícia e magistrados para trabalharem na protecção da caça
furtiva. Segundo ela, é preciso que se tomarem medidas excepcionais para
combater a caça furtiva, isto desde os mandantes, passando pelos operativos e o
mercado para onde é encaminhado o produto.
O
evento, que termina hoje, conta com a presença de magistrados do Ministério
Público e judiciais, administradores dos distritos de Massingir, Magude,
Matutuíne, Chicualacuala, Mágoè e Mavago, de comandantes dos principais
distritos assolados pela caça furtiva, dos administradores de seis reservas
nacionais, sociedade civil, entre outros.
Notícias
(mz)
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